Mary Lourdes Scofield Osório

Título da dissertação: WEBRADIO: UM EXPEDIENTE COGNITIVO PARA A DIVULGAÇÃO DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA

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                    UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA

WEBRADIO:
UM EXPEDIENTE COGNITIVO PARA A DIVULGAÇÃO DA
PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Mary Lourdes Scofield Osório

Maceió-AL
2010

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Mary Lourdes Scofield Osório

WEBRADIO:
UM EXPEDIENTE COGNITIVO PARA A DIVULGAÇÃO DA
PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Maceió-AL
2010

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MARY LOURDES SCOFIELD OSÓRIO

WEBRADIO:
UM EXPEDIENTE COGNITIVO PARA A DIVULGAÇÃO DA
PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Educação
Brasileira, da Universidade Federal de
Alagoas, como requisito para obtenção do
título de Mestre em Educação Brasileira,
orientada pela Profª. Draª. Anamelea de
Campos Pinto.

Maceió-AL
2010

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5

Vozinha, dediquei à senhora todos os trabalhos que
realizei até hoje. Dedico mais este, por ter me ensinado
que o bom da vida está no prazer de ler, estudar e viajar...
viajar... viajar...
Esta dissertação é para você também, pai, pois foi você
que me ensinou a não ter medo de nada. Você me
mostrou os primeiros passos da eletrônica e proporcionou
o meu primeiro choque realmente elétrico. Com você, fiz o
meu primeiro Rádio de Galeno.
Dinha Leila, minha prima, irmã, madrinha, amiga do peito,
você tem parte nisto aqui. Passou sua vida me dando
carinho, me incentivando, me ajudando a crescer.
(In memorian)
A você, Rosana Alves, a irmã que eu escolhi, a amiga do
coração, dedico estes meus 12 anos de Maceió. Pois
aqui, nesta dissertação, coloco nas linhas e nas
entrelinhas uma síntese da minha vida e você fez, faz e
fará sempre parte dela.

6

AGRADECIMENTOS

A melhor maneira que o homem dispõe para se aperfeiçoar é
aproximar-se de Deus. (PITÁGORAS, aproximadamente, sec.
VI a.C).

À minha orientadora, Profa. Dra. Anamelea de Campos Pinto, agradeço por acreditar
em minha capacidade e força para ir em busca dos meus sonhos.
Prof. Dr. Luis Paulo L. Mercado, quero agradecer a dedicação e a paciência em sala
de aula, nos corredores, nos eventos e em minha qualificação.
Obrigada Prof. Dr. Jenner B. Bastos Filho, por ter me acolhido como sua aluna
ouvinte, na disciplina Filosofia da Ciência e me mostrado, com todas as letras, a
beleza do critério da refutabilidade.
À Profa. Dra. Olga Tavares agradeço os insights, em poucos e proveitos contatos,
no I Encontro Norte-Nordeste de Jornalismo Científico e por e-mail.
Obrigada mãe, obrigada Tizinho, obrigada Nina, Viviane e Amini, obrigada minha
dinda Pureza, pessoas fundamentais na minha busca por uma vida melhor.
Newton, meu querido, a você eu agradeço os exemplos, de amor, paciência e
carinho.
Obrigada Sandra, por ter me possibilitado aprender um pouco sobre a grandeza do
perdão.
Agradeço, de coração, aos amigos especiais: Rosângela Quadrado, Jasete Pereira,
Ibsen Bittencourt, Fernando Pimentel, Cleber Nauber, Maria Áurea Souto, Vera
Rocha, Rafael Barros, Eraldo Ferraz e Jacqueline Felix.
Aos Profs. Magnólia dos Santos, Cleide Jane de Sá, Abdízia Barros, Maria das
Graças Tavares, Deise Francisco, Maria Antonieta Albuquerque, Maria Auxiliadora
Cavalcante e Telma Vitória, agradeço as informações e orientações, repassadas em
forma de presente, nas boas e deliciosas conversas, em salas de aula, corredores e
praças da UFAL.
Agradeço ainda, a Andrea, Isabella, a Risélia, Mylena, Gilmar, Marcela, Marília,
Lelaeula, funcionários e/ou bolsistas do CEDU e da CIED, pela paciência e carinho
com que me trataram durante estes dois anos.
Agradeço aos meus alunos e ex-alunos, que de certa forma, me incentivaram a
melhorar, cada vez mais, o meu fazer pedagógico.

7

RESUMO

O estudo analisa as implicações do rádio integrado à internet (webrádio), como um
expediente cognitivo para a divulgação da produção científica na construção do
conhecimento e sua apropriação. Foram mapeadas as webrádios universitárias, hoje
existentes no país, identificados os conceitos e as técnicas a elas relacionados,
contextualizados o ciberespaço e as gerações da web, verificando a aplicabilidade
nos processos de ensino/aprendizagem, principalmente na modalidade a distância.
Foram levantados dados para a elaboração de proposições que possam nortear a
implantação de outras rádios universitárias, voltadas para a divulgação científica. A
metodologia de pesquisa adotada foi qualitativa, tendo como procedimento
metodológico o estudo de dois casos, um associado à Universidade Federal da
Paraíba e outro a Universidade Federal de Alagoas. Uma experiência piloto para
analisar e comparar a receptividade, os percalços de implementação,
operacionalização e usabilidade na implantação da mídia em estudo, motivou o prélançamento da Webrádio UFAL no IV Encontro de Pesquisa em Educação em
Alagoas, IV EPEAL. Os resultados obtidos geraram as proposições apresentadas
para a implementação de outras webrádios universitárias que tenham o mesmo
pensamento editorial e os objetivos de incrementar o processo de
ensino/aprendizagem e promover a divulgação científica de suas instituições.

Palavras-chave: Divulgação científica, interação, webrádio.

8

ABSTRAT

It examines the implications of integrated Internet radio (webradio) as a cognitive
device for the dissemination of scientific knowledge construction and
ownership. Were mapped webradios the university in the country today, identified the
concepts and techniques related to them, in context of cyberspace and the
generations of the Web, checking the applicability in the teaching and learning,
especially in the distance mode. The data were collected for the preparation of
proposals that can guide the deployment of other college radio stations, aimed at the
popularization of science. The research methodology adopted was qualitative, with
the methodological approach the study of two cases, one associated with the Federal
University of Paraíba and other Federal University of Alagoas. A pilot project to
analyze and compare the responsiveness, the struggles of implementation,
operational deployment and usability of the media under study, motivated the prerelease of Webradio UFAL the Fourth Meeting of Research in Education, Alagoas,
EPEAL IV. The results led to the proposals presented for the implementation of other
webradios universities that have the same thought and editorial goals of enhancing
the teaching and learning and promote the dissemination of scientific institutions.

Keywords: science communication, interaction, webradio

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABC - Academia Brasileira de Ciência
ANDIFES - Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino
Superior
BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIRD – Banco Mundial
C&T - Ciência e Tecnologia
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CESUMAR - Centro Universitário de Maringá
CGI - Comitê Gestor da Internet no Brasil
CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CONFAP - Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa
DWDM - Dense Wavelength Division Multiplexing
EAD - Educação a Distância
EPEAL - Encontro de Pesquisa em Educação em Alagoas
FFC - Faculdade de Filosofia de Campos
FAP - Fundação de Amparo a Pesquisa
FAPERJ - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
FAPERS - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
FAPESP - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo
FAPESPA - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará
GEDIC - Grupo de Estudos de Divulgação Científica
GEMA - Programa de Gestão de Mídias Audiovisuais para o Digital
GPS - Sistema de Posicionamento Global
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
ISI - Institute for Scientific Information
ISO - International Organization for Standardization
LMS - Learning Management System

10

LNLS - Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
MCT - Ministério de Ciência e Tecnologia
MEB - Movimento de Educação de Base
MEC - Ministério da Educação
MOODLE - Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment
NASDAQ - National Association of Security Dealers Automated Quotation
NTI – Núcleo de Tecnologia da Informação
PADCT - Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
PDA - Personal digital assistant
PIBIC - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
PDH - Plesiochronous Digital Hierarch
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio
PPGE – Programa de Pós-Graduação em Educação
PROBEX – Programa de Bolsa de Extensão
RITLA - Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana
RNP - Rede Nacional de Pesquisa
RSS - Rich Site Sumary ou Really Simple Syndication
SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
SCiELO - Scientific Electronic Library Online
SDH - Synchronous Digital Hierarchy
SECT - Sistemas Estaduais de Ciência e Tecnologia
SEED - Secretaria de Educação a Distância
SL - Second Life
SLOODE - Simulation Linked Object Oriented Dynamic Learning Environment
TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação
UAB - Universidade Aberta do Brasil
UCPEL - Universidade Católica de Pelotas
UDESC - Fundação Universidade do Estado de Santa Catarina
UEL - Universidade Estadual de Londrina
UEM - Universidade Estadual de Maringá
UEPB - Universidade Estadual da Paraíba
UFC - Universidade Federal do Ceará
UFG - Universidade Federal de Goiás

11

UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora
UFLA - Universidade Federal de Lavras
UFMA - Universidade Federal do Maranhão
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerias
UFPA - Universidade Federal do Pará
UFPB - Universidade Federal da Paraíba
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
UFPEL - Universidade Federal de Pelotas
UFPR - Universidade Federal do Paraná
UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFV – Universidade Federal de Viçosa
UNB - Universidade de Brasília
UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
UMESP - Universidade Metodista de São Paulo
UNAMA - Universidade da Amazônia
UNIARA - Centro Universitário de Araraquara
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
UNICENTRO - Universidade Estadual do Centro-Oeste
UNIDAVI - Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí
UNIDERP - Universidade Anhanguera
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
UNIFEI - Universidade Federal de Itajubá
UNIFEV - Centro Universitário de Votuporanga
UNIFRAN - Universidade de Franca
UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná
UNISINOS - Universidade do Vale dos Sinos
UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí
UNIVATES - Universidade do Vale do Taquari
UNOESC - Universidade do Oeste de Santa Catarina
USC - Universidade do Sagrado Coração
USP - Universidade de São Paulo

12

URL - Uniform Resource Locator
UVA - Universidade Veiga de Almeida
UVV - Centro Universitário Vila Velha

13

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa atual do backbone RPN.............................................................. 34
Figura 2 - Matéria publicada em 27 de abril de 2009 (grande mídia)................... 51
Figura 3 - Matéria publicada em 05/05/2009 em Boletim de uma FAP da
região sudeste...................................................................................... 52
Figura 4 - Fotografia feita em microscópio especial mostra o Nanopoema
Brasileiro............................................................................................... 53
Figura 5 - Página da Webrádio Intercampus......................................................... 87
Figura 6 - Organograma da Intercampus.............................................................. 91
Figura 7 - Como são disponibilizadas as enquetes na página da Webrádio
Intercampus.......................................................................................... 93
Figura 8 - Cabeçalho do site do IV EPEAL........................................................... 98
Figura 9 - Cabeçalho do blog Educação Online................................................... 100
Figura 10 - Cabeçalho do blog Aprendiz Online................................................... 100

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Percentual das pessoas com 10 anos ou mais de idade, nas
diversas Unidades da Federação que utilizaram a Internet, no
período de referência dos últimos 3 meses, dos anos de 2005
e 2008.................................................................................................. 36
Gráfico 2 - Quantidade de Webbrádios no Brasil...............................................

67

Gráfico 3 - Acesso ao Portal da UFPB.................................................................. 89
Gráfico 4 - Opinião sobre os veículos de comunicação da UFPB,
direcionados ao público acadêmico................................................... 89
Gráfico 5 - Preferência musical.............................................................................. 90
Gráfico 6 - Percentual de alunos que ouviriam a Intercampus.............................. 90

15

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Características das emissoras de rádio............................................... 25
Quadro 2 - Relação das FAP mais antigas............................................................ 42
Quadro 3 - Relação das FAP do Nordeste............................................................ 43
Quadro 4 - Produção brasileira de artigos publicados de 1998 a 2008............... 45
Quadro 5 - Web 2.0 e suas aplicações mais representativas............................... 56
Quadro 6 - EAD 1.0, 2.0 e 3.0 .............................................................................. 59
Quadro 7 - Internetês X Escrita formal.................................................................. 62
Quadro 8 - Principais termos utilizados pelo padrão de Normas ISO .................. 71
Quadro 9 - Rádios universitárias com programação disponibilizada na
Internet - Instituições Federais........................................................... 79
Quadro 10 - Rádios universitárias com programação disponibilizada na
Internet -Instituições Privadas............................................................ 81
Quadro 11 - Rádios universitárias com programação disponibilizada na
Internet - Instituições Estaduais......................................................... 83
Quadro 12 - Número de entrevistados X Área de atuação...............................

86

Quadro 13 - Principais problemas e soluções de implantação e usabilidade..

96

Quadro 14 - Principais itens a serem observados para montagem de uma
Webrádio universitária........................................................................106
Quadro 15 - Recursos humanos necessários para operacionalização de
uma webrádio.....................................................................................107

16

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 17
1. O RÁDIO E A EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL .......................................... 20
1.1 Um breve histórico .......................................................................................... 20
1.2 Educação e comunicação no contexto midiático ............................................ 26
1.3 Ciência objetiva e formação subjetiva: novas capacidades mentais e
comunicacionais .................................................................................................... 31
1.4 Políticas de incentivo à pesquisa e o processo da comunicação: um caminho
para o crescimento sócio-cultural e científico da nação ........................................ 36
2. A RADIOFONIA E SEUS NOVOS FORMATOS ................................................... 54
2.1 A Web e suas gerações .................................................................................. 54
2.2 A linguagem radiofônica e o internetês ........................................................... 60
2.3 Possibilidades de uso da webrádio ................................................................. 63
2.4 A implementação de webrádios universitárias ................................................ 70
3. ABORDAGEM METODOLÓGICA........................................................................ 75
3.1 Universo da pesquisa..................................................................................... 76
3.2 Relação das rádios universitárias disponibilizadas na internet...................79
3.3 A escolha da webrádio..................................................................................... 84
4. WEBRÁDIOS UNIVERSITÁRIAS: uma análise dos casos UFPB e UFAL. ... 87
4.1 Webrádio Intercampus UFPB, um modelo no processo de implementação ... 87
4.2 O IV EPEAL - Encontro de Pesquisa em Educação em Alagoas e o
lançamento da Webrádio UFAL ............................................................................. 98
4.3 Ciência em sintonia e a montagem de webrádios ......................................... 105
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 108
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 110
ANEXOS...................................................................................................................121

17

INTRODUÇÃO
Há mais de um século, o rádio faz história informando e divertindo
independente da localidade e dos aspectos regionalizados. Trata-se de um meio de
comunicação que utiliza emissões de ondas eletromagnéticas para transmitir
mensagens sonoras a distância a um grande número de pessoas. Sua tecnologia é
a mesma da radiotelefonia - transmissão de voz sem fios - e passou a ser utilizada,
na forma que se convencionou chamar de rádio, a partir de 1916, quando David
Sarnoff, um russo radicado nos Estados Unidos, previu a possibilidade de cada
indivíduo possuir um aparelho em casa.
No Brasil, dois momentos marcaram o desenvolvimento do rádio. O primeiro
data de 1920 ao início de 1959, quando o rádio fazia o papel de pivô da casa, o
principal agente de informação. O segundo, movido pelos avanços tecnológicos, o
tirou da sala e o integrou ao ambiente.
Transmitindo, ao mesmo tempo, para milhares de pessoas com um imenso
poder de capilarização e um caráter imediatista, que possibilita a interação dos fatos
no momento em que acontecem, ele estimula a imaginação pela linguagem e pelo
subjetivo fazendo o ouvinte tentar visualizar o dono da voz, bem como o que está
sendo dito.
Dentre os diferentes suportes comunicacionais, o rádio tem, aparentemente,
mesmo na era da hipermídia, tudo que se necessita para ser escolhido como um dos
recursos mais privilegiados para o desenvolvimento do processo educativo, pois
possui

uma

linguagem

capaz

de

facilitar

a

construção

do

binômio

ensino/aprendizagem a partir das próprias histórias presentes nas diferentes
comunidades. No entanto, muito pouco foi publicado no país sobre este diálogo que
agora se estende, integrando-o à internet.
Em tempos de globalização, interatividade, hipertexto, escola tradicional
versus escola interativa, é necessário compreender o ato educativo acima de tudo
como um ato comunicacional, tendo em vista os diferentes meios em que esse pode

18

ocorrer. O reconhecimento da comunicação como um dos mais importantes
processos para a significação das áreas do conhecimento, impõe várias
transformações ao fazer pedagógico, pois para formar cidadãos mais críticos e
autores de suas histórias, prever e planejar um conjunto de ações passou a ser de
fundamental

importância

para

que

haja

mudança

nas

relações

de

ensino/aprendizagem.
Com base nestes dados, objetivando promover a reflexão sobre a utilização
da interação rádio-internet, denominada webrádio, como expediente cognitivo para a
divulgação da produção científica, na construção do conhecimento e sua
apropriação, levantou-se a questão: qual a relevância da divulgação científica na
grade de programação de uma webrádio universitária para a formação de
licenciandos da UFAL?
Sabe-se que um número significativo de alunos das Ciências Humanas vê as
a Ciências Exatas e da Terra como complicados experimentos laboratoriais e,
segundo Hermano (2005), “se queremos realmente uma sociedade democrática, é
preciso que todos entendam a ciência". Levantou-se, portanto, a seguinte hipótese:
a divulgação poderia ser o ponto de partida para a alfabetização científica, pois
auxiliaria na criação de uma consciência pública do valor da ciência e na melhor
compreensão do impacto causado pelas várias e rápidas mudanças, fomentando o
diálogo entre os que produzem o conhecimento e aqueles que, com certeza, se
beneficiarão dele.
A ciência faz parte do cotidiano e pode estar no rádio, na TV, nos jornais e
nas revistas. A presença da divulgação científica na grade de programação de uma
webrádio

universitária

mostra-se,

portanto

relevante,

pois

permite

um

maior incremento das interações entre as unidades acadêmicas, divulgando projetos
e pesquisas científicas, independente da área a que pertencem e colaboram,
sobremaneira, para o melhor entendimento/compreensão do que se produz na
universidade como um todo.
O questionamento e a hipótese formulados geraram a pesquisa, objeto deste
estudo, numa tentativa de mostrar que uma webrádio universitária, além de veículo
de informação, também pode ser utilizada como meio indutor de novas práticas de
ensino, pesquisa e extensão, produzindo conteúdos educativos experimentais para
divulgação tecno-científica.

19

Este estudo foi organizado da seguinte maneira: o primeiro capítulo, O Rádio
e a Educação Superior no Brasil, aborda a história do rádio e o seu envolvimento
com a educação, a comunicação, a ciência e com as políticas de incentivo à
pesquisa. São apresentados dados que embasaram a pesquisa, bem como
informações que mostram o despreparo profissional para as questões da divulgação
científica.
No segundo, A Radiofonia e seus novos formatos, contextualiza-se a web e
suas gerações, os problemas de usabilidade nos softwares disponíveis para a
implantação de webradios, bem como seu vocabulário e suas possibilidades de uso
voltadas para a divulgação da produção científica, gerada em universidades.
O terceiro capítulo mostra a metodologia aplicada na pesquisa, o lócus, os
sujeitos envolvidos e como foram coletados e analisados os dados.
No quarto capítulo, Webrádios universitárias: uma análise dos casos UFPB e
UFAL, estão descritos os casos estudados, analisados os dados coletados e
expostos alguns itens a serem observados para a montagem e implantação de uma
webrádio universitária.
Nas Considerações Finais, são analisadas as possibilidades educativas,
comunicacionais e científicas na implementação de webrádios em universidades,
como expediente cognitivo para a divulgação da produção científica.

20

1. O RÁDIO E A EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

Há mais de um século, o rádio em seu formato mais convencional, vem
construindo história. Trata-se de um meio de comunicação que utiliza os mesmos
princípios da radiotelefonia (difusão por ondas eletromagnéticas) para transmitir
mensagens sonoras a um grande número de pessoas. Este capítulo aborda um
pouco dessa história e o seu envolvimento com a educação, a comunicação e com
as políticas de incentivo à pesquisa.

1.1 Um breve histórico

No Brasil, o rádio surgiu em 1919, na Sala de Física da Escola Politécnica do
Rio de Janeiro, por iniciativa do antropólogo Edgard Roquete Pinto. Segundo Blois
(2008), já nasceu educativo e cultural e “foi a primeira manifestação de como a
tecnologia poderia ser utilizada nas práticas educacionais” (OSÓRIO e PINTO, 2008,
p. 347).

Em seu primeiro estágio, de 1920 a 1959, era o principal meio de informação
transmitindo uma programação variada, que ia de notícias à musica clássica,
passando por crônicas literárias, radioteatro, humor e novelas. Depois, movido pelos
avanços tecnológicos, passou a ser ouvido no carro, na cozinha, no elevador, no
trabalho e, nos últimos anos, também no computador.
Em 20 de abril de 1923, foi fundada a primeira emissora brasileira: a Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro e com ela nasceu o conceito de rádio sociedade ou
rádio clube, no qual os ouvintes eram associados e contribuíam com mensalidades
para a sua manutenção.
Com a promulgação da Reforma Fernando de Azevedo, em 1928,
considerada o marco inicial do processo de modernização do ensino no Brasil,
mudaram os parâmetros educacionais praticados no Distrito Federal, concretizando

21

a proposta de criação de Rádioescolas. Iniciativa apoiada pelo então diretor de
Instrução Pública, que envolvia também o educador Anísio Teixeira.
Em 1930, inicia à Era Vargas, um período ditatorial, no qual a exaltação ao
nacionalismo e a falsa idéia de progresso eram as estratégias utilizadas para manter
a maioria da população na ignorância e no medo.
O impacto do rádio sobre a sociedade brasileira a partir de meados
da década de 30 foi muito mais profundo do que aquele que a
televisão viria a produzir trinta anos depois. De certa forma, o
jornalismo impresso, ainda erudito, tinha apenas relativa eficácia (a
grande maioria da população nacional era analfabeta). O rádio
comercial e a popularização do veículo implicaram a criação de um
elo entre o indivíduo e a coletividade, mostrando-se capaz não
apenas de vender produtos e ditar 'modas', como também de
mobilizar massas, levando-as a uma participação ativa na vida
nacional (PIRAJÁ, 2009, p.3).

Foi uma década marcada por testes e preparação para o que viria a seguir,
pois a industrialização ampliava o mercado consumidor proporcionando condições
para a padronização dos gostos, das crenças e dos valores. “O Estado passou a
assumir além da sua função de promotor das condições para o desenvolvimento da
industrialização, o papel de principal investidor, com a instalação das estatais”
(JESUS, 2004, p.3). Foi um período em que a sociedade brasileira se reorganizava.
Marcado por grandes agitações sociais, onde lutavam e defendiam, entre outras
reivindicações, a escola pública. Foi o auge do confronto político-ideológico nacional.
O estado ditatorial de Vargas arrefece os debates educacionais,
dando-lhes um novo encaminhamento, ou seja, saindo do seio da
sociedade civil e passando ao controle da sociedade política. Tal
conjuntura evidenciou-se nos termos da constituição de 1937,
imposta ao povo brasileiro por Getúlio Vargas (CAVALCANTE, 2004,
p.3).

Apesar de historicamente em tais formas de governo predominar um desvio
na atuação do professor, fazendo-o ser um mero repassador de conhecimentos,
contrário à sua função precípua que é o ato de educar promovendo a visão crítica do
educando, o ensino superior recebeu, nesta fase, um enfoque maior em sua
reestruturação, marcando o surgimento das universidades públicas brasileiras e a
forma como é vista, ainda hoje o movimento da Escola Nova, classificado como o
período do “otimismo pedagógico”, ou seja, um conjunto de ações de caráter
qualitativo que se preocupava muito mais com a melhoria das condições didáticas e
pedagógicas da rede escolar, do que com a sua expansão e o desanalfabetismo da
população.

