Tese é aprovada com louvor do PPGE/Cedu/Ufal


13/11/2021 12h06 - Atualizado em 22/06/2023 às 17h51
Foto: Brasil de Fato (11/11/2021)

Foto: Brasil de Fato (11/11/2021)

Na última quinta-feira (11/novembro), a tese “As africanidades no Repente: proposições epistemológicas”, de autoria de José Nogueira da Silva e sob orientação da Profa. Adriana Cavalcanti dos Santos, foi defendida e aprovada com louvor na Universidade Federal de Alagoas. A banca, que ocorreu de forma remota, foi composta pelos/as professores/as Henrique Antunes Cunha Júnior (UFC), Reginaldo Ferreira Domingos (UFCA), Lígia dos Santos Ferreira (UFAL), Yana Liss Soares Gomes (UFAL).

Dos momentos de destaque entre a apresentação do autor e as considerações da banca examinadora, chamou atenção dos presentes a frase do Prof. Dr. Henrique Antunes Cunha Júnior, que se referiu à tese, segundo ele, a pesquisa “Renovou o que a gente podia pensar sobre o repente e o repente não é mais o mesmo depois da sua existência”.

 O trabalho do integrante do Gellite versou sobre as africanidades presentes na Cantoria de Repente, algo feito a partir de uma análise documental dos escritos deixados pelos folcloristas Câmara Cascudo, Rodrigues de Carvalho e Leonardod Mota, estudo que possibilitou a identificação de um processo de embranquecimento da arte em seus estudos folclóricos no início do século XX, configurando um processo de racismo epistemológico.

Segundo o autor da tese, “O lugar de fala no mundo das pesquisas possibilita entendimentos mais qualificados da nossa realidade. Sei que não é todo dia que um repentista defende uma tese, inclusive, a história do repente sempre foi um assunto nebuloso para todos, pesquisadores, folcloristas repentistas, algo raramente discutido. Uma tradição precisa conhecer sua história, para isso, defendo que o repente possui fortes afrodescendências e faz parte da história da literatura brasileira e deve ser trabalhado nas escolas como tal, com base na Lei 10.639/03".

Ao falar/discorrer acerca da pesquisa com o pesquisador, o Prof. Henrique Cunha também enfatiza o aspecto pioneiro da pesquisa: “Você historiciza uma série de coisas que não estavam historicizadas, você questiona uma série de coisas que não estavam questionadas, eu dei um procurada na literatura e ninguém faz as proposições que você faz em seu trabalho”.

Coincidentemente, a tese foi defendida no dia em que o Repente foi reconhecido como patrimônio imaterial brasileiro, título concedido pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), dois acontecimentos que contribuirão para conhecermos melhor a história da nossa literatura.