22

O ideal de educar para a liberdade, possibilitando a autogestão do aluno e a
construção da sociedade democrática, pretendia revolucionar o ensino brasileiro
visando o fim da educação tradicional concebendo uma escola laica e aberta a todos
os segmentos da sociedade. No entanto, conservadores e representantes da igreja
católica se opuseram à laicização da escola púbica, levando a discussão, mais uma
vez, ao cunho político.
A primeira reforma educacional de caráter nacional foi proposta em 1931, pelo
então ministro da Educação e Saúde, Francisco Campos. Foram proposições e
mudanças marcadas pela articulação dos correligionários de Vargas e pelo seu
projeto político ideológico, implantado sob a ditadura conhecida como Estado Novo,
período bastante importante para a criação e regulamentação das universidades.
O pioneirismo na

estruturação baseada em uma organização acadêmica,

coube à Universidade de São Paulo (USP), em 1934. No ano seguinte, graças aos
esforços do educador, Anísio Teixeira, foi a vez da Universidade do Distrito Federal,
no Rio de Janeiro. O país ainda não possuía um quadro docente comprometido com
a sua realidade, por isso nas duas universidades a cátedra era formada, em sua
maioria, por docentes estrangeiros. Só em 1937, foram graduados os primeiros
professores para o ensino secundário, que além da preparação cultural e cientifica,
recebiam também uma formação pedagógica.
Em meio a várias reformas educacionais, em 6 de janeiro de 1934, foi
efetivada a Radio-escola Municipal - PRD-5,

que já vinha transmitindo

experimentalmente, desde o dia 31 de dezembro.
Com ela, efetivamente, Edgard Roquette-Pinto começa a disseminar
aquele saber, “encantoado em meia dúzia de velhos papiros, em
páginas engorduradas de vetustos incunábulos” não na forma de
livros – afinal, o Brasil é um país com quase 60% de população
analfabeta, mas por meio de ondas eletromagnéticas
(FERRARETO, 2006, p.6).

Seu perfil herda do primeiro diretor, Roquette Pinto, a ênfase nas ciências
físicas e as suas preferências musicais. Foi estruturada, levando em consideração o
trabalho realizado pelo Instituto de Paris, uma instituição acadêmica francesa,
fundada em 1795, que agrupa as cinco grandes academias nacionais, publicado em
1934, pelo professor secundarista, Ariosto Espinheira.
Segundo Ferrareto (2006, p.6) as transmissões eram feitas em forma de aulas
e seguiam a grade curricular da escola primária. A filha mais velha de Roquette-

23

Pinto e seus amigos Labarte, Pinheiro e Diniz formavam o grupo de quatro
professores que se revezavam ao microfone ensinando os conteúdos. Horta apud
Moreira (2000, p. 24), assim descreve o processo didático-pedagógico:
(...) preocupada em manter o contato com os alunos, a estação
distribuía folhetos e esquemas das lições que eram enviados antes
das aulas radiofônicas, pelo correio, às pessoas inscritas. Os
alunos, por sua vez, enviavam à emissora trabalhos relacionados
com os assuntos das aulas e mantinham contato com a emissora
por carta, telefone e até mesmo visitas.

Moreira (2000, p. 24), certifica que após um ano de transmissão, a Radioescola já havia recebido 10.800 trabalhos dos seus alunos. Estes números
reforçavam, sobremaneira, a necessidade de se estabelecer dois pontos
fundamentais para que esta modalidade de ensino desse o resultado pretendido:
1. o contato direto entre emissora e ouvinte (interação);
2. o desenvolvimento de uma didática especial para o ensino radiofônico
(quebra de paradigmas).
Essas características fizeram da Radio-escola Municipal, idealizada por
Roquette-Pinto e Anísio Teixeira, o empreendimento pioneiro do ensino a distância
no país. Como dizia seu criador, o “início do começo” (sic) de um processo
emancipador em termos de instrução popular (FERRARETO, 2006, p.6).
Nesse período, o país já contava com 29 estações transmitindo óperas,
músicas populares, textos instrutivos e jornalísticos. Foi quando o Governo Vargas,
em 1932, autorizou a veiculação de publicidades e Ademar Casé criou o primeiro
jingle do rádio brasileiro.
Em 12 de julho de 1941, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, deu-se início
a transmissão de Em Busca da Felicidade, a primeira rádio novela do país, que
durou cerca de três anos. A seguir, não menos demorada, entrou no ar O Direito de
Nascer, grande sucesso levado, anos depois, para a televisão.
Ainda no início desta década (40), surgiu o primeiro rádiojornal brasileiro: o
Grande Jornal Falado Tupi. No entanto, foi o Reporter Esso, indo ao ar pouco tempo
depois, o noticiário de maior alcance e repercussão. Teve sua primeira transmissão
às 12h e 45min do dia 28 de agosto de 1941, anunciando o ataque de aviões
alemães à

Normandia.

Valia-se

de

frases

curtas e

objetivas,

agilidade,

instantaneidade e uma seleção cuidadosa das notícias, técnicas utilizadas até hoje,
mais de 50 anos depois, na maioria dos jornais falados.

24

Em 1957, a implantação da primeira Rádio Universitária do país, na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), marcou o início de uma nova
fase radiofônica. Emissoras começaram a ser instaladas dentro dos centros
destinados à produção e à transmissão dos conhecimentos científicos, tecnológicos
e culturais confirmando tal mídia como um recurso privilegiado no processo
educativo. Além de funcionar como laboratório, possibilitando aos alunos a produção
de

peças

informativas,

comunitárias,

educativas

e

interativas,

pode

ser

extremamente útil na elaboração de materiais voltados para Educação a Distância
(EaD). Segundo Spenthof (1998, p.156), “(...) o exercício de experimentação, de
aplicação de conhecimentos, de atividades práticas é a realização de notáveis
operações e transformações na formação e no mundo do estudante”.
Até a década de 60, o rádio no Brasil foi um veículo de comunicação
relativamente elitizado. Era ele o principal meio de informação da população. Mas,
no início dos anos 60, a partir do Movimento de Educação de Base (MEB),
organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com a
missão de contribuir para promoção integral e humana de jovens e adultos, através
do desenvolvimento de programas de educação popular na perspectiva de formação
das camadas populares para a cidadania, buscando trilhar os caminhos de
superação da exclusão social, o rádio foi utilizado, para formar e educar, veiculando
programas de educação popular, na perspectiva de formação e qualificação, como
desejava o educador pernambucano Paulo Freire.
Desta forma, atuando como meio de informação e formação, o rádio vem
cumprindo uma importante função social. Transmitindo, ao mesmo tempo, para
milhares de pessoas com a fiel característica de falar particularmente a cada
indivíduo, o vocabulário, a entonação da voz, o fundo musical, tudo passou a ser
pensado e planejado para tocar o ouvinte, tentando satisfazer as suas expectativas
e os seus anseios.
O tom íntimo das transmissões, representado pelas expressões
“amigo ouvinte”, “caro ouvinte”, “querido ouvinte” proporciona uma
aproximação e uma intimidade únicas, fazendo do rádio um veículo
companheiro. (BARBOSA FILHO, 2003, p. 47)

Seu caráter imediatista possibilita a interação dos fatos no momento em que
acontecem e a sua linguagem estimula a imaginação, o subjetivo, fazendo o ouvinte
tentar visualizar o dono da voz e o que está sendo dito. Para Meditsch (2001) o
rádio, apesar de invisível em plena era da imagem; oral, numa cultura onde se dá

25

muito mais valor ao que está escrito; fulgaz, numa civilização que privilegia a
posteridade, possui o maior índice de alcance de público com números absolutos de
audiência.
Para Piovesan (2004, p. 36), “o rádio inclui a todos: o letrado e o analfabeto, o
pobre e o rico, o jovem e o idoso, a mulher e a criança...”. Sua programação, por
mais fracionada, seccionada que seja, inclui a música, o jornalismo em seus vários
formatos, a publicidade e a propaganda, o esporte, a cultura, a prestação de
serviços e a educação, pois em qualquer lugar do mundo, “grande parte do que as
pessoas sabem foi aprendida de maneira informal”.
No site do Ministério da Educação (MEC), mais especificamente no link do
Curso de Mídias na Educação, a disciplina Aspectos históricos, socioculturais e
tecnológicos do Rádio e a Educação, do módulo rádio, cujo objetivo geral é
apresentar o rádio e seu papel na construção de ecossistemas comunicativos, são
elencadas as mais recentes categorias de rádio, redefinidas, de acordo com as
mudanças sofridas em suas características jurídicas, culturais e sociais, como
podemos ver no quadro 1.

Quadro 1 - Características das emissoras de rádio

Tipo de rádio
Educativas

Públicas

Livres

Piratas

Comunitárias

Características
Funcionam na faixa das rádios comerciais, mas como difusoras das
informações jornalísticas, das produções culturais e do conhecimento
científico. Geralmente pertencem a universidades ou ao governo.
São rádios mantidas pelo poder público. Internacionalmente, a
emissora pública mais conhecida é a BBC de Londres que apesar de
pública também é mantida por “assinantes”.
Surgiram na Itália, em 1975, como resultado do questionamento
sobre o monopólio de distribuição das concessões de rádio pelo
Governo. Ocupam as faixas das rádios comerciais, sem autorização
dos órgãos competentes.
Surgiram na Inglaterra, com o objetivo de romper o bloqueio estatal
das telecomunicações. Eram montadas em navios ancorados fora
das águas territoriais inglesas, nos quais eram hasteadas bandeiras
características dos corsários, daí a origem da expressão “rádios
piratas”.
Com o objetivo de servir à comunidade, constituem-se em um
espaço propício para o exercício da cidadania. A lei que regula o seu
funcionamento foi elaborada em 1998, restringindo seu alcance ao
raio de no máximo 1000 metros, operando somente na faixa de 87,9
MHz FM.

26

Restritas

Comerciais

Virtuais ou
Webrádios

Funcionam na faixa de 220 MHz a 270 MHz e não são captadas nos
rádios convencionais. Têm sido utilizadas em algumas escolas que
montam suas próprias emissoras, transmitindo programas num raio
de aproximadamente 100 metros, o suficiente para serem
sintonizados no pátio, nas salas de aula, no corredor e na quadra.
São administradas com fins lucrativos, que se tornam viáveis
economicamente por meio da inserção de publicidade em sua
programação. Muitas destas emissoras, além de atuar regionalmente
também formam redes.
São as que podem ser ouvidas pela Internet. Tem crescido muito
devido a seu baixo custo, comparado à estrutura tecnológica de
transmissão de uma emissora comercial. A principal vantagem da
webrádio é que pode ser ouvida em qualquer ponto do planeta,
desde que o ouvinte esteja conectado à internet.

Fonte: Ministério da Educação (2009).

Em pouco mais de 80 anos, o rádio no Brasil, deu um salto significativo, mas
apesar do excelente parque radiofônico, sua distribuição não aconteceu de forma
equalizada. A Região Nordeste, por exemplo, detentora de uma considerável
extensão territorial, cerca de 3 vezes mais que a Região Sudeste, tem
aproximadamente 5 vezes menos emissoras (6,5% X 36%). Todavia, observa-se
que a quantidade de pessoas que sintoniza o rádio diariamente, na maior parte das
grandes cidades brasileiras, é bem maior do que as que assistem à televisão, ou
leem os jornais e revistas, qualquer que seja a classe social.
Esta história, no entanto, vem sendo profundamente alterada pela
modernidade. Segundo Prata (2009), trata-se de um processo evolutivo, que
reconfigura os gêneros e as formas de interação, por ela denominado radiomorfose.
Ou seja: ao invés de sucumbir, o meio antigo procura se adaptar e continuar
evoluindo em seus domínios. Ontem, ondas eletromagnéticas. Hoje, primeira década
do século XXI, a internet. O novo e o antigo se amalgamando numa transmissão via
backbones, fibras óticas ou satélites.

1.2 Educação e comunicação no contexto midiático
Estudiosos da Educação e da Comunicação há anos discutem a inserção das
mais diferentes mídias ao processo educacional. No final da década de 20 (1926 a
1932), Bertold Brecht reuniu, na obra Teoria do Rádio, várias análises sobre suas
preocupações em transformá-lo realmente em um meio de comunicação e não

27

meramente um transmissor. Ele queria muito mais do que simplesmente conquistar
ouvintes, queria que a radiofonia tivesse efetivamente o que falar para o público.
(...) vocês podem preparar, diante do microfone, em lugar de
resenhas mortas, entrevistas reais, nas quais os interrogados têm
menos oportunidade de se inventar esmeradas mentiras, como
podem fazer para os periódicos. Seria muito interessante organizar
disputas entre especialistas eminentes. Poderiam organizar em
salas grandes ou pequenas, à vontade, conferências seguidas de
debate. (BRECHT apud BASSETS, 1981, p. 51).

Alguns anos depois, Anísio Teixeira, defendia a necessidade de incorporar
os meios de informação aos processos educacionais. Para ele, educação era como:
“(...) uma função normal da vida social, decorrente da vida em comunidade,
sistematizada em ensinamentos de conhecimentos hierárquica e formalmente
ordenados por motivos socioculturais”. (CARVALHO, 2007, p. 2)
AnísioTeixeira apontava a educação como o canal capaz de gerar as
transformações necessárias para um Brasil que buscava se modernizar. Acreditava
ser possível a reconstrução da educação brasileira em bases científicas, rompendo
com o ensaísmo e o empirismo grosseiro que durante muito tempo dominou a
reflexão sobre tais questões.
Na década de 60, Paulo Freire, pioneiro da utilização do rádio para a
formação/educação, alertava para a questão ética dos educadores e para a
importância de despertar nos alunos a consciência crítica da realidade em que
estavam inseridos:
Como professor crítico, sou um “aventureiro” responsável,
predisposto à mudança, à aceitação do diferente. Nada do que
experimentei em minha atividade docente deve necessariamente
repetir-se. Repito, porém, a franquia de mim mesmo, radical diante
dos outros e do mundo (FREIRE, 2007, p.5).

Ele entendia a tecnologia como uma das “grandes expressões da criatividade
humana” (FREIRE, 1968, p. 98). Acreditava que ela não surgia da superposição do
novo sobre o velho, mas que nascia do velho (FREIRE, 1969), trazendo em si os
elementos dele.
Partindo destas premissas, para uma melhor reflexão sobre o uso do rádio na
educação constata-se sua enorme contribuição na diminuição da distância entre a
escola e a comunidade, pois sua utilização ajuda a desenvolver a expressão oral
dos alunos, melhora o relacionamento entre eles, promove a união e a troca de
experiências.

28

Pretto (2004), afirma que o uso das tecnologias de informação e comunicação
(TIC) na educação origina-se no rádio e na televisão. Vários projetos foram
desenvolvidos para a utilização destas mídias na alfabetização de jovens e adultos,
no meio rural (Rádio MEB) até assumir, esta face contemporânea que é a
radiodifusão multimídia na Web.
Reportando a Meditsh (2001), em entrevista concedida ao site Observatório
da Imprensa, o rádio é um:
(...) meio de comunicação que transmite informação sonora,
invisível, em tempo real. Se não for feito de som não é rádio, se tiver
imagem junto, não é mais rádio, se não emitir em tempo real (o
tempo da vida real do ouvinte e da sociedade em que está inserido)
é fonografia, também não é rádio.

Para Lucci (2004), este é um novo mundo, no qual o trabalho físico é feito
pelas máquinas mais pesadas e o mental, pelos computadores. Ao homem, cabe a
tarefa insubstituível de ser criativo e ter idéias.
Segundo Castells (1999):
(...) o que é novo hoje é o conjunto de tecnologias da informação
com as quais lidamos, centradas ao redor das tecnologias da
informação/comunicação baseadas na microeletrônica e a
engenharia genética – tecnologias para agir sobre a informação e
não apenas a informação para agir sobre a tecnologia, como no
passado. Elas estão transformando o próprio tecido social,
permitindo a formação de novas formas de organização e interação
social através das redes de informação eletrônicas.

Portanto, as mudanças necessárias, conseqüências dessas inovações
tecnológicas,

exigem

uma

reorganização,

principalmente

das

atividades

educacionais. Vive-se um tempo de expectativa, de perplexidade, de quebra de
paradigmas. Há que se ter cautela com a educação. O professor passou a não ser
mais o detentor absoluto do conhecimento, mas o mediador das informações
disponíveis no mundo moderno, pois até meados do século passado a escola era
vista como um lugar no qual se buscava instrução.
Segundo Gadotti (2000, p. 3), as duas últimas décadas do século XX
trouxeram inúmeras mudanças, tanto no campo sócio-econômico e político, quanto
no da cultura, da ciência e da tecnologia. “Ocorreram grandes movimentos sociais,
como aqueles no leste europeu, no final dos anos 80, culminando com a queda do
Muro de Berlim”. No entanto, é preciso enfatizar que “a perplexidade e a crise de
paradigmas não podem se constituir num álibi para o imobilismo”.

29

Da mesma forma, no mundo das comunicações, estas transformações se
fizeram sentir. A Guerra Fria influenciou todos os acontecimentos mundiais entre
1945 e 1991. Não é possível entender qualquer acontecimento internacional, neste
período, sem pensar no conflito entre Estados Unidos e a antiga União Soviética. O
Brasil, na mesma época da queda do Muro de Berlim, elegia um presidente de forma
direta, pela primeira vez desde 1961 (mesmo ano em que o muro foi erguido) e o
país, que saía de 20 anos de ditadura, entrava numa nova era social econômica e
política, tornando-se mais auto-suficiente.
A inclusão digital passou a ser absolutamente essencial ao desenvolvimento
econômico e social do cidadão, apesar de parte considerável da população brasileira
ainda não ter acesso a esse recurso, pois para que ela, a inclusão, aconteça são
necessários três instrumentos básicos: computador, acesso à rede e o domínio
dessas ferramentas, o que, em um país continental e com um número significativo
de analfabetos, nem sempre é possível juntar tais requistos.
Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI, criado para coordenar
e integrar todas as iniciativas de Internet no país, promovendo a qualidade técnica, a
inovação e a disseminação dos serviços ofertados, em 2008, apenas 25% das
famílias brasileiras possuíam computador e 20%, nas áreas urbanas, acesso à
Internet. Deste percentual, 28% estão nas cidades e 8% na área rural. Quanto ao
local de seu uso individual, 49% frequentam locais públicos de acesso pago (lans
houses), principalmente na área rural. Existem, em torno de, quatro milhões de
domicílios no Brasil com computador, mas sem acesso à Internet. Percebe-se,
assim, que a penetração da Internet e o número de computadores no país vêm
aumentando, embora ainda exista a questão do dualismo histórico e social que se
reflete na aquisição reduzida de equipamentos de informática, dificultando o acesso
de grande parcela da população à internet.
Os fatores socioeconômicos e as desigualdades regionais ainda são
os principais determinantes do acesso à Internet no Brasil: quanto
maior a renda e a escolaridade, maior o acesso; regiões mais ricas
têm mais acesso. Ou seja, a exclusão digital continua
acompanhando a exclusão social no país (CGI, 2008).

Hoje, no país, segundo dados do CGI (2008), a Internet apresenta números
absolutos relevantes:
somos os campeões de internautas da América Latina, com 32,1 milhões de
usuários de internet, o que corresponde a 21% da população brasileira;

30

somos o quarto país da região em penetração da internet, perdendo apenas
para Costa Rica, Guiana Francesa e Uruguai;
as compras pela internet de CDS, DVDs, livros e outros bens de consumo,
adicionadas à aquisição de automóveis e serviços ligados ao turismo
somaram R$ 4,4 bilhões no primeiro trimestre de 2007. O resultado significa
um crescimento de 57% em relação ao mesmo período de 2006.
No entanto, dados da última Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio
(PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1, realizada em
2005, revelam que Alagoas e Maranhão são os estados com o mais alto índice de
discriminação digital do país. Segundo mapeamento realizado em dois indicadores
(internet domiciliar e uso de internet) 14,7% da população brasileira, com 10 anos de
idade ou mais, reside em domicílio com acesso à Internet.
Apesar de índices tão baixos, Alagoas começa a entrar na era digital.
Relatório apresentado pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana2
(RITLA, 2007) mostra que o número de computadores no Estado deu um salto
representativo, mas mesmo assim, com este considerável crescimento, ainda possui
o mais alto índice de exclusão digital do país, pois se trata de um estado com um
elevado índice de desigualdade entre os grupos sociais (o grupo mais rico acessa a
Internet 35,6 vezes mais que o grupo pobre, o que representa um diferencial de
3.460%).
Pretto (2004) afirma que para enfrentar tantos desafios oriundos desta
contemporaneidade constituída por influência decisiva dos meios de comunicação,
das culturas e dos processos educacionais, tentando estabelecer uma relação
prazerosa entre o conhecimento e o saber, são necessárias várias alterações: de
currículo, de programas, de materiais didáticos, de estrutura administrativa e até de
estrutura arquitetônica, transformando a escola de hoje em algo mais do que um
centro mediador da informação – um centro facilitador deixando disponível o seu
espaço de discussão, de crítica e de sistematização.
Para Rocha et al. (2003), não se pode estudar os efeitos desta modernidade,
sobre os indivíduos e sobre a cultura, sem recorrer às mudanças diárias editadas
sobre as mais diversas formas de manifestação da cibercultura. Segundo Lemos
1

Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/acessoainternet/default.shtm>. Acesso em: 20 ago. 2009.
A Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (RITLA) é um organismo internacional de cooperação técnica que
reúne os países latino-americanos integrantes do SELA (Sistema Econômico Latino-Americano). Disponível em:
<http://www.ritla.net/index.php?option=com_content&task= view&id=4393&Itemid=319>. Acesso em: 25 ago. 2009.
2

31

(2005), trata-se da relação entre as TIC e a cultura emergentes a partir da
convergência informática/telecomunicações, a partir da década de 1970, refletindo o
encontro

das tecnologias

digitais com a

sociedade

contemporânea. Tais

manifestações podem ser traduzidas pela efervescência social da internet, pelas
comunidades virtuais, pelas festas rave, aquelas que acontecem fora dos centros
urbanos, nos quais se toca só musica eletrônica e geralmente duram mais de um
dia, pelo lado underground do cyberespaço, no qual se encontram os hackers,
denominado o underground hightech e pelos cyberpunks, designação dada ao
movimento literário de ficção científica desenvolvido nos Estados Unidos e Europa,
no início dos anos 80.
Neste cenário de crescimento desenfreado da veiculação da produção de
conhecimento, nomeiam-se as TIC como um “conjunto de técnicas utilizadas na
recuperação, no armazenamento, na organização, no tratamento, na produção e na
disseminação da informação” (MARQUES NETO, 2002 apud ANDALÉCIO e
MARTELETO, 2005). São compostas de equipamentos (computador, câmera digital
fotográfica e de vídeo, impressora, projetor multimídia, scanner), programas
(analisador e editor de texto, imagem e vídeo, gerenciador de banco de dados,
navegador na Internet, pacote estatístico, planilha eletrônica) e serviços (banco de
dados, biblioteca digital, ferramenta de busca, correio eletrônico, lista de discussão,
loja virtual, sala virtual, periódico eletrônico, teleconferência, transferência de
arquivos), que atualmente já participam das atividades cotidianas e corriqueiras de
várias pessoas, como, por exemplo, no uso dos eletrodomésticos, dos automóveis,
dos telefones e nas transações bancárias.
No campo do desenvolvimento científico, várias etapas podem ser auxiliadas
pela utilização dessas TIC e algumas de suas ferramentas, principalmente a Internet
- o correio eletrônico e o editor de texto passaram a ser consideradas
imprescindíveis na vida atual dos produtores de conhecimento.

1.3 Ciência objetiva e formação subjetiva: novas capacidades mentais e
comunicacionais

As Revoluções Industrial e Francesa, principalmente a segunda, incidiram de
modo marcante sobre a questão da Universidade e de seu lugar na organização da
cultura. Foi um período marcado por um grande salto tecnológico nos transportes e

32

nas máquinas, revolucionando o modo de produzir. Por outro lado, na França,
notava-se um “dualismo trágico entre o individualismo radical dos direitos humanos e
sua institucionalização na figura burguesa do cidadão” (BARTHOLO JÚNIOR, 2001,
p. 43).
Surgiram, então, os conglomerados industriais e multinacionais e a produção
foi se automatizando, se multiplicando, dando início a uma sociedade de consumo
de massas. Problemas concretos foram colocados nas mãos dos obstinados ao
fazer prático resultando em invenções que encerraram a transição entre o
feudalismo e capitalismo. A tecnologia foi se transformando em ciência aplicada e os
próprios cientistas transformaram-se em inventores, como Michael Faraday3,
pesquisador dos efeitos eletromagnéticos, o físico inglês Lord Kelvin4, inventor do
para-raios, e das lentes bifocais, Benjamin Franklin5 e tantos outros.
Do artesanal ao manufaturado, do telégrafo ao satélite, a humanidade vem
presenciando mudanças bastante sensíveis. Os sistemas de produção foram
mecanizados provocando um crescimento acelerado e o desuso do que antes era
produzido artesanalmente. A mesma máquina que substituiu o homem e gerou um
alto índice de desemprego, baixou o preço das mercadorias e acelerou o ritmo de
fabricação, espalhando-se por toda Europa, América e Ásia.
Foram várias as mudanças em decorrência destas inovações tecnológicas.
Para Castells (1999), quatro foram os fatores essenciais para a industrialização: o
capital, os recursos naturais, o mercado e a transformação agrária. Hoje, final da
primeira década do sec. XXI, a revolução das TIC, tão importante quanto as outras
revoluções vivenciadas, vêm remodelando as bases materiais levando a uma
urgente necessidade de informação e conhecimento, pois as máquinas, agora,
realizam o trabalho pesado e o homem exercita a sua criatividade e executa as suas
ideias. Novas capacidades mentais, habilidades gerais de comunicação e de
abstração tornaram-se imprescindíveis para uma rápida adaptação a esta outra
realidade.
Desta forma, a humanidade chegou à revolução digital. O desenvolvimento
dos sistemas multimídia, principalmente depois do surgimento da Internet,
3

Pesquisador dos efeitos eletromagnéticos. Produziu e demonstrou o primeiro gerador, também conhecido como dínamo, que
transforma
a
energia
mecânica
em
energia
elétrica.
Disponível
em:
http://www.ifi.unicamp.br~ghtc/
Biografias/Faraday/faradfirst.htm. Acesso em: 14 out. 2009.
4
Físico escocês, criador da escala de temperaturas absolutas Kelvin. Disponível em: http://www.algosobre.
com.br/biografias/lord-kelvin.html. Acesso em: 14 out. 2009.
5
Identificou as cargas positivas e negativas e demonstrou que os trovões são um fenômeno de natureza elétrica. Disponível
em: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u175.jhtm. Acesso em: 14 out. 2009.

33

transformou, significativamente, a forma de estar no mundo e as ligações com ele
estabelecidas. O computador passou a ser o símbolo da mudança provocada pela
microeletrônica, desencadeada nos anos 50. A utilização de backbones, um
esquema de ligações centrais de um sistema amplo e de elevado desempenho,
anteriormente de uso exclusivo das forças militares americanas, foi liberada para
uso acadêmico e comercial e, em 1988, um ano após a liberação, apareceram, no
Brasil, alguns embriões interligando grandes universidades e centros de pesquisa do
Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre aos Estados Unidos.
O então Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), para discutir a integração
destas iniciativas e coordená-las de forma mais integralizada, em redes acadêmicas,
formou um grupo composto por representantes do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq,) da Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP) e das fundações de amparo à pesquisa dos estado de São
Paulo(FAPESP), Rio de Janeiro (FAPERJ) e Rio Grande do Sul (FAPERGS)
resultando no projeto da Rede Nacional de Pesquisa (RNP), lançado, formalmente,
em setembro de 1989.
De 1991 a 1993 a RPN dedicou-se à montagem do backbone (também
chamado de espinha dorsal), para atender a onze estados do país, com conexões
dedicadas a velocidades (quantidade de dados que poderiam fluir em um
determinado tempo, em um meio de transmissão) de 9,6 a 64 Kbps (kilobits por
segundo).
A partir de 1994, com o grande aumento de instituições conectadas à rede,
ampliou-se o projeto. Neste ínterim, percebeu-se que algumas aplicações não se
viabilizavam a velocidades inferiores a 64Kbps. Assim, de 1994 a 1996 a RPN
entrou em sua segunda fase, aumentando consideravelmente a velocidade e
firmando-se como referência em tecnologia de Internet no Brasil.
Em maio de 1995 deixou de ser restrita ao meio acadêmico e estendeu o
acesso a todos os setores da sociedade. No final da década de 1990 os links com o
exterior já alcançavam 8 Mbps e, em fevereiro de 2001, a capacidade de tráfego
internacional, com a inauguração de um novo link com os Estados Unidos, foi
ampliada para 155 Mbps. Com nova tecnologia, Synchronous Digital Hierarchy
(SDH) ou Hierarquia Digital Síncrona, segundo a qual basicamente, mais dados
cabem num mesmo canal, com a mesma capacidade, os links interestaduais
chegaram a 622 Mbps. Até hoje, segundo site da RNP, trata-se do backbone

34

principal do país, sendo o responsável pela infra-estrutura básica de interconexão e
informação em nível nacional, envolvendo instituições de amparo, centros de
pesquisa e universidades.

Figura 1- Mapa atual do backbone RPN

Fonte: RPN (2009)

Pela figura 1, pode-se constatar uma diferença considerável entre as
conexões e os circuitos distribuídos às regiões do país, no qual cidades como: São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília detêm, cada uma, em DWDM
(Dense Wavelength Division Multiplexing), o mais atual sistema que multiplexa
comprimentos de onda para serem transmitidos por fibra ótica, 10 gigabits, contra
2,5 gigabits de Recife, Salvador e Fortaleza.
Com valores ainda menores do que os destinados a estas três capitais
nordestinas encontram-se os estados da Paraíba e Alagoas. O primeiro, com 155
megabits, em SDH, como já dito, um outro padrão para transmissão síncrona de
dados em redes de fibra óptica e o segundo com apenas 20 megabits, em PDH

35

(Plesiochronous Digital Hierarch), sistema já considerado obsoleto, o que, com
certeza, prejudica o desempenho dos alunos dos cursos a distância.
No entanto, a utilização dos computadores, cada vez mais comum nas
escolas, em casa, no trabalho, mesmo com estas conexões mal distribuídas,
permitiu a abertura de portas para a integração das mais diversas mídias. As
antenas parabólicas, os satélites, as repetidoras, as fibras óticas, os backbones
levam a informação a qualquer lugar e as teorias da comunicação exigem uma nova
forma de pensar, planejando cuidadosamente e prevendo, uma a uma, as etapas de
utilização de cada alternativa disponível e o público que se quer atingir. As
distâncias ficaram reduzidas às velocidades de transmissão de dados.
As tarefas passaram a ser realizadas em equipes e os desafios enfrentados
coletivamente, deslocando o enfoque do individual para o social, para o político e
para o ideológico. Consequentemente, as interfaces entre o homem e a máquina
passaram a exigir a quebra dos vários paradigmas que acompanham as inovações
tecnológicas. Para Alves (2001, p.126), com a internet, as distâncias foram abolidas
e o tempo de resposta foi drasticamente reduzido, alterando a vida das pessoas e
permitindo “esse novo meio, o quarto depois da imprensa escrita, do rádio e da
televisão é, sobretudo, um espaço de comunicação que pode ser aproveitado por
todos para se fazerem conhecer e “ouvir” (...)”.
Desta

forma,

a

inclusão

digital

passou

a

ser

um

imperativo

ao

desenvolvimento econômico e social. Mesmo admitindo que grande parte da
população esteja excluída dessa sociedade do conhecimento, o que se constata é a
existência de uma crescente promoção da democratização do acesso às
informações, numa tentativa de contribuir para a formação de cidadãos cada vez
mais críticos e criativos, diante da complexidade desta contemporaneidade.
O gráfico 1 mostra o percentual de pessoas, com 10 anos ou mais que se
conectaram, nas diversas Unidades da Federação, em 2005 e 2008, levando em
consideração os últimos 3 meses do período pesquisado.

36

Gráfico 1- Percentual das pessoas com 10 anos ou mais de idade, nas diversas
Unidades da Federação que utilizaram a Internet, no período de referência dos
últimos 3 meses, dos anos de 2005 e 2008.

Fonte: IBGE (2009).

Em 2005, o Distrito Federal teve o maior número de conexões, 41,1% contra
apenas 7,6% em Alagoas. Três anos depois, em 2008, o quadro se repete, apesar
do referido estado nordestino ter crescido 17,8%. As Unidades Federativas que mais
se desenvolveram no período analisado, além do já citado estado de Alagoas,
foram: Amazonas (19,3%), Tocantins (17%), Roraima (13,6)% e Maranhão (12,5)%.
No todo, observa-se que a nação cresceu 13,9%. O que parece ser ainda irrisório,
perante o cenário mundial.

1.4 Políticas de incentivo à pesquisa e o processo da comunicação: um
caminho para o crescimento sócio-cultural e científico da nação

Em 1951 foi criado o CNPq, cuja finalidade era promover e fomentar o
desenvolvimento científico e tecnológico do País, bem como contribuir na
formulação das políticas nacionais de ciência e tecnologia, com ênfase especial na
física nuclear. A criação deste Conselho, já era vislumbrada pelos integrantes da

37

Academia Brasileira de Ciências (ABC), desde a década de 20, em conseqüência
aos acontecimentos oriundos da Primeira Guerra Mundial, mas foi somente a partir
da Segunda Guerra, que motivados pelos avanços da tecnologia bélica,
principalmente a energia nuclear, os países se despertaram para a importância da
pesquisa científica. “A bomba atômica era a prova real e assustadora do poder que a
ciência poderia atribuir ao homem” (História do CNPq)6.
O Brasil, até então, não tinha tecnologia para aproveitar seus recursos
minerais considerados altamente estratégicos. Por este motivo, os primeiros
investimentos do referido Conselho foram destinados à formação de recursos
humanos para a pesquisa, que por influência do pós-guerra, a maioria das bolsas
concedidas foi para o campo das ciências básicas ligados à física, especialmente
aos estudos relativos à energia nuclear. Em seguida, investiu-se em projetos de
pesquisadores de reconhecida competência.
Nesta mesma época, mais precisamente em 11 de julho de 1951, no início do
segundo governo Vargas, foi criada, pelo Decreto nº 29.741, a Campanha Nacional
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, hoje Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), cujo objetivo era
"assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e qualidade
suficientes para atender às necessidades dos empreendimentos públicos e privados
que visam ao desenvolvimento do país" (CAPES, 2009).
Os primeiros anos da CAPES foram marcados pela implantação do Programa
Universitário, que contratava professores visitantes estrangeiros, estimulando o
intercâmbio e a cooperação entre instituições, concedendo bolsas (79 delas em
1953, sendo 54 no exterior e 155 no ano seguinte, sendo 72 fora do país), e
apoiando eventos científicos.
Atualmente, suas atividades estão agrupadas em quatro linhas de ação:
avaliação da pós-graduação stricto sensu, acesso e divulgação da produção
científica, investimentos na formação de recursos de alto nível no país e exterior e a
promoção da cooperação científica internacional. A instituição tem tido um papel
decisivo para os êxitos alcançados pelo sistema nacional de pós-graduação,
promovendo as mudanças necessárias às demandas da sociedade, como a
Universidade Aberta do Brasil (UAB), um programa que tem como prioridade a
6

Regimento Interno do CNPq – Portaria nº 816, de 17 de dezembro de 2002 – Título I, Capítulo I, Artigo 2º. Disponível em:
http://centrodememoria.cnpq.br/Missao.html . Acesso em 12 out. 2009.

38

“formação e capacitação inicial e continuada de professores para a educação
básica, com a utilização de metodologias da educação a distância” e, como uma de
suas mais importantes atribuições, a “atividade de articulação das instituições de
ensino superior públicas para a oferta de cursos superiores a distância, em pólos de
apoio presencial, prioritariamente distribuídos em municípios do interior do país”
(UAB, 2008).
Em 1954, foi criada a Comissão Nacional de Energia Atômica, que dois anos
depois, já reformulada, passou a se chamar Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN). Sua finalidade era gerir a atividade nuclear no Brasil, independente do
CNPq, no entanto, a sua instituição provocou a diminuição do volume dos recursos
repassados pela União de 0,28% do orçamento para 0,11%, entre os anos de 1956
e 1961, um dos motivos da evasão de cientistas do país, que passaram a buscar em
outros países uma remuneração melhor.
Nos anos 60, o CNPq teve sua área de competência ampliada, participando
com vários Ministérios e demais órgãos do governo, da solução de problemas
relacionados à ciência e suas aplicações. Em 1965 foi institucionalizado o mestrado
e doutorado no Brasil com a regulamentação e o estabelecimento de conceitos e
bases legais para a pós-graduação, publicados no Parecer nº 977/65, mais
conhecido como o Parecer Sucupira, devido ao nome de seu relator, Newton
Sucupira7, professor emérito da UFRJ.
Considerado uma referência para o estudo da pós-graduação no Brasil e das
políticas traçadas para o setor, tal documento classificou, segundo o modelo de uma
nova concepção de universidade, oriundo dos países mais desenvolvidos: 27 cursos
de mestrado e 11 de doutorado, totalizando 38 no país.
Em 1972, o CNPq passou a ser o órgão central do chamado Sistema
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, com o objetivo de consolidar
os programas, os projetos e, também, de incentivar a pesquisa no setor privado e
nas chamadas economias mistas, mas foi no Governo do Presidente Ernesto Geisel,
por meio da Lei nº 6.129, de 6 de Novembro de 1974, que o "Conselho Nacional de
Pesquisas" transformou-se em "Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico” - preservando a sigla CNPq.
7

Newton Lins Buarque Sucupira foi indicado em 1961 por Anísio Teixeira para integrar o primeiro grupo de intelectuais para
compor o Conselho Federal de Educação (CFE), hoje, Conselho Nacional de Educação. Após 10 anos de atuação no
Conselho, ficou conhecido como patrono da regulamentação da pós-graduação brasileira.

39

Nos anos 80, o referido Conselho tentou ampliar sua área de atuação
promovendo a descentralização do gerenciamento das atividades de C&T com a
implantação

dos

Sistemas

Estaduais

de

Ciência

e

Tecnologia

(SECT)

proporcionando a implementação de muitas ações8, descritas a seguir:
igualdade de tratamento dada às ciências humanas e às sociais aplicadas;
criação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(PADCT), investindo em torno de trezentos e setenta e cinco milhões de
dólares (US$ 375 milhões);
criação de amplo programa editorial, com a reformulação da Revista Brasileira
de Tecnologia e a publicação de inúmeros documentos institucionais, a
sistematização e fortalecimento do apoio a revistas científicas e a edição de
livros em parceria com editoras particulares;
maior alocação de recursos de agências internacionais, por meio de
convênios com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e o
Banco Mundial (BIRD);
criação do Prêmio Jovem Cientista, no dia 12/08/1982;
implementação da RNP, que levou à implantação da internet brasileira.
Com a criação do MCT, em 1985, o CNPq vinculou-se ao órgão e se tornou o
centro do planejamento estratégico da ciência no país.
No início da década de 90, o órgão passou por uma fase de transição
transferindo, para o MCT, várias de suas atribuições permitindo-lhe intensificar
esforços no fomento à ciência e à tecnologia. Em 1995, foi instituída sua nova
missão: “promover o desenvolvimento científico e tecnológico e executar pesquisas
necessárias ao progresso social, econômico e cultural do País” (CNPq, 2009). Nesta
época, foi também criada a Plataforma Lattes e o Diretório dos Grupos de
Pesquisas, considerados instrumentos fundamentais para as atividades de fomento,
pois têm importante papel nos processos de avaliação, acompanhamento e
direcionamento das políticas e diretrizes de incentivo da nação.
Para somar esforços com os órgãos federais, no que se refere ao incentivo do
desenvolvimento científico e tecnológico, surgiram nos anos 60, as duas primeiras
Fundações de Amparo a Pesquisa (FAP) do país. Nenhuma lei determinava ou
determina a sua criação e o seu funcionamento, no entanto, existe a autorização da
8

Disponibilizadas em: http://centrodememoria.cnpq.br/Missao.html

40

Constituição, mas sem obrigatoriedade no processo. Os recursos são oriundos de
percentuais da arrecadação pública e variam de estado para estado.
A FAPESP, criada em 18 de outubro de 1960 e considerada uma das
principais fundações de apoio do país, teve, nos últimos três anos, um orçamento
anual superior a quatrocentos milhões de reais (R$ 400 milhões). Seus recursos,
aprovados pela Constituição de 1989, representam 1% da arrecadação tributária do
estado de São Paulo o que viabiliza sua administração como um órgão autônomo,
eficiente, ágil nas decisões, gerido por especialistas altamente qualificados e
diretamente comprometidos com as finalidades do desenvolvimento científico e
tecnológico.
Hoje, início da segunda década do século XXI, o Brasil conta com 22 FAP,
mais o Distrito Federal. Restam apenas os estados de Rondônia, Roraima, Amapá e
Tocantins para completar o quadro de instituições estaduais de amparo à pesquisa
no país. A mais recente, com atividades iniciadas em 2008 é a Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA).
Em 2007, foi criado oficialmente, o Conselho Nacional das Fundações
Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP). Uma organização sem fins lucrativos
que tem como objetivo articular os interesses das agências estaduais de fomento à
pesquisa. Ele agrega as 23 fundações existentes e tem como finalidades descritas
no Art. 2º, de seu Estatuto:
a) funcionar como órgão de coordenação e articulação dos interesses das
Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa dos Estados, do Distrito
Federal e entidades equivalentes;
b) contribuir para o aperfeiçoamento da Política Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação e, também, para a formulação e avaliação de
objetivos e diretrizes, definição de prioridades e alocação de recursos,
visando ao aprimoramento do processo de desenvolvimento científico e
tecnológico em todo território nacional;
c) buscar a consolidação do espaço político-institucional das fundações
estaduais de amparo à pesquisa como agentes operacionais que apoiam,
formulam, implementam e desenvolvem regionalmente ciência, tecnologia
e inovação;

41

d) apoiar, com base na integração entre os Sistemas Estaduais de CT&I, a
consolidação da articulação técnica-política, as diretrizes governamentais
e interesses da comunidade científica e tecnológica, fortalecendo e
aperfeiçoando o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação;
e) funcionar como instância de intercâmbio de experiências, informações,
cooperação técnica e capacitação entre os seus membros;
f) promover a articulação entre os organismos federais e as fundações
estaduais de amparo à pesquisa dos Estados, do Distrito Federal e
entidades equivalentes;
g) ampliar o espaço político-institucional das Fundações e Entidades de
Amparo à Pesquisa na formulação e implementação da Política Nacional
de Ciência, Tecnologia e Inovação;
h) estimular os programas regionais de ciência, tecnologia e inovação.
A importância dessas fundações para o desenvolvimento de cada estado e do
país, ainda não foi totalmente absorvida pelos diferentes segmentos da sociedade
civil, principalmente das regiões Norte/Nordeste. A data de criação delas é
apresentada nos quadros a seguir, corroborando a afirmação acima. As mais antigas
datam da década de 60 e 80: uma na região sul, três na região sudeste e uma na
região centro-oeste, na sede administrativa da União, áreas consideradas as mais
desenvolvidas da nação.
O setor produtivo precisa das inovações tecnológicas fomentadas por essas
instituições, pois são elas que capacitam os recursos humanos, a partir da liberação
de bolsas, principalmente de pós-graduação, e de incentivos à iniciação científica,
apoios tão necessários ao crescimento sócio-cultural de qualquer civilização.
A seguir, os quadros 2 e 3 mostram algumas FAP, e suas missões.

42

Quadro 2 - Relação das FAP mais antigas.
FAP

Fonte: CONFAP (2009).

Estado

Ano
criação

SP

1960

RS

1964

RJ

1980

DF

1982

MG

1985

Missão
Apoiar a pesquisa científica e tecnológica
por meio de Bolsas e Auxílios a Pesquisa
que contemplam todas as áreas do
conhecimento:
Ciências
Biológicas,
Ciências da Saúde, Ciências Exatas e da
Terra, Engenharias, Ciências Agrárias,
Ciências Sociais Aplicadas, Ciência
Humanas, Lingüística, Letras e Artes.
Promover a inovação tecnológica do
setor produtivo, o intercâmbio e a
divulgação científica, tecnológica e
cultural; estimular a formação de
recursos humanos, o fortalecimento e a
expansão da infra-estrutura de pesquisa
no Estado.
Fomentar a pesquisa e a formação
cientifica e tecnológica necessárias ao
desenvolvimento sócio-cultural do Estado
do Rio de Janeiro.
Estimular, apoiar e promover o
desenvolvimento científico, tecnológico e
de inovação do Distrito Federal, visando
ao bem-estar da população, defesa do
meio ambiente e progresso da ciência e
tecnologia.
Induzir e fomentar a pesquisa e a
inovação científica e tecnológica para o
desenvolvimento do Estado de Minas
Gerais.

43

Quadro 3 - Relação das FAP do Nordeste
FAP

Fonte: CONFAP (2009)

Estado

Ano
criação

AL

1990

BA

2001

CE

1990

MA

2003

RN

2003

PB

1992

PE

1989

PI

1994

SE

2005

Missão
Promover o progresso das ciências, o
aprimoramento dos sistemas produtivos,
estimular a capacitação tecnológica e a
formação de RH especializados.
Viabilizar ações de Ciência, Tecnologia e
Inovação
para
o
desenvolvimento
sustentável da Bahia.
Estimular o desenvolvimento científico e
tecnológico no Ceará, por meio do
incentivo e fomento à pesquisa, à
formação e capacitação de rh. Além do
desenvolvimento da tecnologia e à
difusão dos conhecimentos científicos e
técnicos produzidos.
Promover o desenvolvimento científico e
tecnológico, por meio de financiamento de
pesquisas e de atividades voltadas para a
inovação tecnológica desenvolvida pelas
comunidades científicas.
Apoiar e fomentar a realização da
pesquisa científica, tecnológica e a
inovação
para
o
desenvolvimento
humano, social e econômico do RN.
Promover o desenvolvimento científico e
tecnológico da Paraíba, por meio do
fomento à ciência, tecnologia e inovação
mantendo estreita sintonia com o
atendimento às necessidades sócioeconômicas
que
afetam
seu
desenvolvimento sustentável.
Promover o desenvolvimento científico e
tecnológico do Estado de Pernambuco,
utilizando-se do fomento à ciência,
tecnologia e inovação, mantendo estreita
sintonia com o atendimento às suas
necessidades sócio-econômicas.
Estimular o desenvolvimento científico e
tecnológico do estado do Piauí, alocando
recursos para pesquisas e para a
capacitação de recursos humanos.
Fomentar a pesquisa e inovação,
divulgando e transferindo o conhecimento
em C&T, de forma a contribuir para o
desenvolvimento sustentável do Estado.

44

A primeira FAP nordestina foi criada em 1989, no estado mais desenvolvido
da região, a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco
(FACEPE).

Lamentavelmente,

não

consta

em

seu

site,

disponível

em

http://www.facepe.br/, nenhum Relatório de Atividades, para que se possa triangular
alguns dados de incentivo/fomento, com os estados contíguos.
No ano seguinte, 1990, Alagoas, detentora de um pequeno parque industrial,
mas almejando promover o progresso das ciências, o aprimoramento dos sistemas
produtivos, estimular a capacitação tecnológica e a formação de recursos humanos
especializados, criou a sua FAP. Segundo os últimos relatórios publicados, sobre a
atuação da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado (FAPEAL), no ano de 2007,
foi aprovada a destinação de recursos na ordem de R$ 1.119.486,00 para o
financiamento de auxílios à pesquisa, de projetos especiais de cunho estratégico,
incluindo os recursos das contrapartidas dos arranjos produtivos locais, e de eventos
científico-culturais de interesse do Estado e aproximadamente R$ 2.727.152,00 para
as bolsas destinadas ao Projeto de Apoio a Programas de Pós-Graduação.
Em 2008, a destinação foi da ordem de R$ 1.472.258,00 para auxílios à
pesquisa, projetos especiais de cunho estratégico e eventos científico-culturais de
interesse do Estado e aproximadamente R$ 4.961.409,31 para as bolsas destinadas
ao Projeto de Apoio a Programas de Pós-Graduação.
Em 1992, foi a vez da Paraíba que, com a mesma missão das outras FAP,
incorporou

as

questões

sócio-econômicas

que

afetam

o

desenvolvimento

sustentável. Dados de seu último relatório de atividades publicado em 2009, anobase 2008, mostram que foi repassado à instituição, em contrapartidas, R$
1.025.949,94, porém o débito chega R$ 3.644.285,32.
A criação dessas fundações muito colaborou no desenvolvimento científico e
tecnológico do país. A produção de artigos publicados, nas 10,5 mil principais
revistas científicas do mundo, subiu de 3.065 em 1990, para 30.021 em 2008, de
acordo

com

o

relatório

da

Thomson

Reuters

(2009),

disponível

http://researchanalytics.thomsonreuters.com/m/pdfs/GRR-Brazil-Jun09.pdf,
versão original em inglês.

em
na

45

Quadro 4: Produção brasileira de artigos publicados de 1998 a 2008
ÁREA

% em 1998

% atual

2,62
3,07
2,20
1,47
1,65
1,68
1,28
1,95
1,29
2,28

3,91
3,72
2,86
2,63
2,55
2,40
2,11
2,08
1,97
2,28

Plantas e Animais
Ciências Agrárias
Microbiologia
Meio Ambiente e Ecologia
Farmacologia e Toxicologia
Neurociência e Comportamento
Imunologia
Ciências Espaciais
Biologia e Bioquímica
Física (manteve-se estável)
Fonte: Thomson Reuters (2008)

Não existe desenvolvimento sustentável sem investimentos maciços e
contínuos em educação, ciência, tecnologia e inovação. A parceria entre as FAP e
as agências federais de fomento tem sido de vital importância para a pesquisa
nacional. O país ainda engatinha nas questões da inovação tecnológica, mas já
ocupa posição de relativo destaque no cenário mundial em C&T.
Nas universidades está a grande maioria dos pesquisadores brasileiros.
Borges (2010), atual presidente do CONFAP, em entrevista à Associação Nacional
dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), afirma que
as universidades são os principais clientes das FAP tendo, portanto, papel
fundamental nesse novo contexto de inovação e de relação com o setor empresarial.
Este modelo é hoje conhecido como hélice tríplice (academiaempresa-governo). Dessa forma, os investimentos realizados com
recursos públicos retornam para a sociedade na forma de novos
produtos, empregos, alternativas de renda, geração de riqueza e
melhoria da qualidade de vida (BORGES, 2010).

No entanto, há também, que se divulgar/comunicar toda esta produção
científica e tecnológica, não só para que o cidadão comum saiba onde está sendo
investido cada centavo do percentual da arrecadação do estado, destinado às FAP,
como também, para favorecer a socialização e a construção do conhecimento do
jovem aspirante à academia.
Foi a partir do século XVIII, com as chamadas “circunstâncias especiais para
o trabalho científico” destacando-se o caráter sigiloso do conhecimento, o
aparecimento das sociedades científicas e suas publicações, que se iniciaram as
atividades da comunicação da produção científica.

46

O homem sempre foi movido pela curiosidade e, neste sentido, a
busca pelo conhecimento é tão remota quanto ele próprio. O
conhecimento, seja ele empírico, moral, jurídico, religioso ou
científico, não existe fora da relação do homem com a natureza e
com outros indivíduos (MAIA e CAREGNATO, 2008, p.1).

Menzel (1958) apud Targino (2000) sistematizou as funções desta
comunicação como uma ação necessário para:
fornecer respostas a perguntas específicas;
concorrer para a atualização do cientista no campo de sua
atuação;
estimular a descoberta e a compreensão de novos campos de
interesse;
divulgar as tendências de áreas emergentes, fornecendo aos
cientistas idéia da relevância de seu trabalho;
testar a confiabilidade de novos conhecimentos, diante da
possibilidade de testemunhos e verificações;
redirecionar ou ampliar o rol de interesse dos cientistas;
fornecer feedback para aperfeiçoamento da produção do
pesquisador.

O cumprimento destas funções acontece por meios variados estabelecendo
assim um sistema composto pela comunicação formal, estruturada, ou planejada e,
também pela comunicação informal, não estruturada, ou não planejada. A formal é
caracterizada pelas publicações escritas, com divulgação mais ampla como:
periódicos, livros, relatórios, índices, entre outros. A informal usa a oralidade e inclui
a transferência da informação por vias pessoais e/ou não formais, como: relatos de
pesquisas ainda não concluídas e/ou em andamento apresentados em reuniões
científicas.
Os primeiros periódicos, de caráter exclusivamente científico, surgiram na
Europa: o Journal des Sçavans e as Philosophical Transactions of the Royal
Society of London, ambos do ano de 1665, publicados por sociedades científicas.
Para Meadows (1999), a publicação destes tipos de artigos é o principal indicador da
produção científica de um país. Proporciona visibilidade e promove a carreira
acadêmica, bem como o desenvolvimento da pesquisa, o que, para Ziman (1979),
facilita a obtenção de financiamentos junto a órgãos de fomento. O reconhecimento
deste tipo de periódico, no meio científico, é determinado por indicadores, como: a
quantidade de artigos publicados, o índice de citação e a visibilidade internacional.
Atualmente, as mais procuradas bases para o levantamento desses dados são: o
Institute for Scientific Information (ISI), e a Scientific Electronic Library Online
(SciELO).

47

Progressos foram alcançados, tanto na imprensa, quanto na ciência,
ocasionando um consenso do que divulgar, para que divulgar, e para quem divulgar.
Alguns cientistas assumiram o encargo de escrever sobre suas pesquisas para o
grande público e a disseminação de tal conhecimento passou a obedecer a padrões
determinados pela própria comunidade científica, primando pela qualidade,
confiabilidade e credibilidade.
Almeida (1929) apud Massarani e Moreira (2004)9, no seu discurso de posse
como presidente da Academia Brasileira de Ciências, para o biênio 1929 -1930, se
referindo à ciência pura, afirma:
A Academia foi constituída dentro de moldes severos e
profundamente idealistas. Ela tomou para si, como fim principal, o
desenvolvimento da Ciência Pura no Brasil. Quis deixar bem patente
o seu respeito pela Ciência desinteressada e tratou de criar em seu
seio uma espécie de culto pelo espírito científico no que ele tem de
mais elevado e mais nobre. (...) O conhecimento vale por si,
independente de sua utilização, e esse valor é bastante grande para
que se não meçam os esforços no afã de adquiri-lo. Ela procurou
mostrar a beleza e a dignidade da pesquisa científica e como a
descoberta de uma lei natural ou a evidenciação de um fenômeno
novo é por si só um objetivo, tem uma finalidade própria.

Em 1931, asseverava que “a vida moderna estava cada vez mais dependente
da ciência e cada vez mais dela impregnada”:
(...) não são só as pessoas cujas profissões reconhecidamente têm
uma base científica, como a Medicina ou a Engenharia, que têm
interesse em estar mais ou menos em permanente contato com
diferentes ciências. Hoje, todas as indústrias, a agricultura e um
grande número de outras profissões sofrem uma evolução rápida,
devido à introdução dos métodos e processos científicos. A técnica
moderna evolui para um estado racional, muito mais preciso e de
rendimento muito maior (MASSARANI e MOREIRA, 2004).

Segundo Kreinz (2008, p.8): “o ato de divulgar ciência equivaleria, portanto, a
transformar em linguagem pública o discurso cifrado ou especializado do produtor de
conhecimento, ou cientista”.
Trata-se da decodificação da linguagem usada para repassar a informação
científica e/ou tecnológica aplicando os mais diversos meios de comunicação de
massa, muitas vezes denominada também de vulgarização ou popularização da
ciência.
Um trabalho consistente e ininterrupto de conscientização da necessidade de

9

Recorreu-se ao discurso publicado em outra obra, por ter sido o mesmo retirado do site da Academia Brasileira de Ciências,
numa de suas atualizações.

48

se divulgar a ciência, aliada à educação científica, fará dela, de acordo com Bueno
da Costa (2008), parte integrante no dia a dia da comunidade universitária.
A cobertura de ciência e tecnologia pressupõe conhecimentos
básicos de história, filosofia e sociologia da ciência, do sistema de
produção científica e em particular das relações nem sempre claras
entre ciência e tecnologia, poder econômico, poder político, militar
etc. É fundamental, portanto, uma formação sólida para que o
jornalista/divulgador não se torne refém das fontes, muitas delas
comprometidas com interesses extra-científicos.

Esse processo comunicacional tem como emissor o próprio pesquisador ou
cientista e sua transferência ocorre por canais de comunicação, classificados como
formais e informais, possuindo ambos, igual importância no contexto geral. Os
formais respeitam rigorosas normas para efetivar a comunicação. Buscam a
avaliação dos pares formalizando o conhecimento produzido para os membros da
comunidade científica. A troca de informações entre eles é a definição mais comum
de comunicação científica.
Para Dias (2008, p.2), é por meio dela que os pesquisadores se mantêm
informados sobre as tendências da área, os estudos já realizados e seus resultados.
O ato de publicar, por exemplo, assume ainda outras funções, como
a de estabelecer prioridade da descoberta científica, reconhecer e
promover o cientista de acordo com a qualidade e importância de
suas descobertas, e como prova definitiva de efetiva atividade em
pesquisa científica.

Nestes casos, nomeia-se veículo formal, o periódico científico, considerado,
ainda segundo Dias (2008), o arquivo oficial dos pesquisadores, pois um artigo
publicado em uma revista conceituada representa bem mais do que a opinião do
autor. Para Ziman (1968) apud Dias (2008), “leva o selo de autenticidade científica
outorgado pelo editor e os examinadores por ele consultados”.
Costa (2005) afirma que a comunicação científica “constitui um tópico muito
explorado e discutido na ciência da informação ao longo das últimas quatro
décadas” e também, que vem surgindo um movimento entre os pesquisadores
acadêmicos, principalmente das ciências exatas e naturais, no sentido de divulgar
suas pesquisas e resultados o mais amplamente possível.
Na comunicação informal, o repasse da informação, enquanto ainda proposta
de pesquisa, é apresentada, pelo autor aos seus pares e vai gradualmente
obedecendo a normas e procedimentos de formalização, integração e avaliação. É
destinada a uma audiência restrita, pois é por meio dela que se busca nos pares as

49

críticas, sugestões e até apoios para prosseguir a pesquisa.
Hernández Cañadas (1987, p. 25), ao analisar os prós e contras, de fazer
chegar o conhecimento científico ao grande público, adverte quanto ao uso
indiscriminado das designações usadas na classificação de tal tipo de comunicação.
Os termos difusão, disseminação e divulgação científicas são, muitas vezes,
utilizados sem o devido rigor conceitual.
Assim sendo, conceitua-se divulgação científica como a "(...) comunicação
entre ciência e sociedade", onde, o fundamental reside em comunicar em linguagem
acessível "(...) os fatos e princípios da ciência (GONZALEZ, 1992, p. 19).
Reis (2006) apud Kreinz (2009, p. 2), afirma que a divulgação científica
“realiza duas funções que se completam: em primeiro lugar, a função de ensinar,
suprindo ou ampliando a função da própria escola; em segundo lugar, a função de
fomentar o ensino”. Sem esta divulgação, não pode haver cultura científica e muito
menos a educação científica.
“Poucos conseguem unir as habilidades de escrever bem às de dominar
assuntos científicos ou tecnológicos para torná-los atraentes aos olhos do grande
público”. (BRAGA, 2008, p.1)
Para Nunes (2008, p.9), divulgar ciência é o assunto do momento. É essencial
para a construção da sociedade, pois cada dia mais os educadores “estão
preocupados com a questão da alfabetização científica”. Com o aumento da
escolarização surgiu o interesse do público pelo assunto e os principais jornais
incluíram tais temas em suas pautas. Porém, os jornalistas, em grande maioria,
pouco familiarizados com estas questões, dão prioridade aos assuntos factuais.
Clark et al. (2005), afirma que “novidades, raridades, aspectos inusitados,
bizarros, diferentes, esperanças são elementos viscerais do jornalismo. Atrair a
atenção do público para o fato relatado é a regra”. No entanto, na hora de
divulgar ciência, ele adverte que todo cuidado se faz necessário, trata-se de um
trabalho de anos, que pode ou não ter o resultado esperado.
Os meios mais adequados para a divulgação científica são as informações
veiculadas em redes eletrônicas públicas, as revistas de popularização da ciência,
os artigos de jornal, entre outros.
Numa sociedade democrática é fundamental levar até aos cidadãos
conhecimentos sobre ciência e tecnologia que invadem suas vidas,
que cada vez mais moldam os seus cotidiano e o seu futuro,
permitir-lhes que compreendam, as vejam de uma forma crítica, que

50

desenvolvam as ferramentas para o seu controle social e que
consigam fazer conscientemente as suas escolhas individuais
(GRANADO e MALHEIROS apud SILVA, 2004).

Para que o repasse das informações aconteça de maneira eficiente, os
cuidados devem passar pela redação do trabalho, pela escolha do periódico e
também pela indexação dos dados, pois, para Costa (2008), divulgar ciência ajuda a
melhorar a educação, atrai os jovens ou entusiastas para o convívio no meio
científico e ajuda a desmistificar conceitos equivocados e mitos sobre o papel do
cientista.
A importância dada ao jornalismo científico e à divulgação da ciência, para o
leigo, pode ser constatada, pelo número de cursos de pós-graduação voltados à
formação de profissionais mais bem preparados para informar ao cidadão o que é
feito com parte dos tributos, por ele pago, aos cofres públicos.
É necessário explicar com clareza e honestidade o objetivo de uma
pesquisa. E não se pode falar ao público em geral do mesmo modo
como conversamos com nossos pares. (...) Se a divulgação
científica tornar-se um hábito, até mesmo os atuais critérios na
concessão de financiamento para as pesquisas poderiam mudar, à
exemplo do que já ocorre em outros países. (COSTA, 2008).

Entretanto, a falta de profissionais capacitados para este ofício pode ser
claramente verificada numa pesquisa de caráter exploratória, nos sites de busca da
web. Para a demonstração da veracidade desta afirmação, buscou-se, no Google, a
palavra Nanopoema, nome dado à gravação da palavra Infinitozinho, tirada de um
poema de Arnaldo Antunes, em um fio de espessura equivalente a dez elevado a
nona potência negativa - 10-9. Em 0,28 segundos, aproximadamente, 1950
resultados foram expostos.
Na página de um jornal de grande alcance, foi encontrada a matéria retratada
acima trazendo os itens básicos e necessários para identificação:
- Data: 27 abr. 2009
- Título: Brasileiros fazem o seu primeiro “nanopoema”
- Autor: José Alberto Bombig (enviado especial a Campinas)

51

Figura 2: Matéria publicada em 27/04/2009 (grande mídia)

Fonte: Google (2009). Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u556683.
shtml. Acesso em 01 set. 2009.

Com a mesma data de publicação, 27 de abril de 2009, foi encontrada mais
uma página, desta vez de um boletim especializado, sem identificação de autoria,
com o mesmo título e o mesmo texto, postado no periódico exibido acima.
Em outro periódico, que divulga informações diversas das principais
universidades, de um estado do sul do país, foi postado, no dia 06 de maio de 2009,
o mesmo texto, com o mesmo título, omitindo, também, o nome do autor.
Para complementar e melhor embasar a reflexão sobre a formação
profissional e/ou capacitação do Divulgador Científico, buscou-se o periódico de uma
FAP da região sudeste que, embora cite a fonte, também exibe o mesmo texto, com
o mesmo título, poucos dias depois.

52

Figura 3: Matéria publicada em 05/05/2009, em Boletim de uma FAP
da região sudeste.

Fonte: FAPESP na Mídia (2009). Disponível em: http://www.bv.fapesp.br/namidia/noticia/28814/%20
brasileiros-fazem-primeiro-nanopoema/. Acesso em. 2009

Os

textos foram

copiados e

replicados em

periódicos

diferentes

demonstrando certo despreparo para o desempenho da divulgação científica.
Ressalta-se que a noção de autoria vai se diluindo na medida em que tais
publicações são reapresentadas em diversos meios.
A figura 4 mostra o Nanopoema. O primeiro poema grafado com tecnologia
especial numa estrutura na escala de nanômetros, elaborado a partir da união de
dois institutos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Laboratório
Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). Também, faz uma alusão à falta de investimento
na formação dos divulgadores científicos deste país.

53

Figura 4 - Fotografia feita em microscópio especial mostra o
Nanopoema brasileiro.

Fonte: Folha Online (2009). Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u
556683.shtml. Acesso em 01 set. 2009

Essas omissões de autorias, essas replicações de matérias, não
aconteceriam na comunicação entre os pares, pois de outra forma, num outro
contexto, para que um pesquisador seja (re)conhecido e respeitado é preciso que
seus trabalhos sejam divulgados e muitos já entenderam essa real necessidade,
afinal, não existe ciência sem comunicação.
Este capítulo abordou um pouco da história e das características do rádio,
sua utilização na educação como um meio de comunicação completo e não apenas
como um transmissor de mensagens, a criação das FAP e as formas de
incentivo/fomento, triangulando suas atuações em três estados da região Nordeste e
o despreparo profissional para as questões da divulgação da produção científica.

54

2. A RADIOFONIA E SEUS NOVOS FORMATOS

Quase um século separa o surgimento da Internet ao do rádio convencional,
também chamado de hertiziano. Enquanto a internet

se distingue por englobar

todas as mídias que a antecedeu, o rádio procura transformar-se e adaptar-se à
nova realidade. Este capítulo aborda questões relacionadas às gerações da web, a
linguagem utilizada nas duas mídias, as possibilidades de expansão no cenário
proposto pela cultura digital e a usabilidade dos softwares disponíveis para a
implementação de webrádios.

1.1 Web e suas gerações

Segundo Baldo (2007, p. 9), a Internet é um canal de comunicação marcado
pela mão dupla. As vias são estabelecidas entre emissores e receptores
simultaneamente com características intrínsecas que as diferenciam dos meios de
comunicação de massa convencionais. É um veículo composto por sítios nos quais
circulam informações de pessoas físicas e jurídicas possibilitando, a cada receptor,
escolher o que acessar.
A primeira geração da internet comercial, hoje denominada Web 1.0 exibia um
conteúdo pouco interativo. Suas páginas eram estáticas; os softwares eram
apresentados em versões e o processamento/armazenamento dos dados eram
locais. A usabilidade era definida pela forma como o site era aceito. Tratava-se
apenas, de mais um espaço de leitura e o usuário um mero espectador da ação que
se passava na tela. Já existiam os hiperlinks, porém apenas o criador da página
tinha acesso ás atualizações/alterações. Todos os aplicativos eram fechados.
Para Valente e Mattar (2007, p. 73), “procurava-se explorar tanto técnica
como financeiramente, todas as possibilidades oferecidas pela rede mundial”. Muitos
jovens ficaram ricos oferecendo uma série de serviços, cujo principal atrativo era a

55

praticidade. Comprar um artigo raro e comparar preços apenas navegando pela rede
se tornou possível com as lojas de varejo online como a Amazon.com. O
dinheiro gasto pelos consumidores era o alicerce das empresas virtuais, chamadas
pontocom. Suas despesas eram consideradas irrisórias, pois não tinham gastos com
funcionários e nem com a implantação de escritórios.
No entanto, no início dos anos 2000 este imenso mercado virtual chegou ao
seu limite.
Em meados de maio, o índice Nasdaq Composite da bolsa norteamericana de ações, na qual eram comercializados os papéis de
muitas dessas empresas, ultrapassou os 5.000 pontos, mais que o
dobro do registrado no ano anterior, por causa dos investimentos
especulativos nas empresas de internet. Depois desse auge, veio a
queda (COSTA, 2008, p.2).

Tais

empresas

foram

invadidas

por

uma

onda

de

falências

e,

consequentemente pela desvalorização das ações listadas na bolsa de valores. Para
Valle (2007), alguns destes serviços podem ser qualificados como tecnologias
desruptivas, devido ao seu impacto nos setores tradicionais. São tecnologias de
evolução acelerada e, segundo Cavallini (2007, p.166) se sobressaem, “seja por
terem um desempenho muito melhor, serem muito mais baratas ou por
apresentarem uma mudança radical no modo de fazer as coisas.”
Quem via a internet, não apenas como um produto, mas como uma
plataforma sujeita a alterações, na qual o usuário acessa mais do que dados,
podendo criar e editar os conteúdos conseguiu sobreviver à crise. Passou a tirar
proveito da inteligência coletiva, permitindo que colaborassem com elas na
construção e no desenvolvimento de produtos, serviços e conteúdo.
Em 2004 surgiu a Web 2.0, já sendo considerada um fenômeno tecno-social.
Para Valente e Mattar (2007, p.74) está próximo de ser um sistema operacional
como o Windows, se popularizando a partir de suas aplicações mais representativas
como: Wikipédia, youtube, podcasting, flickr, wordpress, blogger, myspace,
facebook, ohmynews e second life.

56

Quadro 5 – Web 2.0 e suas aplicações mais representativas

APLICAÇÃO
Wikipédia

YouTube

Podcasting

Flickr

WordPress
Blogger
MySpace e
Facebook
OhMyNews
Second Life

DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO
enciclopédia
livre,
cujo
conteúdo
é
desenvolvido
colaborativamente, em mais de 250 línguas. Considerada, nos
dias de hoje, a forma mais democrática e simples de qualquer
pessoa, contribuir para os conteúdos de uma página Web.
ferramenta que permite
ao usuário pesquisar, carregar,
assistir e compartilhar vídeos.
é junção das palavras iPod, nome dado ao aparelho de mídia
digital da empresa americana Apple e broadcasting, que
significa transmissão de rádio ou televisão. Trata-se de
uma ferramenta para gravação e publicação de arquivos de
áudio. Tudo que for publicado por um podcasting é chamado
de podcast e o seu autor de podcaster.
criado em 2004, para busca, armazenamento e partilha de
imagens.
é um sistema de gerenciamento de conteúdos, escrito em
PHP, que utiliza banco de dados MySQL, especialmente para
a criação de blogs.
ferramenta da plataforma Google, para publicar textos,
notícias, idéias e reflexões.
sites de relacionamento.
agência de notícias.
ambiente virtual, em 3D, que simula aspectos da vida real,
entre outros.

Fonte: Quadro elaborado pela autora do estudo, baseado em glossários da internet (2010)

Em torno dessa denominação, Web 2.0, existe muita polêmica. Para alguns,
significa uma nova era digital; para outros, apenas uma jogada de marketing, vista
pelas empresas como um ótimo canal para estreitar relações com os internautas e
incrementar seus negócios.
MacManus apud Jones (2009, p. 99) afirma ser “extremamente difícil definir a
Web 2.0 em termos técnicos”. Ele questiona a “qualidade dos conteúdos, uma vez
que todos podem contribuir”, pois nesta segunda geração os princípios são
baseados no fortalecimento da inteligência coletiva, ou seja, na construção do
conhecimento coletivo, na gestão das bases de dados e no fim das atualizações das
versões de softwares pagos. Ela transforma a web em uma plataforma aberta,
construída sobre uma arquitetura simples, com ampla participação dos usuários

57

retroalimentando sua evolução, uma tendência que reforça o conceito de troca de
informações e de colaboração dos internautas com sites e serviços virtuais, o que
vem provocando algumas discussões mais acirradas sobre o processo de autoria
coletiva.
Em se tratando de produção de textos, segundo Axt e Martins (2004, p.3),
O processo de autoria é uma tarefa complexa e cíclica. É um
processo aberto, que nunca chega a um ponto de finalização
concreto, pois a cada retomada do texto surgem modificações, na
tentativa de sempre melhorar o sentido do que está exposto. Além
da formulação em texto para expressar idéias, a autoria envolve
outras atividades, como a coleta de dados, a formulação de
intenções, de planejamento e a revisão de metas.

Qualquer turbulência no gerenciamento dessas atividades poderá afetar
negativamente a qualidade do que foi produzido, pois “cada contribuição inserida no
texto pode estabelecer um desequilíbrio na construção de sentidos” (AXT E
MARTINS, 2004, p.7).
Nesse conjunto de elementos textuais encontra-se a wikipédia, citada neste
mesmo capítulo, como uma das representações mais significativas da Web 2.0.
Projeto de uma organização internacional, Wikimedia Foundation, sem fins
lucrativos, que “busca um mundo em que cada ser humano tenha livre acesso à
soma de todos os conhecimentos” 10, incentivando a colaboração e a edição de todo
conteúdo disponibilizado em seu acervo.
Para o mercado fonográfico, esta nova geração não trouxe muitos benefícios.
Enxugou as receitas das grandes gravadoras fazendo-as repensar os modelos
atuais de negócios, pois vários recursos que abrangem não só a audição, mas todos
os outros sentidos foram agregados à internet. Os hábitos de consumo de música
mudaram completamente, e a própria relação entre produtores, artistas e o público
consumidor alterou-se de tal forma, que vivemos um mercado musical diferente em
muitos aspectos, se o compararmos ao existente dez anos atrás.
Outra característica importante é a de extrapolar os limites do computador. A
web 2.0 possui aplicações que funcionam bem em celulares, computadores de mão
(PDAs), Sistema de Posicionamento Global (GPS) e outros eletrônicos com acesso
à internet. O avanço destas tecnologias redesenha a educação e o seu papel
oferecendo mais oportunidades de ensino e aprendizagem.

10

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikipedia:Introdução. Acesso em 16 mar. 2010.

58

Para Valente e Mattar (2007, p.76), esta segunda geração da web deu origem
ao desktop móvel, tornando praticamente desnecessário ter um PC: “(...) é possível
manter todo o conteúdo do seu computador online, manejando-o em qualquer
momento e de qualquer máquina, incluindo aplicativos e sistemas operacionais”.
Segundo Kerres (2006) apud Voigt (2007), as suas características centrais
são resumidas nas seguintes comparações:
- usuário versus autor: enquanto na “web 1.0” o usuário era visto como
recipiente de uma página, na “web 2.0” ele torna-se também autor, incluindo
opiniões e conteúdos. Em vez de apenas ler, o usuário modifica e (re)cria
conteúdos;
- local x remoto: as fronteiras entre processamento/ armazenamento local e
remoto de dados deixam de existir. Os dados que antes eram gravados no
computador pessoal agora migram para servidores remotos e podem ser
acessados via navegador de internet a partir de qualquer lugar;
- privado x público: o privado torna-se cada vez mais público. Arquivos,
acontecimentos pessoais, agenda, lista de favoritos são compartilhados na
rede e tornam-se acessíveis a outras pessoas.
Em função dessas mais recentes ferramentas redesenha-se a EAD. Mattar
Neto (2008), explica que nos primórdios prevalecia o uso da correspondência,
depois do rádio e da TV. Registros comprovam que o início se deu no século XVIII,
mais precisamente em 1728, quando o professor de taquigrafia Caleb Philipps,
publicou um anuncio na Gazeta de Boston (Massachussets, Estados Unidos),
ofertando cursos, com material enviado semanalmente, para qualquer pessoa em
outro município.
Quando surgiu a Internet foi denominada EaD 2.0. Era a fase do e-learning.
Hoje, início da segunda década do século XXI, com a Web 2.0 proporcionando a
possibilidade de trabalhar com ambientes tridimensionais dotados de áudio, vídeo,
hipertextos e interação, síncrona e assíncrona, vive-se a onda da EAD 3.0.
A possibilidade de criar locais de aprendizagem mais lúdicos e ricos
em várias dimensões provoca nos alunos uma interação mais intensa
e prazerosa com seus colegas, com o professor, com o conteúdo e
principalmente com os objetos e o próprio ambiente, no seu caminho
para o conhecimento (MATTAR NETO, 2008).

O quadro a seguir mostra o desenvolvimento da EAD, desde a época do
anúncio de Caleb Philipps, em 1728, até os dias atuais com a utilização ambientes

59

de aprendizagem tridimensionais que simulam aspectos da vida real tornando as
plataformas menos herméticas, conseqüentemente mais atraentes, como por
exemplo o second life.

Quadro 6 - EAD 1.0, 2.0 e 3.0
EAD 1.0

EAD 2.0

EAD 3.0

Comunicação unilateral

Interação

Ambientes virtuais (SL)

Fordismo

Internet (TIC)

Sloodle

Correio

Web 2.0

Neofordismo

Televisão

LMS ( Moodle)

Tecnopedagogia

Rádio

Pós-fordismo

Web 3.0

Fonte: Valente e Mattar (2007)

Constata-se, portanto, que o usuário não é mais passivo. É um produtor e
receptor de informações.

Para Valente e Mattar (2007, p.85), a criação de

conteúdos ficou tão mais fácil que já se pode até falar de uma “sociedade de
autores”. “Afinal, na rede, tudo é visto como matéria-prima podendo ser retrabalhada
de acordo com as necessidades” (VALENTE e MATTAR, 2007, p.84). Isto significa
que o aluno passa a ser também autor podendo participar da produção do material
didático institucional. Esta criação conjunta, segundo Voigt (2007) deve considerar a
qualidade do conteúdo e os pressupostos curriculares.
O pesquisador afirma ainda que novas tecnologias e novas maneiras de
compreender a internet podem superar o que sempre foi considerado uma
desvantagem da EAD: a carência de socialização e a participação coletiva.
A internet permite conectar pessoas, mas o paradigma de todos
conectados ao mesmo tempo não é de forma alguma normativo. Os
modelos assíncronos estão em maior sintonia com as necessidades
e possibilidades atuais. A maioria dos serviços da web 2.0 aproveita
as vantagens da assincronia, que permite não apenas flexibilidade,
mas também criação de comunidades e redes sociais. Grupos não
existem somente quando pessoas estão reunidas no mesmo local e
no mesmo horário (VOIGT, 2007, p.6).

Na tentativa de melhorar a interação, síncrona e/ou assíncrona entre alunos,
tutores e

professores,

segundo

Voigt

(2007), questões consideradas em

desvantagem na EaD, surgiram diversas plataformas e projetos. O Simulation Linked

60

Object Oriented Dynamic Learning Environment (Sloodle), um projeto para integrar
a plataforma Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (Moodle), uma
das mais utilizadas, ao mundo 3D do Second Life, no qual estão disponibilizadas
várias ferramentas de apoio ao processo ensino/aprendizagem, totalmente
integradas e testadas pelo sistema de gestão web-based learning, vem sendo
utilizado por milhares de educadores e alunos de todo o mundo.
E os avanços continuam. A Web 3.0, também chamada de Web Semântica,
deverá proporcionar a todos os usuários um único perfil na rede, baseado no
histórico de navegação de cada um. Esta denominação da terceira geração da
internet foi proposta por Berners-Lee, criador da www, buscando melhorar e/ou
otimizar as pesquisas realizadas na Web.
Nesse contexto, foi proposta uma série de inovações tecnológicas, para que
as máquinas sejam dotadas de ferramentas inteligentes, coletando conteúdos de
diversas fontes, processando estas informações e compartilhando os resultados com
outros programas proporcionando assim a capacidade de raciocínio, deduzindo o
conteúdo dos documentos armazenados em seu banco de dados, visando melhorar
a satisfação do usuário no momento da busca, retornando-lhe as informações
adequadas às suas necessidades.

2.2 A linguagem radiofônica e o internetês

Segundo Santaella (2007, p.191) não se pode separar o som da fonte que o
produz; não se pode separar também a fala da vibração que ela provoca no ar, no
entanto, tudo que parecia apenas óbvio foi se expandindo com o surgimento das
tecnologias, complicando a simplicidade aparente dos entrelaces da lin guagem
naquilo que lhe dá corpo. “O que, no mundo artesanal, era chamado de suporte
passou a ser denominado meio de comunicação” (SANTAELLA, 2007, p.192), pois o
poder da reprodutibilidade dos signos aumenta o público receptor, aumentando, em
conseqüência, o seu poder comunicacional.
Sabe-se que o rádio "fala" e que para entendê-lo basta ouvir. Por isso sua
grande vantagem sobre as mídias eletromecânicas. Ele desperta a imaginação pela
emoção das palavras e pelos recursos de sonoplastia, permitindo que as
mensagens tenham matizes individuais. Para ouvi-lo é necessário apenas que haja
um emissor, pois pode estar presente no local dos acontecimentos e transmitir as

61

informações mais rapidamente do que qualquer outro veículo de comunicação: esta
é uma de suas principais características Permite trazer o mundo ao ouvinte
enquanto os fatos vão acontecendo. Portanto, cada palavra tem que ter um
significado preciso, envolvente e estruturado. Assim, se contextualiza a linguagem
radiofônica, que além de assumir a separação entre os blocos, também funciona
como um método de interligação entre eles.
De uma maneira bem didática, pode-se dizer que ela é composta de voz,
música, efeitos sonoros e silêncio. São elementos que atuam isoladamente ou
combinados, de acordo com a necessidade, pois transmitem sensações, conceitos
ou representações. Desta forma, a palavra mostra-se como o principal componente.
É em torno dela que tudo se articula e, segundo Santiago (2007), o timbre de voz, o
tom e o ritmo é que vão definir a personalidade do texto sonoro construindo um
estilo.
A música, neste caso, pode ser comparada à imagem. É ela que cria as
sensações de tranqüilidade, de angústia, de temor, de alegria, entre outras. É ela
que assume a função expressiva, contribuindo para a construção do clima
emocional, caracterizando um personagem, ou enfatizando uma situação. O efeito
sonoro representa o ruído incorporado intencionalmente. Ele ajuda a criar
ambientes, ou situações emocionais. No entanto, é o silêncio, que se utilizado de
forma adequada, vai enriquecer o texto, pois pode representar um mistério, uma
dúvida, gerar sensações de expectativa ou de inquietude.
Meditsch apud Almeida (2008, p.5), afirma que a linguagem radiofônica é
como “algo que vai muito além da oralidade e se revela como o aprimoramento da
linguagem escrita diante de uma nova tecnologia (...)”, confirmando que os textos
rádiofônicos são produzidos para os ouvidos e não para os olhos.
Considerando que um relato é a explicação daquilo que o repórter presenciou
e que se destina a todos, independente de classe social ou cultural, ele deve ser
simples e claro. Contudo, “clareza não significa banalização, nem simplicidade
significa abastardamento da língua” (CRATO, 1982, p.122).
Para a elaboração de um texto radiofônico, é preciso unir clareza com o rigor
da linguagem. As frases devem ser curtas e com o mínimo de expressões para
facilitar a compreensão do ouvinte e permitir ao locutor gerenciar a sua capacidade
respiratória, pois é ele quem dá a harmonia usando separadores musicais ou ruídos

62

com efeitos equivalentes aos parágrafos, permitindo o corte na possível monotonia
para prender a atenção do ouvinte.
Na Internet, o rádio apresenta formas interativas inimagináveis em seu
conceito original. Constrói um sistema dialógico que altera tanto o modelo
comunicacional, produzindo entre ouvintes, uma linguagem própria que simplifica a
grafia utilizando símbolos e abreviaturas, dando à escrita a liberdade da língua
falada: um neologismo denominado internetês.

Quadro 7 - Escrita formal X internetês

vc, vs

você(s)

aki

aqui

ag

agora

xau

tchau

Ksa

casa

abç

abraço

kbça

cabeça

q

que

vlw

valeu

ñ, naum

não

eh

é

flw

falou

jg

jogo

risada

9da10

novidades

hj, oj

hoje

Kkk,
rsrs
axo

acho

bj

beijo

blz

beleza

fmz

firmeza

t+

até mais

Fonte: Smaal (2009)

Como nas transcrições fonéticas, utilizadas em closed captions (legenda
oculta), no método estenotipado, no qual um técnico digita, em alta velocidade, num
teclado especial, com a representação de letras e grupos de fonemas, a regra é
passar a idéia, rapidamente, abreviando palavras, suprimindo vogais, concatenando
letras e números, substituindo acentos e criando acrônimos.
É possível ainda resumir informações através dos emoticons, que
nada mais são do que rostos que demonstram as mais diversas
expressões (...) (SMAAL, 2009).

Para Marconato (2009), a ansiedade por contato teria estimulado a busca de
novas formas de expressão ligeira e funcional. “No pacote, vieram a simplificação da
linguagem e a farta eliminação de vogais”.
Segundo Galli (2004, p.2), o surgimento desta linguagem, no seu sentido
amplo, é um dos processos mais importantes da universalidade. “As expressões, no
campo da lexicologia e da terminologia, ultrapassam o contexto cibernético e

63

representam um fator concreto da globalização”. Essa relação entre o rádio e a rede
mundial de computadores democratiza o meio e transforma qualquer ouvinte em
produtor, pois ainda, segundo a pesquisadora (GALLI, 2004 p.3): “a comunicação
virtual introduz um conceito de descentralização da informação e do poder de
comunicar. Todo computador, conectado à Internet, possui a capacidade de
transmitir palavras, imagens e sons”.
Numa webrádio universitária, destinada prioritariamente à divulgação da
produção científica gerada na instituição, faz-se necessário reunir a linguagem
radiofônica, à do jornalismo científico e à da web, tendo todas em comum, a
preocupação com o entendimento do ouvinte. A informação deve ser passada de
forma clara, precisa e concisa. Neste caso, específico de rádio online, não se
recomenda utilizar palavras como “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite” uma vez que o
conteúdo deve ser disponibilizado para ser acessado a qualquer hora. O locutor
deve sempre informar o dia da semana e o dia do mês, para que o ouvinte não se
confunda ao ouvir frases como: “hoje acontece...”.
Este novo formato midiático além de ser diferenciado, possibilita um aumento
qualitativo da informação permitindo a elaboração de programas especializados,
para cada tipo de assunto, abrindo espaço para todo e qualquer tipo de discussão.
Tais programas devem ser construídos levando-se em consideração os
objetivos comunicacionais e as necessidades dos usuários. As aplicações precisam
ser consistentes, permitindo a reversibilidade e assegurando que não se perca um
trabalho por consequência de um erro. O sistema operacional deve resolver todos os
possíveis problemas, ou sugerir algumas soluções, mas nunca emitir respostas que
meramente informem que ouve uma falha. A facilidade de uso provoca maior
produtividade, pois memoriza-se as operações com maior rapidez e comete-se
menos erros.

2.3 Possibilidades de uso da Webrádio

Tem-se discutido muito no meio acadêmico e entre os profissionais da área
de comunicação, o impacto dos avanços tecnológicos sobre um dos mais marcantes
veículos de comunicação de massa: o rádio. Para Meditsch (1999), o primeiro
artefato eletrônico a penetrar no espaço doméstico. Segundo Lévy (1999), a maioria
das competências adquiridas por uma pessoa, no início de seu percurso profissional,

64

estará obsoleta no fim de sua carreira. Neste contexto, partindo da premissa que
um novo meio (ou uma nova tecnologia) não anula o anterior, “acabam se
acomodando e se adaptando, para coexistirem” (OSÓRIO e PINTO, 2008), ressurge
o rádio, em sua versão pós-moderna, na segunda geração da internet, “agregando
novos recursos à mensagem radiofônica” (TRIGO-DE-SOUZA, 2002, p.94).
Kuhn (2001) apud Carvalho (2007), acredita que o rádio, em sua utilização
pela rede, abre espaço para algumas utopias adormecidas, como o rádio interativo,
o rádio alternativo, o rádio educador. Para embasar esta afirmação ele aponta
alguns itens da tecnologia radiofônica, que devam ser levados em consideração:
a comunicação sem fronteiras;
novos receptores, diferentes do ouvinte, leitor ou telespectador comum das
antigas mídias, gerando nova linguagem, ao veicular textos e imagens junto
ao som das emissoras de rádio;
relação custo benefício e as questões legais que são muito mais acessíveis;
a relação entre emissor/receptor que permite a interação imediata do usuário.
Pode-se transmitir pela internet de duas maneiras. Na primeira estão as
emissoras de rádio que passaram a utilizar também o ciberespaço para levar a
mesma programação dos moldes hertzianos. Na segunda, estão as emissoras que
transmitem exclusivamente pela internet, de computador para computador.
Nos dois casos a programação é transmitida em tempo real utilizando a
tecnologia streaming.
Uma emissora de rádio na Internet ganha um caráter global,
ultrapassando os limites da transmissão regional por ondas,
determinada pela potência dos transmissores e pela legislação,
facilitando a audição em diversos pontos do mundo, bastando, para
isso, que o internauta tenha um microcomputador com acesso à rede
(BUFARAH JUNIOR, 2003, p.5).

Abre-se, aqui, um parênteses, para explicitar a conceituação de webrádio e
rádio online, proposta neste estudo. Webrádio tem sua concepção calcada na
elaboração e transmissão via internet: feita na internet, para a internet. Oferece um
serviço diferenciado e direcionado, aumentando a qualidade da informação
elaborando programas especializados. Rádio online é toda e qualquer emissora, AM,
FM, ou de qualquer outro tipo de transmissão eletromagnética, levada para a
internet: feita no rádio, para o rádio e adaptada para a internet.
As rádios, com transmissão online, podem oferecer diversos recursos como:
serviço de busca, previsão do tempo, chats, podcasts, biografias de artistas, receitas

65

culinárias, fóruns de discussão, letras cifradas de músicas, fotografias, vídeos e
infografias, que são as representações visuais das informações veiculadas..
Entre estes recursos, surgidos e consolidados pela Web 2.0, destaca-se o
podcast. Muitos o definem como a própria webrádio, no entanto, nem tudo que é
áudio é rádio (MEDITSCH, 2001), ele é o canal que viabiliza o armazenamento dos
dados, um facilitador na sua construção e na implantação; uma forma de
transmissão de arquivos multimídia criados pelos próprios usuários. São arquivos de
áudio e/ou vídeo, disponibilizados, majoritariamente em mp3, com a diferença de
serem distribuídos através de feeds, como o Rich Site Sumary (RSS) ou Really
Sample Syndication,

uma

espécie

de

alimentador,

atualizado

frequente

e

automaticamente, sem interferência e nos momentos em que o computador não está
sendo utilizado. Desta maneira, quando o player for sincronizado o podcast estará
pronto para ser ouvido no momento mais conveniente.
Outra característica importante é o baixo custo das produções. Não é preciso
ter uma concessão do governo. Não existe, ainda, uma legislação para as
transmissões via internet. Não há necessidade de estúdio e nem de equipamentos
sofisticados: um servidor, um computador com conexão banda larga um microfone,
um mp3 e um software de playlist são suficientes para montar uma webrádio.
Medeiros (2006, p.5) classifica os podcasts em quatro modelos distintos: o
modelo metáfora, o editado, o registro e o educativo. O modelo metáfora,
considerado o pioneiro, “possui características semelhantes a um programa de rádio
de uma emissora convencional (dial), com os elementos característicos de um
programa como: locutor/ apresentador, blocos musicais, vinhetas, notícias,
entrevistas, etc”.
O modelo editado surgiu como “uma alternativa para aqueles ouvintes que
perderam a hora do seu programa favorito, mas ainda desejam ouvi-lo”. Os
programas são editados e disponibilizados no site. “Seguem o mesmo procedimento
dos arquivos de texto convertidos em formato RSS que são disponibilizados nos
sites de jornalismo online”.
O modelo registro, também conhecidos com “audioblog”, abriga “conteúdos
que vão dos mais específicos, como notícias e comentários de tecnologia Macintosh,
sermões de padres, guias de turismo, ou até mesmo desabafos em um
congestionamento”.

66

O último modelo, segundo a caracterização de Medeiros (2006, p.6), é o
educativo. Através dele é possível:
(...) disponibilizar aulas, muitas vezes em forma de edições
continuadas, semelhantes aos antigos fascículos de cursos de
línguas que eram vendidos nas bancas de revistas. Algumas
experiências estão sendo testadas por professores que utilizam essa
ferramenta como uma forma de disponibilizar aulas ministradas ou
como uma forma de reposição.

Na EAD, o uso do podcast, como complemento às atividades didáticas e não
como solução, enriquece o processo de ensino/aprendizagem. É possível salvar as
aulas em arquivos mp3, ou outro formato menos utilizado e ouvi-las quantas vezes
forem necessárias para tentar esclarecer as dúvidas, o que instiga a curiosidade e
consequentemente a busca por mais informações.
Ao contrario do rádio tradicional, o podcast tem um público determinado, que
segue a cultura pull (puxar) trazida pela internet, ao invés da cultura push (empurrar)
introduzida pelos meios massivos (PRIMO, 2005 apud SOARES et al. 2009).
A disseminação da webrádio pode mudar consideravelmente a relação entre
o poder e a radiofonia. Além de não necessitar de concessões para seu
funcionamento, ela possibilita a elaboração de uma programação específica
levando em consideração as características e as individualidades de seus
usuários/ouvinte, oferecendo um serviço diferenciado e direcionado. O tempo e o
espaço não são mais prioridades na difusão da produção. A recepção passa a ser
definida pelo usuário/ouvinte e não pelos produtores da informação. Entretanto,
Medeiros (2006) apud Soares (2009, p.5), afirma: “um dos elementos definidores do
rádio é a sincronia da transmissão com o tempo real do ouvinte. Se não houver
sincronia, não é radiofonia”. Cabe aqui, uma ressignificação do termo, pois a web
possibilita configurações assíncronas e para a EAD, o importante é que o aluno faça
uso de todos os expedientes que possam tornar o seu aprendizado mais proveitoso,
sejam eles síncronos, ou assíncronos.
No processo ensino/aprendizagem a webrádio pode colaborar na elaboração
de atividades que permitam reflexões e desenvolvimento de diversas competências,
como a construção e implantação de uma webrádio, aprendendo a usar os softwares
de edição de áudio, definindo e discutindo pautas, criando ou selecionando vinhetas,
distribuindo funções, elaborando roteiros e grades de programação. Ela aproxima o
ouvinte agregando sonoridade e interatividade.

67

Para Trigo-de-Souza (2004, p.303) o sucesso da união entre rádio e internet
deve-se ao resultado de um somatório de fatores como:
(...) o desenvolvimento tecnológico; a possibilidade de ampliação de
audiências com agregação de públicos segmentados em áreas
geográficas diversas; o regionalismo, característica do rádio em
comparação com o globalismo da internet; a democratização do
acesso ao ‘fazer rádio’; a interatividade com o elo entre os dois
meios, e a possibilidade de captação sem interromper a execução de
atividades paralelas, inclusive o processo navegacional, bem como a
possibilidade de programação da audição a partir da conveniência do
ouvinte.

Neste contexto, pode-se considerar que ao reunir quase todos os formatos de
informações e os disponibilizar em tempo real, a internet processa a comunicação
entre os indivíduos tornando possível, a pouca, ou nenhuma interação existente nos
veículos tradicionais. Registra-se, portanto, um dos mais relevantes avanços
provocados pelas tecnologias aos meios de comunicação e informação: a
digitalização, tanto da produção, quanto da transmissão e da recepção radiofônicas,
pois o rádio da era pós-moderna, tem imagens que se movimentam, links e muita
interação.
O gráfico 2 mostra a quantidade de webrádios existentes em cada estado do
país. Nota-se a grande distância entre o número de emissoras do estado do
Amazonas, onde a dificuldade e/ou impossibilidade de deslocamento é grande e os
estados de Minas Gerais e São Paulo.
Gráfico - 2 – Quantidade de Webrádios no Brasil

Fonte: Rádios.com (2009). Disponível em:http://www.radios.com.br/. Acesso em 5 set.2009.

68

Para Fernandes (2004, p.4), “pode-se dizer que um novo cenário
comunicacional ganha centralidade com a cibercultura”. Neste cenário, onde a
webrádio se insere, “cada leitura torna-se um ato de escrita. Cada pessoa torna-se
uma emissora, o que obviamente não acontece nas mídias de massa”. Trigo-deSouza (2004, p.290), acredita que:
a primeira experiência de rádio criada exclusivamente para a rede
tenha sido empreendida por integrantes do movimento Mangue Beat.
O programa, intitulado Manguetronic, estreou em abril de 1996 com a
proposta de incorporar elementos da internet (como a
hipertextualidade) à programação radiofônica. (...) A primeira rádio
brasileira 100% virtual, 24 horas por dia no ar, só foi aparecer em
1998. A Rádio Totem surgiu com a proposta de ser um portal de
rádio, oferecendo várias emissoras musicais, segmentadas em ritmo.

Em 1996, as primeiras emissoras começaram a migrar para a internet
mudando a relação entre o poder e a radiofonia e contribuindo para o surgimento de
novas emissoras online, com programas específicos que levam em consideração as
individualidades de seu público.
O meio webrádio alia as características de aproximação do ouvinte,
sonoridade e praticidade do rádio com a interatividade,
instantaneidade e multimidialidade da internet, fatores que
proporcionam ao “webouvinte” a recepção com vários recursos de
interação de acordo com sua disponibilidade de técnica e tempo. Do
mesmo modo, a webrádio oferece um serviço diferenciado e
direcionado, o que aumenta qualitativamente a informação, com a
oferta de programas especializados. (SOARES et al, 2009, p.3).

Na pesquisa científica, várias etapas podem ser auxiliadas pela sua utilização
e de algumas das ferramentas disponibilizadas, pois fazem parte do avanço na
expertise tecnológica, segundo a qual, equipamentos, programas, e serviços, como
destaca Marques Neto (2002, p.51), representam “um conjunto de técnicas utilizadas
na recuperação, no armazenamento, na organização, no tratamento, na produção e
na disseminação da informação”.
O uso da internet, para mediar a comunicação, proporcionou uma maior
interação entre as pessoas, entre as organizações e os países. O que antes era
produzido por uma pessoa agora passa a ser realizado em equipe e os desafios
enfrentados coletivamente deslocam o enfoque do individual para o social, para o
político e para o ideológico. Vários são os conceitos e valores que se transformaram.
Nesse novo século não é mais possível pertencer a uma única tribo e ser fiel

69

somente a ela, deve-se aprender a circular em várias delas e a respeitar seus
códigos de ética.
Uma das profissões mais exigidas nessa contemporaneidade é a docência. O
desafio de aprender para ensinar passa a ser um ato composto de variáveis que vão
desde o “reaprender a aprender”, até o transmitir e produzir conhecimentos.
Portanto, a urgente necessidade de formar não pode estar restrita ao sujeito, mas
deve estar também disponível à instituição na qual ele atua. Sabe-se que o docente
do século XXI foi formado no século anterior e que formações pontuais são
necessárias,

mas

não

conseguem

sozinhas

provocar

o

interfaceamento

indispensável à quebra de paradigmas. Tais ações não podem garantir uma
mudança imediata, ou até mesmo, a curto prazo, pois esbarram

na enorme, e

muitas vezes velada, resistência de vários docentes.
Deve-se repensar o processo da sala de aula. Afinal, o presente momento
vem exigindo um professor mais atuante, mais familiarizado com as TIC, para que
ele consiga interagir com seu aluno, sendo o mediador do processo ensino/
aprendizagem. Como afirma Pinto (2008, p.66), “mudança não significa uma ação
que

leve

necessariamente

a

uma

ruptura

com

o

modelo

anterior

e

conseqüentemente a algo melhor”.
O Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Educação a
Distância (SEED), tem investido maciçamente no desenvolvimento de Programas
para utilização das TIC e de propostas de ações realizadas pela modalidade de EAD
como uma das estratégias de democratização e melhoria do padrão de qualidade
do quadro educacional brasileiro. São eles: Domínio Público, DVD Escola, e-TEC
Brasil, e-Proinfo, Formação pela Escola, Mídias na Educação, Proinfantil, Proinfo,
Proformação, Proletramento, Prolicenciatura, Rádio Escola, Rived, TV Escola, UAB.
No entanto, nenhum dos programas citados destina-se originariamente à
formação de docentes do ensino superior, para o uso das TIC. O Portal mostra
algumas poucas e isoladas ações, aparecendo num segundo plano, como
consequência de um contexto para a formação do professor da educação básica
e/ou profissionalizante.
Não obstante o meio rádio deixar a maioria dos professores entusiasmados
com as amplas oportunidades que tal mídia pode oferecer eles foram formados com
textos impressos e filmes. Uma discussão mais aprofundada para a elaboração de
uma política de formação, com a utilização das TIC, para o ensino superior

70

melhoraria, sobremaneira, as práticas didático-pedagógicas para este grau da
docência, visto que é grande o poder da oralidade nas relações humanas. Segundo
Consani (2007, p. 28), “nem o advento das tecnologias modernas (como os
computadores) nem o amadurecimento das antigas (como a escrita) conseguiram
enfraquecê-la”. Quando se trata do meio rádio, assevera que “sua oralidade vai se
modificando, com a inclusão de fórmulas de expressão consagradas pela audiência,
mantendo respeito às normas cultas de expressão”, pois, “apesar de auditivo,
valoriza a expressão escrita”.
Faz-se então, cada vez mais necessário compreender a razão pela qual esta
mídia desperta tanto interesse e por que há pouca utilização em sala de aula, uma
vez que ela pode ajudar no processo da descoberta do mundo da leitura, tão
necessário para a formação acadêmica.

2.4 A implementação de webrádios universitárias

Existem duas maneiras de gerar uma rádio via internet. A primeira é usando o
próprio computador como servidor. Neste caso, todos os ouvintes estarão
diretamente conectados a ele, que emitirá a programação. Porém, conforme for
aumentando o número de acessos a conexão vai se tornando cada vez mais lenta
requerendo uma banda maior. Pode ocorrer corte na programação, queda
espontânea da rede, além do risco de invasão por crackers.
A segunda opção não requer um nível muito grande de conhecimento em
dispositivos informáticos e apresenta mais segurança por utilizar servidores
disponibilizados em empresas fornecedoras de endereços
relativamente

http,

a

um

custo

baixo. As conexões são feitas diretamente no servidor e não no

computador que está gerando a programação, o que possibilita, além de maior
segurança, uma maior estabilidade. Neste caso, os programas são elaborados no
computador pessoal e enviados para o servidor, que fará a distribuição do
streaming, a tecnologia que torna mais rápido o download, viabilizando a execução
do áudio.
Na questão da usabilidade, interação homem-máquina, à ergonomia e ao
desenho industrial, uma área da ciência da computação que incide sobre a criação
de softwares fáceis de usar, ou seja, dispositivos informáticos que se adequem de

71

maneira fácil e lógica às necessidades do interagente11, para que este possa utilizálos de maneira eficiente na execução de suas tarefas, a montagens das webrádios e
os servidores disponibilizados nas plataformas, vem deixando a desejar.
Para a

International Organization for Standardization (ISO), padrão de

normas internacional que considera o ponto de vista do usuário e o seu
comportamento na utilização, “usabilidade é a medida pela qual um produto pode
ser usado por usuários específicos, para alcançar objetivos específicos com
efetividade, eficiência e satisfação, em um contexto de uso específico (ISO 9142)”.
Ou ainda, como consta na ISO 9126, trata-se da capacidade do produto de software
ser entendido, ser aprendido, ser atraente ao usuário, quando usado sob as
condições especificadas. O padrão também define alguns termos utilizados.
Quadro 8 – Principais termos utilizados pelo padrão de normas ISO
TERMO
DESCRIÇÃO
Usuário
aquele que interage com o produto;
Contexto de usuário, equipamentos, tarefas, ambiente físico e social em
uso
que o produto é usado;
precisão e completeza com que os usuários atingem
Eficácia
objetivos específicos, acessando a informação correta ou
gerando os resultados esperados;
precisão e completeza com que os usuários atingem
Eficiência
objetivos em relação à quantidade de recursos gastos;
Satisfação
conforto e aceitabilidade do produto, medidos por meio de
métodos subjetivos e/ou objetivos (ISO 9126/9126).
Facilidade de o usuário rapidamente consegue explorar o sistema e realizar
aprendizado suas tarefas;
após certo período sem utilizá-lo, o usuário não freqüente é
Facilidade de capaz de retornar ao sistema e realizar suas tarefas sem a
memorização necessidade de reaprender como interagir com ele;
Baixa taxa
o usuário realiza suas tarefas sem maiores transtornos e é
de erros
capaz de recuperar erros, caso ocorram.
Fonte: ISO 9126 e 9160

Na ISO/IEC9126-1991, está descrito mais um dos vários atributos a ser
considerado nas questões da usabilidade e corresponde a operacionalidade, pois é
ela que evidencia o esforço do usuário para a operação e o controle do software.
Pode ser avaliada pelos seguintes critérios: ajuda online, navegação, facilidade de
11

Tradução livre do conceito Interactant utilizado em pesquisas de comunicação interpessoal que pressupõe um traço
participativo-interventor não diminuindo o aprendiz ao mero status de usuário ou receptor da comunicação de massa. (PRIMO,
2009, p. 56).

72

instalação, prevenção contra erros de operação, auditabilidade12, reaproveitamento
da entrada de dados e padronização.
Norman (1993) apud Oliveira (2005, p.1), afirma que: “quando as pessoas
sentem dificuldade em operar algum produto, a falha não é delas. A falha é do
design do produto”, pois há que se respeitar as normas de operacionalidade e de
usabilidade, não constatadas nos sites pesquisados para a montagem e
operacionalização da ferramenta em questão, o que com certeza, leva a uma taxa
considerável de erros pelos não conhecedores dos meandros técnicos da
informática.
Para Pimentel e Osório (2009, p.2) “pesquisar a Internet, tanto como produto
cultural como produtor de cultura, ainda é um desafio, principalmente pelo seu
crescimento vertiginoso dia após dia”. A experiência desta pesquisa possibilitou
conhecer e reconhecer o que a Internet pode oferecer, para a operacionalização e
montagem de Webradios universitárias e suas possibilidades. Os desafios foram
interpretados observando-se os referenciais que elaboram considerações sobre a
pesquisa online, como também sobre interfaces online de interação e comunicação.
Pesquisar, utilizando a Internet, significa desenvolver um processo
de investigação científica originada de um problema ou questão
inicial sobre as práticas de uso (e abuso) das Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC) nas diversas áreas humanas,
remetendo a hipóteses que serão verificadas a partir de uma
abordagem de pesquisa e do uso de técnicas específicas na busca
de validar as hipóteses, ou de encontrar novas respostas para o
problema identificado. A questão, porém está na transposição das
abordagens e técnicas de coletas de dados, originalmente
elaboradas para pesquisa offline, para os ambientes online.
(PIMENTEL e OSÓRIO, 2009, p.2-3)

O usuário final sempre enxerga além do funcionamento de um sistema, pois
é ele quem vai validar se “as interfaces são simples, intuitivas e atrativas, se as
informações apresentadas são claras e, se o sistema é fácil de operar” (OLIVEIRA,
2005, p. 6).
Na universidade, lócus desta pesquisa, foram encontradas máquinas e
softwares com problemas para a adequação à operacionalidade e à usabilidade,
devido ao tempo de uso, configurações obsoletas, programas instalados e não

12

Capacidade do software de verificar a integridade dos dados e de rastrear as atualizações significativas nos dados (quem
fez, o que fez e quando fez). Disponível em: http://www.batebyte.pr.gov.br/ modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1282.
Acesso em 14 out. 2009.

73

atualizados e, também, para os fins a que se destina o computador receptor da
referida mídia.
A experiência da autora deste estudo como tutora no ciclo avançado do Curso
de Mídias na Educação, um programa da SEED-MEC, em parceria com Secretarias
de Educação e Estaduais e Universidades Públicas, com o objetivo de proporcionar,
prioritariamente a professores da educação básica, uma formação continuada para o
uso pedagógico das TIC (TV e vídeo, informática, rádio e impressos), tem
oportunizado, confirmar o quão significativo é o interesse por parte de professores
pela utilização da webrádio como ferramenta para divulgação de conhecimento e,
sobretudo para aproximar alunos e a comunidade na qual a escola está inserida.
Quantos ouvintes gostariam de ter sua própria rádio, mesmo tendo pouco ou
nenhum conhecimento sobre programação? Pois, assim como os blogs transformam
um usuário em repórteres, a webrádio pode transformá-lo em um DJ, ou em um
comentarista econômico, científico, esportivo, cultural, entre outras aspirações.
Sem infringir nenhuma lei e com apenas uma conexão banda larga e com
softwares livres é possível montar e operacionalizar sua própria webrádio, uma vez
que, ainda não existe legislação para este tipo de mídia. É o que prometem todos os
sites e vídeos disponibilizados, até agora na internet. No entanto, buscando-se as
normas de usabilidade e operacionalidade, constata-se a inverdade alardeada pela
rede.
Na pesquisa de tutoriais para a construção e implantação de webrádios que
possibilitassem o aprofundamento deste estudo, bem como a investigação detalhada
sobre sua montagem, inúmeros sites e vídeos foram selecionados e analisados.
Entre os links de destaque, observou-se o Projeto Dissonante (www.dissonante.org),
elaborado por alunos do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo,
da Universidade de Brasília (UNB), o qual melhor atendeu, à época, aos prérequisitos. Isso ocorreu em virtude da participação dos alunos no Encontro de
Rádios Livres, em Recife, no qual se discutia a relação de como a tecnologia poderia
ser uma estratégia de transformação social para a comunicação. Dentro dessa
perspectiva, tais estudantes resolveram somar esforços, no sentido de espalhar
mais servidores de webrádios pelas universidades do país. O trabalho é conduzido
de forma didática, explicativa e coerente, com um site bem estruturado e um vídeo
disponibilizado no Youtube.

74

Em 2008, um ano depois, outro projeto chamou a atenção, na realização da
pesquisa. Trata-se do Intercampus, a webrádio da UFPB, disponível em
http://radio.tv.ufpb.br/site/index.php. Um projeto de extensão e pesquisa, elaborado
por uma equipe de alunos voluntários da disciplina Rádio e TV, do curso de
Jornalismo, da UFPB, com transmissão via streaming (tecnologia que torna mais
rápido o download, viabilizando a execução do áudio), ainda em caráter
experimental, a ser abordado, detalhadamente, como um dos estudos de caso, no
capítulo 4 deste estudo.
Este capítulo discutiu a radiofonia e seus novos formatos: a web e suas
gerações, a linguagem radiofônica e o internetês, as possibilidades de uso de
webrádios e as questões relativas à implementação de webrádios universitárias.

75

3. ABORDAGEM METODOLÓGICA

A busca de evidências que comprovem hipóteses formuladas requer métodos
e estratégias que revelem, o mais próximo possível, as realidades das situações
pesquisadas. Neste capítulo abordar-se-á a metodologia utilizada para buscar as
respostas do como e dos porquês (YIN, 2005, p.19) da utilização de webrádios,
como expediente cognitivo para a divulgação científica.
A

aprovação

pelo

Comitê

de

Ética

da

Instituição13,

e

a
14

autorização/colaboração das equipes responsáveis pelos casos estudados ,
disponibilizando o que já haviam coletado e participando na coleta de novos dados,
foi essencial para o levantamento das informações que culminaram nas análises
elaboradas.
A escolha pelo método de estudo de casos para as investigações pertinentes
ao questionamento levantado neste trabalho é fundamentada na “(...) inquirição
empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida
real” (YIN, 1989 apud BRESSAN, 2000, p.2). Trata-se de uma fase preparatória para
um trabalho posterior de novas pesquisas, mais longitudinais que poderão gerar
novos conhecimentos, pois apresenta uma experiência viva, real e contextualizada,
voltada para a interpretação do leitor (ANDRÉ, 2005, p.14).
À luz de Merrian (1998) apud André (2005, p. 17), buscou-se, nesta pesquisa,
apresentar as quatro características essenciais num estudo de caso qualitativo:
1. a particularidade, pois investiga problemas práticos que podem
surgir do cotidiano acadêmico, como por exemplo, a divulgação
dos acontecimentos/eventos da universidade, dos resultados das
pesquisas e as oportunidades de aperfeiçoamento e/ou
financiamento de estudos e projetos;
2. a descrição mais densa possível do fenômeno em estudo,
mapeando o maior numero possível de rádios universitárias,
disponibilizadas na internet, com enfoque para a divulgação
científica;
13
14

Documento anexo
UFAL e UFPB

76

3. a verificação da possibilidade de revelar novos significados ou,
de confirmar o pouco já conhecido; e
4. a descoberta de novos conceitos e novas relações, como
verificado no decorrer da pesquisa sobre a diferença entre rádios
online e webrádios.

Mais centrada em aumentar a compreensão do fenômeno, do que apenas
delimitá-lo, a adoção do referido método trouxe a possibilidade de enxergar
diferentes formas de representação da realidade pesquisada, bem como da
construção do conhecimento e sua apropriação.

3.1 Universo da pesquisa

Inicialmente, foi feito um levantamento pela Internet, das webrádios
universitárias existentes e em funcionamento, no país. Muitas apareciam nos sites
de busca ou das próprias universidades, porém seus links apresentavam alguma
mensagem de erro, como por exemplo: “quebrado ou corrompido”. Algumas
transmitiam em datas e horários pré-estabelecidos, mas raramente comunicavam ao
possível ouvinte. Outras deixavam programas pré-gravados sendo repetidos, por
mais de um ou dois dias.
Paralelamente, a este levantamento, visando oferecer subsídios teóricopráticos para a implementação da Webrádio UFAL, a Coordenadoria Institucional de
EAD (CIED/UFAL), elaborava um projeto de iniciação científica, que propunha uma
análise documental da temática objetivando:
- mapear as webrádios universitárias existentes no Brasil, com suas

respectivas grades de programação;
- identificar os conceitos e técnicas relacionadas à webrádio no contexto
da cibercultura;
- desenvolver um esquema taxonômico acerca dos elementos
constitutivos da webrádio;
- validar o esquema taxonômico com profissionais das áreas de
comunicação, educação e tecnologias de informação;
- estruturar um banco de dados com os resultados encontrados na
pesquisa para subsidiar a implementação da webrádio, importante
instrumento indutor de novas práticas de ensino, pesquisa e extensão,
na UFAL (PEIXOTO, 2010).

77

Tal projeto permitiria, também, “uma visão inicial sobre o estado da arte da
webrádio, bem como dos gêneros radiofônicos que a ela estão associados” (SILVA,
2010).
Nessa fase, foram levantadas 50 webrádios. Destas, 41 foram escolhidas, por
estarem transmitindo em todos os acessos feitos, em dias e horários aleatórios.
Foram identificadas 16 instituições federais,18 privadas e 7 estaduais (Quadros 7, 8
e 9,). Algumas considerações preliminares puderam, então, ser elaboradas:
1. maioria das rádios analisadas é composta de rádios online e não de
webrádios,

ou

seja:

aproveitam

a

transmissão

eletromagnética

convencional da emissora, seja ela educativa e/ou universitária, para
veicular pela internet sem preocupação alguma com a divulgação voltada
para o meio acadêmico, mais especificamente ao meio no qual está
lotada, ampliando tanto o seu alcance que acaba por perder a direção e o
objetivo

que

deveria

estar

sempre

focado

no

processo

de

ensino/aprendizagem;
2. todas têm programação musical diversificada, em vários horários da grade,
todos os dias da semana, inclusive sábados, domingos e feriados. Destas,
a maioria não se preocupa com a qualidade musical veiculada, como os
clássicos eruditos, os contemporâneos, nacionais e/ou internacionais,
instrumentais ou interpretados, mas com os sucessos do momento,
transformando a emissora numa mídia muito mais comercial do que
educativa;
3. algumas têm programação destinada a temas de cunho religioso e à
cultura regional, porém sem periodicidade definida, o que segundo a
autora desse estudo, deveria estar contida na grade semanal de
programação garantindo, assim, a preservação do patrimônio imaterial,
definido pela UNESCO como "as práticas, representações, expressões,
conhecimentos e técnicas que as comunidades, os grupos e, em alguns
casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio
cultural";
4. todas

têm

programas

de

cunho

informativo,

de

entrevistas

ou

entretenimento, em curtos espaços de tempo e com baixa periodicidade.
Insuficiente, diante da diversidade de informações que podem surgir no
universo acadêmico. Há que se pensar em alternativas que possibilitem

78

aumentar a freqüência destes boletins, baseados principalmente em
enquetes para melhor definir o que o público em questão quer que seja
noticiado;
5. todas interagem com a comunidade, principalmente nos programas
musicais ou de utilidade pública. No entanto, outros programas também
deveriam ser contemplados com qualquer tipo de interação. Uma
entrevista ficaria bem mais interessante com a participação do público,
pois contaria com um número maior de questionamentos e de opiniões;
6. algumas possuem informativos sobre os acontecimentos

acadêmicos,

mas na maioria das vezes, são colocados em segundo plano sendo
praticamente banidos da programação;
7. o mesmo acontece com as questões da divulgação científica. Poucas são
as que possuem espaço destinado a este tipo de informação e não foi
constatado nenhum tipo de enquetes para verificar o grau de interesse do
público universitário;
8. algumas perdem, no decorrer do tempo, o caráter educativo e social
proposto em seus objetivos explicitados nos sites, para dar espaço à
veiculação de publicidade e/ou propaganda;
9. poucas são utilizadas como laboratórios de formação acadêmico/
profissional do curso de Comunicação Social da instituição, o que
caracteriza uma espécie de desperdício no repasse dos saberes práticos,
na troca de informações e nas oportunidades de proporcionar ao aluno
uma vivência mais próxima daquilo que encontrará no mercado de
trabalho;
10. em nenhuma delas há a preocupação com as tecnologias assistivas. É
como se os portadores de necessidades especiais não fizessem parte do
universo acadêmico e não se interessassem pela divulgação de coisas,
que muitas vezes, podem nem ter sido vistas, ouvidas, ou percebidas por
eles, devido aos problemas de acessibilidade, tais como aqueles
relacionados á visão, à audição, entre outros, mas que pela emissora
poderiam tomar conhecimento.

79

3.2 Relação das rádios universitárias disponibilizadas na internet

Quadro 9 – Rádios universitárias com programação disponibilizada
na Internet - Instituições Federais
INSTITUIÇÃO

NOME DA
WEBRÁDIO

DATA DE
FUNDAÇÃO

DISPONÍVEL
EM

UFC

Universitária
FM

1981

www.radiouni
versitariafm.
com.br/

UFG

Universitária
AM

1965

www.radio.uf
g.br

UFJF

Universitária
FM

1997

www.ufjf.br/
radio/

UFLA

Universitária
FM

1987

UFMA

Universidade
FM

1986

www.universit
ariafm.ufla.br
www.
Universidade
fm.ufma.br

UFMG

UFMG
Educativa

2005

www.ufmg.br/
online/ radio/

UFPA

Web UFPA

*

www.radio.
ufpa.br/

PROGRAMAÇÃO
Além
de
sua
própria
programação possui, em sua
página principal, links para
programas
variados
com
destaque para musica erudita,
jazz, blues, reggae e samba,
programas
de
entrevistas,
utilidade pública e cobertura de
eventos. Interação via telefone ou
e mail
Programação
baseada
no
aspecto social, cultural, educativo
e acadêmico. A interação é feita
por e mail.
Programação
diversificada.
Destaque para o programa
República, que apresenta os
diversos cursos ofertados pela
instituição.
Funciona
como
laboratório da Faculdade de
Comunicação.
Musica,
informação
e
conhecimento multicultural.
Musica, informação e cultura
regional, com ampla participação
do ouvinte.
Versão
online
da
Rádio
Educativa
com
grade
de
programação
englobando
entrevistas, músicas e notícias.
Destaque
especial
para
o
programa Conexões, voltado à
ciência, cultura e cidadania. A
interação é feita por e mail.
Canal
de
divulgação
das
atividades
científicas
e
acadêmicas desenvolvidas pela
universidade.
Coordenado
e
executado por professores e
alunos do curso de Comunicação
Social. Sua grade de é composta
por musica, informações e
divulgação
de
pesquisas.
Interação via e mail.

80

INSTITUIÇÃO

NOME DA
WEBRÁDIO

DATA DE
FUNDAÇÃO

DISPONÍVEL
EM

UFPB

Intercampus

2009

http://intercam
pus.tv.ufpb.br/i
ndex.php

UFPE

Universitária

1962

www.tvu.ufpe.
br/

UFPEL

Federal FM

1981

http://federalfm
.ufpel.edu.br

UFPR

Rádio UFPR

2003

www.radio.ufpr
.br/

UFSM

Universidade

1999

www.ufsm.br/
radio

UFRGS

Rádio da
Universidade

1997

www.ufrgs.br/
radio

UFRN

Universitária
FM

2001

www.fmu.
ufrn.br

UFV

Universitária

*

www.rtv.ufv.br

UNIFEI

Universitária

1961

www.radio
universitaria.
unifei.edu.br

PROGRAMAÇÃO
Música, informação, esporte,
entrevistas, entretenimento e
divulgação das atividades e
pesquisas acadêmicas. Possibilita
elaboração de arquivo pessoal.
Interação via site e e mail.
Musica
e
informação,
principalmente sobre a vida
acadêmica. Interação por e mail.
Prioridade
à
MPB.
Alguns
programas são produzidos por
alunos
de
diversos
cursos
valorizando a cultura do Estado.
Informações sobre as atividades
acadêmicas,
cobertura
de
eventos e campanhas educativas
são as linhas seguidas pela
emissora. Interação é feita por e
mail.
Prioridade absoluta à música
popular brasileira; informativos e
noticiário de interesse de toda
comunidade
universitária.
Nenhum tipo de podcast é
disponibilizado para interação.
Música
(clássica
e
MPB
prioritariamente),
esportes,
cultura regional e radiojornalismo
são as prioridades da emissora.
Há também espaço reservado
para o Momento Espiritual, com
mensagens diárias de reflexão.
Interação por e mail.
A primeira emissora universitária
do país, inaugurada em 1951 e
disponibilizada na internet em
1997. Em 2008 instalou seu
primeiro
transmissor
digita,
passando a transmitir, também
pela internet, em 2009. Sua grade
inclui
música,
divulgação
científica, notícias e educação. A
interação é feita pelo site,
telefones e por e mail
Sua grade tem programas
musicais variados contribuindo
para a disseminação da produção
técnico-pedagógica-científica da
universidade
divulgado
o
patrimônio cultural regional.
Programação variada; música.
Informação e entretenimento.
A grade de programação varia
entre música (MPB, gospel e
sertaneja) e noticiários.

Fonte: Quadro elaborado pela autora do estudo, com base em levantamento feito pelo Projeto Webrádio e a
genealogia de seus conceitos: proposição de um esquema taxomômico (PEIXOTO et al, 2010).

81

Quadro 10 – Rádios universitárias com programação disponibilizada
na Internet - Instituições Privadas

INSTITUIÇÃO
Centro
Universitário
Claretiano de
Batatais

NOME DA
WEBRÁDIO

DATA DE
FUNDAÇÃO

DISPONÍVEL
EM

Claretiana
FM

*

www.claretian
o.edu.br/radio

Centro
Universitário
de Maringá

Universitária
Cesumar FM

2005

www.radio
cesumar.
com.br/

Centro
Universitário
Votuporanga

Rádio Unifev

1987

www.radio
unifev.com.br

FFC

Educativa
FM

*

http://www.ffc.
br/

UCPEL

Universidade
Católica de
Pelotas

1967

UMESP

Metodista
On-Line

2005

UNAMA

UNAMA Fm

2005

UNIARA

Uniara FM

2001

UNIDAVI

Unidavi FM

2004

UNIDERP

Uniderp FM

*

www.radiouniv
ersidadeam.
com.br

www.metodis
ta.br/radio/

www.unama.br
/midias/
unamaFm
www.uniara.co
m.br/ radio/

www.unidavi.e
du.br

www.uniderpf
m.com.br

PROGRAMAÇÃO
Músicas, notícias, atualidades,
programação religiosa, utilidade
pública e preservação da cultura
italiana. Interação via e mail.
Música,
entretenimento,
informação, notícias e podcast.
Laboratório
dos
cursos
de
Jornalismo e Publicidade e
Propaganda. Ampla interação via
Orkut, Facebool, Twitter, site e e
mail.
Musicas, noticiários esportivos,
culturais e de utilidade pública.
Grande interação por mensagens
SMS e e mails. Interação via e
mail.
Jornalismo e entretenimento.
Gerenciada
pelo
curso
de
Comunicação Social. Interação
via e mail.
Música, entretenimento, esporte,
informação, utilidade pública e
coberturas ao vivo. Interação via
site e e mail.
Gerenciada pela Agência de
Comunicação
Multimídia
da
Faculdade
de
Comunicação
Multimídia. Programação dirigida
à memória cultural, divulgação e
cobertura de eventos, entrevistas
e
apoio
às
disciplinas
acadêmicas. Interação via site.
Músicas, cidadania, esportes,
cinema e noticiário. Interação via
e mail e telefone.
Musica, cinema, cultura regional
noticiário
e
divulgação
de
pesquisas.
Música,
entretenimento,
informação,
propaganda
dos
cursos ofertados e divulgação
sobre pesquisas. Interação via e
mail.
Música, informações acadêmicas,
noticiários,
entretenimento,
utilidade pública, regionalismos e
a proposta de que o ouvinte
colabore
na
grade
de
programação. Interação p/ e mail.

82

INSTITUIÇÃO

NOME DA
WEBRÁRIO

DATA DE
CRIAÇÃO

DISPONÍVEL
EM

UNIFRAN

Unifran FM

*

UNIJUÍ

RTVE

2001

www.radiounifr
an.com.br
www.unijui.ed
u.br/content/bl
ogcategory/36
2/2560/lang,is
o-8859-1/

UNISINOS

Unisinos FM

1995

UNIVALI

Univali FM

*

UNIVATES

Univates FM

*

www.univates.
br/radio/

USC

Veritas FM

2001

www.veritasfm
.com.br

Universidade
Veiga de
Almeida

RVA
Rádio Veiga
de Almeida

*

www.uva.br/cu
ltura/radio.htm

UVV

Cidade FM

*

http://radiocida
de.uvv.br

www.unisinos.
br/radio/
www.univali.br

PROGRAMAÇÃO
Divulgação dos cursos ofertados,
música, informação e propaganda
de parceiros. Interação por e mail.
Música,
humor,
informação
divulgação acadêmica. Interação
via site e e mail.
Música,
informação
e
entretenimento. Interação via site
e e mail.
Música, notícia, entretenimento.
Interação via e mail.
Música, notícia, informação e
entretenimento. Interação via e
mail.
Solicita
aplicativo
externo.
Programação cultural, educativa,
utilidade pública, noticiários e
músicas.Interação via e mail.
Música,
informação
e
entretenimento, para ouvintes da
Barra da Tijuca e Jacarepaguá.
Grade formada majoritariamente
de música, alguma informação e
entretenimento. Interação via
Orkut, Twitter, e mail, telefones e
site.

Fonte: Quadro elaborado pela autora do estudo, com base em levantamento feito pelo Projeto Webrádio e a
genealogia de seus conceitos: proposição de um esquema taxomômico (PEIXOTO et al, 2010).

83

Quadro 11 – Rádios universitárias com programação disponibilizada
na Internet - Instituições Estaduais

INSTITUIÇÃO

UEL

NOME DA
WEBRÁDIO

DATA DE
FUNDAÇÃO
1990

UEL FM

UDESC

UDESC
Educativa

*

UEM

Universitária
FM

1996

UNESP

Unesp FM

1991

UNICENTRO

Universitária
Entre Rios
FM
Kula
Webradio
Universitária
USP FM

1983

UNIOESTE
USP

2006
1977

DISPONÍVEL
EM
www.uelfm.uel
.br/index2.php
www.udesc.br/
make_page.ph
p? id=36
www.asc.uem.
br/
http://radio.une
sp.br/index
portal.php
http://universit
ariaentreriosfm
.com.br/index.
php
www.unioeste.
br/ webradio
www.radio.usp
.br

PROGRAMAÇÃO
Música,entretenimento,
informação e divulgação de
pesquisas. Interação e mail.
Programação variada transmitida
em 3 frequências (FM): UDESC
Florianópolis, Joinville e Lages.
Música,
regionalismo,
informações
acadêmicas,
divulgação de eventos. Interação
via e mail, telefones e site.
Programação musical criteriosa,
jornalismo, utilidade pública e
divulgação científica.
Música e informação. Interação
via site, (mural de recados) e e
mail.
Musica, entretenimento, debates,
informação e entrevistas sobre
C&T. Interação via e mail.
Música, entrevistas, divulgação
de pesquisas. Interação via e
mail.

Fonte: Quadro elaborado pela autora do estudo, com base em levantamento feito pelo Projeto Webrádio e a
genealogia de seus conceitos: proposição de um esquema taxomômico (PEIXOTO et al, 2010).

Pelas análises prévias da pesquisa exploratória, neste contexto inicial, tornase muito arriscado afirmar que esta ou aquela emissora poderá, ou não, servir
plenamente como um agente balizador para a elaboração do projeto que proporá a
implementação da Webrádio UFAL.
Existe um percentual radiofônico considerável que apenas transfere sua
grade de programação, na integra, sem qualquer tipo de adequação, para a internet,
o que não caracteriza uma webrádio. Além disso, como já foi contextualizado em
capítulo anterior, uma webrádio deve ter sua programação elaborada na internet,
para ser veiculada pela internet. Nota-se também um tipo de programação musical
absolutamente comercial, sem triagem alguma, para que se possa levar o alunado a
ter acesso a materiais de boa qualidade, que colaborem para despertar maior
interesse nas questões da aprendizagem.
Para uma das bolsistas de iniciação científica (PIBIC/UFAL/FAPEAL/CNPq,
2009/2010), participante do projeto elaborado por PINTO(2009), concomitantemente

84

ao início deste estudo, os fatores positivos que deram suporte à realização da
primeira etapa foram as atividades práticas realizadas em encontros presenciais,
pré-estabelecidos, nos quais foi possível mensurar o grau de interesse dos alunos e
a disponibilidade de professores voluntários para a elaboração de programas
semanais sobre assuntos relacionados às suas disciplinas.
Essa prática culminou na gravação de uma entrevista sobre Ciência,
Tecnologia, Sociedade e Ambiente e possibilitou verificar o nível das dificuldades
técnicas que poderiam ser encontradas no planejamento e na produção dos
programas para veiculação na UFAL.
Como aspectos negativos, a aluna ressalta ainda a falta de infra-estrutura
dentro da universidade, que vai desde a inexistência de computadores melhor
configurados para suportar stremings, a tecnologia que torna mais leve e mais
rápido os downloads e a execução de áudio e vídeo pela web, bem como

a

utilização de playlits (seqüência ordenada de exibição de mídias obedecendo a uma
determinada agenda - data/horário, período, repetições), até as questões físicas
como a indisponibilidade de sala para instalação do estúdio.

3.3 A escolha da webrádio

O passo seguinte a toda esta sondagem foi escolher uma emissora que
pudesse nortear a implementação da Webrádio UFAL. Por ocasião do I Encontro do
Norte e Nordeste de Jornalismo Científico, na Universidade Estadual da Paraíba
(UEPB), em Campina Grande, no qual a autora deste estudo apresentou o trabalho
Webrádio: meio indutor para comunicação científica, surgiu a oportunidade contatar
um grupo de alunos, do curso de Comunicação Social, da UFPB que, orientados
pelo professor da disciplina de Rádio e TV, estariam implantando uma webrádio na
instituição.
A disponibilidade de interação com a equipe da UFAL, a conduta editorial, a
grade de programação, a manutenção, o comprometimento com os horários,

o

compromisso com os ouvintes e o fato de estar na região nordeste, balizaram a
escolha pela Webrádio Intercampus, da UFPB. Sua linha de pensamento chega
muito próximo ao que se pretende implementar na UFAL: uma webrádio, como
conceituou-se anteriormente, elaborada para a internet e veiculada apenas pela
internet e que, além de entretenimento, seja um expediente cognitivo para a

85

divulgação da produção científica da instituição, bem como um espaço para o
aprimoramento do processo ensino/aprendizagem, para as diferentes áreas do
conhecimento, tanto para a modalidade a distância quanto presencial.
Os dados que embasaram as análises elaboradas sobre a Intercampus foram
coletados, segundo autorização e indicação da coordenadoria do projeto da referida
emissora, nos artigos apresentados em eventos e publicados em

revistas

especializadas de reconhecida importância na área da Ciência da Comunicação, no
portal da UFPB e em interações assíncronas com alguns dos sujeitos envolvidos no
planejamento, organização e manutenção, tanto da programação, quanto da
conservação da rádio no ciberespaço.
O passo seguinte ao levantamento das Webrádios e o contato com a
Intercampus, foi escolher uma situação que proporcionasse o lançamento da
emissora online para verificação do grau de interesse da comunidade acadêmica
(alunos, professores e também funcionários), bem como da operacionalização e do
alcance da transmissão. Ação de fundamental importância para experienciar os
aspectos técnicos, práticos e administrativos, bem como o impacto que causaria no
público-alvo.
Optou-se pelo IV Encontro de Pesquisa em Educação em Alagoas (EPEAL),
evento, promovido pelos alunos do Mestrado em Educação Brasileira, do Centro de
Educação da UFAL, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação
(PPGE). Um encontro científico, de periodicidade anual, que busca aprofundar as
discussões sobre a educação no Brasil e na região Nordeste, principalmente em
Alagoas, bem como divulgar as pesquisas científicas produzidas, não só pelos
alunos do programa, como também, pelos demais pesquisadores da área. Sua
realização é fundamentada na necessária reflexão sobre os problemas sociais no
campo da educação, o que reforça o compromisso dos profissionais da área, com o
desenvolvimento do conhecimento científico.
Depoimentos abertos, sem estrutura de questionamento definida, para não
induzir e/ou limitar as respostas, foram coletados entre os participantes, tanto
professores, quanto alunos, com o intuito de averiguar o nível de interesse/aceitação
da webrádio. O quadro 12, mostra o número de entrevistados e suas respectivas
áreas de atuação.

86

Quadro 12 – Número de entrevistados X área de atuação
Formação
Saúde
Ciências Exatas
Ciências Humanas

Docente
(P1 a P4)
2
1
1

Discente
(A1 a A6)
1
1
4

Total
3
2
5

Fonte: Quadro elaborado pela autora do estudo (2009).

Tais entrevistas objetivavam mostrar as múltiplas possibilidades de enxergar
um mesmo fenômeno sob óticas diferentes e sua validação como objeto de
pesquisa.

87

4. WEBRÁDIOS UNIVERSITÁRIAS: UMA ANÁLISE DOS CASOS UFPB E UFAL
Neste capítulo serão abordados os casos escolhidos para embasar as as
análises e reflexões acerca da utilização de webrádios como expediente cognitivo
para a divulgação da produção científica, bem como alguns

itens a serem

observados para a montagem e implantação de webrádios universitárias.

4.1 Webrádio Intercampus UFPB, um modelo no processo de implementação

Criada em 2008, a Intercampus, vem difundindo conteúdos, via streming, por
meio de arquivos de fluxo contínuo, enviados pela internet. Sua perspectiva é
despertar, desde o início do curso de Jornalismo, o interesse dos alunos pela
pesquisa e pela produção em comunicação, cultura e tecnologia buscando
proporcionar práticas não contempladas na grade curricular.
Figura 5 – Página da Webrádio Intercampus

Fonte: Portal UFPB (2009)

88

Para Soares et al. (2009),
É também considerada uma oportunidade de inserção no ambiente
profissional da atual cibercultura, tendo como uma de suas
principais finalidades pedagógicas assegurar mais tempo e melhor
condição para a formação profissional e conceitual em comunicação
digital.

Segundo representantes do grupo de alunos responsável pela execução do
projeto Webrádio Intercampus UFPB e um novo rumo das práticas acadêmicas, para
uma sondagem inicial foram entrevistados 125 alunos, dentro do campus da UFPB,
em áreas estratégicas de fluxo de trânsito, tanto de pedestre quanto de veículos. O
questionário continha quatro perguntas:
1. Qual a sua freqüência de acesso ao portal da UFPB?
2. Como você vê os atuais veículos de comunicação existentes na UFPB,
direcionados ao público acadêmico?
3. Qual sua preferência musical?
4. Você escutaria uma webrádio universitária com uma linguagem totalmente
jovem voltada para o aluno UFPB?
O resultado em valores percentuais, para facilitar a visualização do panorama
apresentado, é exibido nos gráficos 3 a 6. A pesquisa mostrou que a maioria dos
entrevistados acessava com relativa freqüência o portal da universidade e
considerava os veículos de comunicação existentes muito aquém de suas
necessidades. Quanto às preferências musicais, mais da metade disse ter gosto
eclético, o que aos olhos da autora deste estudo, pode-se subentender o apreço às
musicas sertanejas e aos forrós. O gráfico 4 apresenta um dado bastante
significativo, pois mostra que 97% dos alunos ouviriam a webrádio universitária, o
que revela um eminente interesse pelas questões acadêmicas.
Por se tratar de um projeto acadêmico, seus participantes aproveitaram as
possibilidades proporcionadas pelo processo de ensino/aprendizagem, para usufruir
de liberdade nos experimentos, com o intuito de aprender e desenvolver novos
formatos, gêneros e linguagens, bem como para aprimorar técnicas de criação,
entrevistas e processos de interatividade em suas produções.

89

Gráfico 3 - Acesso ao Portal da UFPB

Fonte: Gráfico elaborado pela autora do estudo, com base nos dados levantados pelo Projeto
Webrádio Intercampus UFPB e um novo rumo das práticas acadêmicas (2009).

Gráfico 4 - Opinião sobre os veículos de comunicação da UFPB, direcionados
ao público acadêmico (%)

Fonte: Gráfico elaborado pela autora do estudo, com base nos dados levantados pelo Projeto
Webrádio Intercampus UFPB e um novo rumo das práticas acadêmicas (2009).

90

Gráfico 5 - Preferência musical (%)

Fonte: Gráfico elaborado pela autora do estudo, com base nos dados levantados pelo Projeto
Webrádio Intercampus UFPB e um novo rumo das práticas acadêmicas (2009).

Gráfico 6 - Percentual de alunos que ouviriam a Intercampus

Fonte: Gráfico elaborado pela autora do estudo, com base nos dados levantados pelo Projeto
Webrádio Intercampus UFPB e um novo rumo das práticas acadêmicas (2009)

91

Após este levantamento, o grupo buscou um contato maior com os softwares
e hardwares disponíveis para a transmissão de conteúdos, pois como o projeto
ainda não possuía equipamentos específicos para transmissões ao vivo, os
programas eram gravados e disponibilizados em horários pré-estabelecidos na
grade de programação. Entre os softwares mais utilizados estão o winamp, um
reprodutor de mídia para elaboração de playlists que são as seqüências ordenadas,
como uma determinada agenda, para a veiculação, o Sound Forge, programa que
cria e edita o áudio e o Magix Samplitude, software que permite a gravação e edição
de músicas utilizando diversos instrumentos diferentes conectados ao computador.
Para manter a emissora no ar, a divisão das tarefas muito se assemelha a de
uma rádio convencional, com subdivisões por diretorias e setores (núcleos).

Figura 6 - Organograma da Intercampus.

Fonte: Webrádio Intercampus UFPB e um novo rumo das práticas acadêmicas (2009).

92

Os alunos são orientados pela coordenação geral com o auxilio professores
que compõem o Grupo de Estudos de Divulgação Científica (GEDIC) e a equipe de
cada programa é responsável por elaborar a pauta, o roteiro, a gravação e a edição
inicial para avaliação da diretoria técnica. Os responsáveis pelo núcleo analisam o
conteúdo produzido, acompanham o programa e elaboram relatórios com críticas e
sugestões para a semana seguinte.
Como a idéia inicial do projeto era interligar os diferentes campus à sede em
João Pessoa, a emissora não poderia ser apenas um “vitrolão”, terno cunhado pelos
alunos autores do projeto, que faz alusão às emissoras comerciais destinadas à
veiculação de sucessos patrocinados e/ou apoiados pelas gravadoras. Deveria,
portanto, veicular muito mais do que músicas, pois um dos objetivos era produzir
informação e estimular a produção acadêmica mediante a divulgação científica.
Os alunos com maior facilidade e melhores idéias para executar determinadas
ações seriam e na verdade ainda são, os que ficariam à frente das produções.
Porém, cada vez mais críticos e preocupados com o futuro profissional e para que
todos pudessem ter a oportunidade de aprender, decidiram pelo revezamento
periódico, nas funções pré-definidas.
O grupo promove também eventos voltados para o público universitário
oferecendo oficinas e workshops de produção de áudio e criação de conteúdos: uma
produção diferenciada voltada para a academia. Assim, os participantes do projeto
aprendem uns com os outros, com as experiências vivenciadas e compartilhadas no
cotidiano da emissora.
Com uma programação musical eclética e diversos programas de
entretenimento, interagindo com o público, “a grade procura manter uma relação
lógica entre os tipos de programa, os horários mais adequados e respeita a
disponibilidade de tempo dos alunos” que atuam como atores do processo
(SOARES et al, 2009). Os conteúdos dos programas veiculados ficam disponíveis
para os ouvintes, em arquivos de áudio e podcast.
O site da rádio é tratado pelo grupo como uma das principais ferramentas
interativas para atrair e fidelizar o ouvinte. Nele os alunos interagem respondendo às
enquetes, sugerindo temas a serem abordados em próximas entrevistas e trocam
informações diversas. Exploram e utilizam os links disponibilizados para o MSNMessenger, Orkut, Twitter, blogs, chats e fóruns, que mesmo assincronamente
promovem discussões e possibilitam o arquivamento dos conteúdos postados.

93

De visual agradável, descontraído, utilizando recursos de áudio e vídeo, a
página proporciona uma navegação fácil e ágil. Enquetes, informações acadêmicas,
noticiário,

agenda

cultural,

utilidade

pública,

entre

outros,

são

os

itens

frequentemente disponibilizados em primeiro plano. Os diversos links já citados
mostram a preocupação da equipe em fornecer opções de acesso para a
interatividade, uma vez que nem todos os usuários participam de redes sociais como
Orkut e Twitter.
Segundo Soares et al (2009), é um espaço no qual as mensagens são
enviadas para a comunicação entre os membros inseridos em uma perspectiva que
envolve ensino, pesquisa e extensão.

Figura 7 - Como são disponibilizadas as enquetes na página da
Webrádio Intercampus

Fonte: Portal UFPB (2009)

Para o grupo de alunos,
(...) o diferencial da Webradio Intercampus é que ela nasce e se
mantêm na Web, com conteúdo exclusivamente produzido para a
internet, com pesquisa sobre adequação e/ou criação de gêneros e
formatos específicos para tal; contribuindo para a atualização de
conteúdos que ainda não estão nos livros, mas que se

94

“metamorfoseiam” na internet constantemente e que merecem
atenção de discentes e docentes, em especial, de comunicação
social (SOARES et al, 2009).

A coleta de dados para este estudo se deu a partir de publicações sobre a
Webrádio Intercampus em anais de eventos e revistas especializadas da área de
Comunicação Social, como o XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação, realizado em Curitiba/PR, em setembro de 2009, em artigos da
Revista Brasileira de Ciências da Comunicação e em contatos online, na modalidade
assíncrona, com os integrantes do projeto.
Este tipo de pesquisa, segundo Pimentel e Osório (2009), facilita o
armazenamento dos dados coletados, proporcionando a busca e a recuperação das
informações, além de possibilitar o questionamento dos entrevistados quantas vezes
forem necessárias para dirimir dúvidas, podendo ainda resultar na elaboração de um
texto hipermidiático, como por exemplo a partir de um software como o Google
Docs. As questões levantadas relacionaram-se aos seguintes temas: o servidor
utilizado, os mecanismos desenvolvidos, os problemas e as soluções encontradas
para a implantação e a usabilidade, a grade de programação, a manutenção da
rádio no ar e sua vinculação, ou não, ao curso de Comunicação Social,

como

laboratório, resultando nas seguintes informações:
1. a webrádio é reconhecida pela universidade como um projeto de extensão
(PROBEX) e de Iniciação Científica (PIBIC), disponibilizando bolsa e
triangulando a participação do alunado dividido em estágios, monitorias e
voluntariados;
2. não possuem um servidor próprio. Utilizam um link dentro de uma subpasta
do NTI (Núcleo de Tecnologia da Informação da universidade);
3. os arquivos a serem veiculados são armazenados em um computador, com
uma configuração mais adequada: memórias extendidas, HD maior, e
placas de som e de vídeo com definições mais apuradas. Este PC conectase ao servidor do NTI, que pelo pólo multimídia, numa pasta linkada
(.tv.ufpb.br), chamada ambiente virtual, envia os dados para esse Núcleo;
4. utilizam também um gerenciador de playlist, situado no servidor local,
permanentemente ligado, que envia os arquivos para que sejam
transmitidos pela internet;

95

5. a grade de programação é feita, sempre, a partir de pesquisas de campo,
ou na própria internet. Possuem um manual de triagem, para selecionar o
que deve ou não ser veiculado. Tudo passa pela linha editorial
estabelecida;
6. o “horário nobre” é definido de acordo com os turnos dos cursos mais
populosos.
Diante destes dados pode-se considerar como vital o apoio institucional que
aparece em todos os itens relatados. Desde a opção pela utilização do link da
subpasta do NTI, à configuração do computador e aquisição de gerenciadores de
playlist e softwares voltados para a transmissão de arquivos de áudio e vídeo, bem
como a definição da grade de programação baseada em enquetes, transformando o
ouvinte no sujeito autor daquilo que deseja ouvir, agradando e criando expectativas
naqueles que ainda não foram contemplados com a exibição de suas solicitações
e/ou sugestões.
Um quadro com os mais significativos problemas de implantação e de
usabilidade encontrados pelos alunos e as soluções definidas, foi elaborado a partir
dos dados expostos nas entrevistas online. Nota-se que foram poucos os percalços
considerados realmente significativos na implantação da Intercampus. O apoio
institucional, mesmo com escassez de recursos, mostra-se presente e dinâmico, o
que a autora deste estudo arrisca a afirmar ser de fundamental importância para o
desenvolvimento

de

atividades

complementares

ao

processo

de

ensino/aprendizagem, pois a emissora não atende unicamente ao Departamento de
Comunicação, mas a toda uma comunidade acadêmica, pois abre espaço para as
inúmeras unidades, não só técnicas e científicas, como também administrativas,
para a divulgação do conhecimento científico, o entretenimento, possibilitando
assim, maior interação no campi.
A maleabilidade do Projeto Webrádio Intercampus proporciona experimentar,
testar, vivenciar e reelaborar a grade de programação, auxiliados pelas ferramentas
novas e antigas, o rádio e a internet, que se juntam para, num esforço coletivo,
desenvolver formas de ensinar e aprender, divulgar e comunicar, mostrar e
despertar, mais condizentes com as realidades atuais.

96

Quadro 13 – Principais problemas e soluções de implantação e
Usabilidade de webrádios
PROBLEMA

MOTIVO

Acesso irrestrito ao
laboratório de radio do
Deptº de Comunicação.
Impossibilidade
de
acompanhamento
integral por parte dos
alunos que atuam na
rádio.
Edição e tratamento de
áudio.

Falta
de
humanos.

SOLUÇÃO

recursos

Incompatibilidade
de
horários
(aulas,
estágios, outros).

Falta de pessoal técnico
para acompanhamento
integral.

Trabalhar com softwares de
gerenciamento remoto a partir de
qualquer PC conectado à rede.
Aquisição de gerenciadores de
playlist
open
source
que
mantenham os padrões e também
os horários pré determinados pelo
instalador.
Aquisição de softwares de edição,
captação e masterização de áudio,
com tutoriais explicativos.

Fonte: Quadro elaborado pela autora do estudo, com base nos dados levantados pelo Projeto
Webrádio Intercampus UFPB e um novo rumo das práticas acadêmicas (SOARES et al. 2009).

Para Weinstein e Mayer (1995) apud Frota (2001) aprender pressupõe, além
de

adquirir

determinados

conhecimentos

específicos,

poder

manejar

sua

aprendizagem. Por isso, os depoimentos de dois alunos do curso de Comunicação
Social, da UFPB, expostos em Soares et al (2009), corroboram as afirmações aqui
apresentadas sobre a importância do projeto analisado. Para eles, a união da teoria
e da prática é necessária, pois os estimula e os ajuda a ter mais segurança para
entrarem no mercado de trabalho.
Sabe aquela oportunidade que todo mundo sempre espera em sua
trajetória acadêmica para que possa aprender e mostrar seu
potencial dentro do seu curso de graduação? Eu encontrei na
Intercampus. Durante um ano de participação no projeto passei a
entender o verdadeiro sentido do que é ser um comunicador. Aprendi
a trabalhar em equipe e desenvolver tarefas especificas de um
núcleo de produção. Dessa forma estou sem dúvidas, me
preparando para ser um bom e conceituado profissional do mercado
de comunicação. (RFFA, aluno do 4º período de Rádio e TV).
O projeto Intercampus surgiu na minha vida acadêmica de forma
revolucionária. Ele me deu a oportunidade de vivenciar a prática de
um curso que até certo momento era totalmente teórico e foi com as
experiências vividas nesse quase um ano de projeto que me senti
preparado para o mercado de trabalho e isso bem antes da
conclusão do meu curso (CEPLO, estudante do 5º período de Rádio
e TV).

Com um conteúdo crítico-emancipador e por vezes reivindicatório, uma grade
de programação diversificada e criteriosamente pesquisada entre os ouvintes, que
vai de música, informação, esporte, entrevistas, entretenimento à divulgação das

97

atividades e pesquisas acadêmicas, a Intercampus desperta o interesse dos alunos
pela pesquisa e pela produção em comunicação, cultura e tecnologia.
As informações no ciberespaço não possuem forma material constante no
tempo e no espaço, circulam ignorando fronteiras, pois num país continental como o
Brasil, no qual ainda hoje, o único meio de comunicação de alguns lugares é o rádio,
a internet vem confirmar sua importância no cenário nacional, vestindo-o de
recursos tecnológicos, aumentando seu alcance, mesmo que direcionado o seu
significado, levando informação e conhecimento além dos muros da universidade.
O projeto Intercampus vem se propondo a ser um portal de internet,
funcionando pelo servidor geral da universidade desde o planejamento até a
divulgação com atividades contínuas, dinâmicas e interativas. Isso integra a
comunidade acadêmica unindo as diversas áreas, estimulando a extensão e a
prática na formação.
É importante ressaltar que a referida webrádio já extrapolou os limites da
UFPB. Em 2008, dois participantes foram selecionados pela Cidade do
Conhecimento, Núcleo de Pesquisa vinculado ao departamento de Cinema, Rádio e
TV da Escola de Comunicações e Artes e ao Instituto de Estudos Avançados, ambos
da USP, para participar do Programa de Gestão de Mídias Audiovisuais para o
Digital (GeMA). Programa apoiado pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e pelo
Núcleo de Política, Gestão Tecnológica e Inovação (PGT) da USP e co-financiado
pela

Comissão

Européia,

que

atua

como incubadora

de

projetos

e

de empreendimentos virtuais, com ênfase nas áreas sociais e culturais, no campo do
audiovisual digital. Para T.C. e C.S., alunos do 5º e 7º períodos do curso de Rádio e
Televisão,
(...) esse tipo de experiência fortalece a formação acadêmica dos
estudantes de comunicação social da UFPB e incentiva o projeto
Webrádio Intercampus a seguir adiante triangulando ensino,
pesquisa e extensão, da sala de aula para o mundo e vice-versa.

Nota-se que a união da teoria e da prática, aliada ao apoio da instituição, e a
sua principal característica de ser uma emissora produzida na internet, para a
internet, evidencia sobremaneira o como e o porquê do êxito do projeto, pois todos
os alunos têm a oportunidade de, por meio de um revezamento periódico, exercer
todas as funções permitidas na e para a organização de uma webrádio universitária.

98

4.2 O IV EPEAL - Encontro de Pesquisa em Educação em Alagoas e o
lançamento da Webrádio UFAL

O passo seguinte ao levantamento das webrádios e o contato com a
Intercampus, foi escolher uma situação que proporcionasse o lançamento da
emissora online para verificação do grau de interesse da comunidade acadêmica
(alunos, professores e também funcionários), bem como da operacionalização e do
alcance da transmissão. Ação de fundamental importância para experienciar os
aspectos técnicos, práticos e administrativos, bem como o impacto que causaria no
público-alvo.
Optou-se pelo IV Encontro de Pesquisa em Educação em Alagoas (EPEAL),
evento, promovido pelos alunos do Mestrado em Educação Brasileira, do Centro de
Educação da UFAL, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação
(PPGE). Trata-se de um encontro científico, de periodicidade anual, que busca
aprofundar as discussões sobre a educação no Brasil e na região Nordeste,
principalmente em Alagoas, bem como divulgar as pesquisas científicas produzidas,
não só pelos alunos do programa, como também, pelos demais pesquisadores da
área. Sua realização é fundamentada na necessária reflexão sobre os problemas
sociais no campo da educação, o que reforça o compromisso dos profissionais da
área, com o desenvolvimento do conhecimento científico.
Figura 8 – Cabeçalho do site do IV EPEAL

Fonte: Página do evento (2009). Disponível em: http://epeal2009.blogspot.com

99

Na edição do ano de 2009, a que se refere este estudo, com mais do dobro
do número de inscritos do encontro anterior, houve 700 inscrições de participação e
aproximadamente 200 inscrições de trabalhos, além de contor com a participação de
alunos da graduação, mestrandos, doutorandos e pesquisadores de diversas
instituições. Esse evento teve como objetivos específicos:
apresentar as pesquisas (conclusas e em andamento) dos pesquisadores
docentes e discentes dos Programas de Educação do Brasil, Nordeste e
de Alagoas e professores/alunos da graduação, PIBIC e PIBID do Centro
de Educação e de outras unidades acadêmicas, que desenvolvem
pesquisas em educação;
promover espaços de comunicação, socialização e intercâmbio das
pesquisas

científicas

e

experiências

acadêmicas

das

produções

intelectuais, voltadas para a área educacional;
ampliar discussões, focalizando posteriores eventos de divulgação
científica de ensino e pesquisa na área de educação.
O encontro ofereceu em sua programação quatro mesas redondas, com
pesquisadores reconhecidos nacionalmente, uma Conferência Magna e mini-cursos.
Os trabalhos inscritos, nas modalidades de comunicação oral e pôsteres
Acadêmicos, nas linhas de pesquisa em: História e Política da Educação, Educação
e Linguagem, Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação e Processos
Educativos, foram avaliados por pareceristas externos à organização do evento e
apresentados em horários pré-estabelecidos.
Neste

contexto,

a

Webrádio

UFAL

foi

publicizada.

Links

foram

disponibilizados na página do evento (http://epeal2009.blogspot.com) e nos blogs
Educação

Online

(http://fernandoscpimentel.blogspot.com/),

consolidado

e

reconhecido internacionalmente, criado e mantido por um mestre em Educação
Brasileira pela UFAL e o Aprendiz Online (http://aprendizonline.forumbrasil.net/),
criado e mantido por um bolsista do PIBIC/UFAL, graduando em Administração de
Empresas, na modalidade a distância e Sistemas de Informações, na modalidade
presencial. Os dois ambientes abordam temáticas educacionais, promovendo
reflexões sobre a EAD e as tecnologias aplicadas à educação.

100

Figura 9 - Cabeçalho do Blog Educação Online

Fonte: Educação Online (2009). Disponível em: http://fernandoscpimentel.blogspot.com/

Figura 10 - Cabeçalho do Blog Aprendiz Online

Fonte: Aprendiz Online (2009). Disponível em: http://aprendizonline.forumbrasil.net/

As emissoras de Rádio CBN e Difusora, bem como a TV Gazeta de Alagoas,
entrevistaram componentes da comissão organizadora que aproveitaram a situação
para divulgar o lançamento da emissora universitária. Esta experiência piloto, para
testar as técnicas de implantação, implementação, alcance de transmissão e
interesse do público também pautou algumas das ações executadas neste estudo.
Vários foram os entraves que surgiram nesta fase, desde as questões
burocráticas até às de operacionalização e usabilidade. Optou-se, então, pela
transmissão da conferência magna e das mesas redondas, que aconteceriam no
auditório no qual foi instalado o equipamento para a transmissão: um desktop, com
acesso a uma conexão banda larga, uma pequena e simples mesa de som, dois
microfones sem fios e 2 caixas de som. As apresentações de pôsteres,
comunicações orais e oficinas, ficaram restritas ao comparecimento in loco, uma vez
que nesta fase, nem chegou-se a cogitar o uso de equipamentos portáteis para
viabilizar a transmissão sincrona ou assincrona, fora do local pré-estabelecido.

101

Devido à divulgação feita pelo blog Educação Online, que tem leitores em
todo o mundo, ouvintes de Angola, Portugal e de diversos estados do Brasil
puderam acompanhar as transmissões do Encontro. Por estar transmitindo em
caráter absolutamente experimental, conseqüentemente ainda com várias falhas a
serem corrigidas, tais ouvintes não puderam interagir sincronamente. Sabe-se da
audiência, por que muitos enviaram, post factum, e mails e/ou comentaram o
acontecimento, em conversas via messengers com os amigos, ou colegas
participantes do evento.
O professor José Manuel Moran, Diretor do Centro de Educação a Distância,
da Universidade Anhaguera (UNIDERP), componente da mesa redonda Ensinar e
aprender na EAD: dificuldades e superações, concedeu uma entrevista à autora
deste estudo, sobre o importante desafio da atuação a distância e a utilização de
webrádios como prática pedagógica. Segundo ele, “antes de conhecer a
metodologia de EAD é preciso querer inovar, mudar um pouco da cultura do
presencial e aprender a motivar o aluno desta modalidade de ensino”. Ele reforçou a
questão da quebra de paradigmas e da necessidade de se reorganizar as atividades
educacionais. Falou sobre a urgente e indispensável formação/capacitação de
professores para a área, afinal o governo quer que cada vez mais alunos se insiram
no ensino superior, principalmente na área de formação de professores de
licenciaturas que saibam fazer tanto a parte pedagógica quanto a parte técnica.
Enfatizou a baixa remuneração do professor de EAD afirmando que ele precisa de
mais motivação econômica por se tratar de um profissional diferenciado: “recursos
humanos você atrai com boa política de qualificação”.
Declarou ainda, que considera qualquer recurso de comunicação online uma
ferramenta importante no processo de ensino/aprendizagem, pois cria inúmeras
possibilidades de comunicação efetiva e imediata. São importantes por que utilizam
meios simples, baratos e fáceis de manusear. A comunicação é feita em tempo real,
permitindo a interação, e possibilitando uma troca efetiva e imediata.
Alguns depoimentos foram também coletados entre os participantes, para
verificar o nível de aceitação e satisfação do público. Sem questões estruturadas,
para que cada entrevistado pudesse se expressar livremente, evidenciando novas
possibilidades de olhar o mesmo fenômeno, quatro professores, aqui denominados
(P1, P2, P3 e P4) foram entrevistados: dois da área da Saúde, um das Ciências

102

Exatas e outro das Ciências Humanas. Todos se entusiasmaram com a
possibilidade de utilizar o áudio como uma ferramenta a mais no processo educativo.
P1 achou a iniciativa louvável por permitir partilhar reflexões, ao extrapolar os
limites geográficos da instituição. Disse ter participado de um curso a distância que
trabalhava os podcasts, o que lhe foi muito útil para ouvir, à posteriori, as falas dos
professores e convidados. Quanto à recepção do sinal, achou bem satisfatório, e
comentou o fato de um colega ter ouvido a palestra de sua sala de trabalho, na
universidade e depois ter se dirigido ao auditório para participar do debate.
Considerou a cobertura do evento um bom exemplo de como a webrádio pode ser
utilizada no campo da educação.
Para P2, foi uma grande inovação na divulgação científica, pois colocou o
evento, antes restrito aos muros da instituição, no cenário nacional e internacional. A
interface utilizada permitiu o registro das palestras e conferências, em arquivos de
áudio, o que, segundo ele, é muito útil para o uso em aulas a distancia, além de
servirem para elaboração de artigos científicos após transcritos do áudio para texto.
P3 considera importante qualquer meio de comunicação utilizado como
suporte para possibilitar uma maior socialização e divulgação do conhecimento em
tempo real. A webrádio tem uma função importante na melhoria do acesso ao que
está sendo produzido nas academias. Trata-se de uma inovação que pode ampliar
as formas de disseminação do conhecimento.
P4 acredita no potencial da webrádio e crê que esta ferramenta amplia a ação
de eventos como o EPEAL, uma vez que vence as barreiras geográficas

e a

intersecção dos tempos, ampliando também o acesso à formação e às discussões
acadêmicas.
Tanto no dizer do professor Moran, quanto nos discursos dos professores da
UFAL, nota-se a importância da capacitação/formação de docentes para a utilização
das TIC em suas atividades. A universidade de hoje precisa repensar o processo da
sala de aula, pois o momento vem exigindo uma instituição mais atuante, com
acadêmicos mais familiarizados com as tecnologias para que todos consigam
interagir melhor no processo ensino/aprendizagem, pois o docente do século XXI foi
formado no século anterior e embora as capacitações pontuais sejam necessárias
não conseguem sozinhas garantir uma mudança imediata, ou até mesmo a curto
prazo, pois esbarram nos entraves adminitrativo-financeiros, bem como na enorme,
e muitas vezes velada, resistência de vários professores.

103

O Ministério da Educação vem investido maciçamente no desenvolvimento de
programas para utilização das TIC como uma das estratégias de democratização e
melhoria do padrão de qualidade do quadro educacional brasileiro. No entanto, na
maioria das vezes os professores preferem trabalhar com o que já foi produzido por
meios especializados e reconhecidos, negando, de certa forma, o incentivo à
criatividade dos alunos, à possibilidade de melhoria do vocabulário, à fluência verbal
e à socialização dos mesmos. Esquecem que a comodidade de criar e executar,
preferencialmente ouvindo, enquanto se elabora outra atividade, faz parte do mundo
contemporâneo e que o rádio, em sua nova roupagem, permite uma interação,
nunca antes percebida ou vivida em outras mídias, pois a extrapolação dos limites
geográficos, propiciada pela internet, possibilita a partilha das reflexões acadêmicas,
bem como o armazenamento de informações e dados importantes (podcast), que
poderão ser transformados em rico material para discussões em sala de aula, ou em
bases para a elaboração de artigos científicos.
Como uma pesquisa científica baseia-se em análises diversas, a fim de
identificar outros elementos constitutivos e constituintes do fenômeno estudado,
buscou-se outra fonte de evidências que possibilitasse a triangulação de dados e
informações de um outro importante segmento envolvido no encontro: quatro alunos
da pós-graduação: 1 designer gráfico, membro da comissão organizadora do evento,
1 pedagogo, 1 fonoaudiólogo, 1 matemático e 2 graduandos, bolsistas do PIBIC, um
em administração e um em pedagogia, denominados a partir de agora, A1, A2, A3,
A4, A5 e A6.
A1 afirma que a webrádio desempenhou um importante papel na divulgação
científica, cultural e social do IV EPEAL “firmando-se como uma ferramenta viável e
de baixo custo para atender à demanda de um público que anseia por notícias e
informações”. Em sua análise, como usuário, a webrádio mostrou-se um importante
vetor de comunicação entre a sociedade e as instituições de ensino superior.
“Parece que a vontade de transpor os muros da universidade encontrou uma
alternativa eficiente e eficaz na disseminação do conhecimento gerado pelos
pesquisadores”. Afirma ainda, que graças a webrádio, o IV EPEAL, apesar e ter uma
característica de evento local, galgou forma e conteúdo de um evento Internacional.
Para A2, tudo o que a teoria apresenta sobre as potencialidades das mídias
no universo da web pode ser vivenciado na prática. No segundo dia do Encontro,
não pode comparecer à universidade e, de onde estava, acessou a webrádio, no link

104

do blog Educação Online. Acompanhou todas as mesas redondas e disse: “Foi uma
experiência muito positiva. Não senti nenhum prejuízo por estar distante fisicamente.
A idéia de estar transmitindo via webrádio foi maravilhosa !”.
A3, falou sobre o fato de ter sido um feito inédito, por acontecer dentro de um
evento acadêmico e ainda ser o ponto ápice do Encontro. Disse também, que
passou um bom tempo em sua residência, ouvindo a rádio, que intercalava
chamadas para a programação e musicas. Elogiou a possibilidade que os não
participantes in loco, tiveram de compartilhar os ricos momentos das mesas
redondas e suas discussões.
Para A4, poder ouvir alguns dos palestrantes, enquanto estava em casa,
preparando um artigo científico, foi muito interessante, pois lhe permitia cumprir a
tarefa de escrita e ao mesmo tempo possibilitava

participar, como ouvinte, do

evento. Disse acreditar que o caminho já está traçado, faltando apenas ser
implementado.
Segundo A5, um dos alunos membro da comissão organizadora do evento e
responsável técnico pela montagem e operacionalização da webrádio, o maior
desafio foi preparar a estrutura na medida certa, para o alcance desejado. “Não
imaginava que a transmissão do evento atingisse uma dimensão tão grande.
Professores, doutores, coordenadores de cursos elogiavam querendo saber mais
sobre o processo.” Disse ainda que experiências como esta “prepara para desafios
maiores, dá segurança e suporte prático para implantar o mesmo recurso em outros
casos”.
A6, disse que a cobertura do Encontro, pela Webrádio UFAL provocou um
crescimento do evento e das atividades desenvolvidas no âmbito da universidade.
“Garantiu difundir informações, entrevistas e outros acontecimentos em tempo real”.
Como ouvinte e participante ficou satisfeita com a mobilidade proporcionada pela
transmissão online, bem como com a possibilidade de armazenamento em podcast.
As falas desses alunos complementam os depoimentos dos professores. O
fato de ser a webrádio um excelente vetor de comunicação possibilita sua utilização
como uma interface (homem-máquina-divulgação) viável a qualquer instituição, por
ser de baixo custo e ainda atender à demanda de seu público-alvo, já que funciona
como uma micromídia de amplo alcance geográfico e com uma audiência
direcionada e segmentada, ou seja, não proporciona uma distribuição simultânea
para milhares de pessoas sintonizadas ao mesmo tempo, mas atinge uma

105

quantidade menor de ouvintes, interconectados entre si, favorecendo a propagação
de informações, produzindo grandes efeitos sociais, sem que haja controle do
Estado ou da grande mídia, quebrando assim, os “padrões estipulados pelas regras
das produções do mundo analógico” (SOARES et al, 2009).
O que antes era produzido por uma pessoa agora passa a ser realizado em
equipe e os desafios enfrentados coletivamente deslocam o enfoque do individual
para o social, para o político e para o ideológico. Desta forma, com a evolução
tecnológica, ocorrendo de maneira tão acelerada e transformadora, fica ainda mais
patente a carência de análise das várias possibilidades impostas pelo que Bauman
(2007, p.7) assevera sobre a passagem da modernidade sólida para a líquida: “(...)
as instituições sociais não podem mais manter sua forma por muito tempo, pois se
decompõem e se desenvolvem mais rápido que o tempo que leva para moldá-las”.

4.3 Ciência em sintonia e a montagem de webrádios

Em outubro de 2009, a autora deste estudo em sua participação no X
Congresso Brasileiro de Jornalismo Científico, evento promovido pela Associação
Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), com apoio da UFMG e da FAPEMIG,
pode confirmar que há anos se fala sobre a necessidade de divulgar ciência e
tecnologia por motivos diversos, inclusive o de dar à sociedade a satisfação de onde
tem sido empregado parte dos tributos pagos aos cofres públicos. Universidades do
país, como por exemplo a Unicamp, promovem cursos de especialização em
redação de artigos sobre ciência, para jornalistas e divulgadores. No entanto, a
impressão que se tem é que tal atividade continua engatinhando na sua função
primordial que é despertar no jovem o prazer da pesquisa científica.
Em meados de março de 2010, a FAPERJ, em parceria com a Fundação
Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e o Museu da Vida, lançou a publicação Ciência em
Sintonia – Guia para montar um programa de rádio sobre ciências, destinada a
escolas e comunidades interessadas em divulgar ciência por meio do rádio. O Guia
foi elaborado a partir de um trabalho desenvolvido, em 2009, numa escola municipal,
em comunidade de baixa renda no município de Niterói, Rio de Janeiro, cujo objetivo
principal era estimular o interesse dos jovens pela ciência e pela matemática. A
publicação,

disponibilizada

em

http://www.museudavida.fiocruz.br/media/ciencia

_em_sintonia_web2.pdf embora trate do rádio convencional, pode ser utilizada

106

também para nortear a elaboração de programas para a versão contemporânea da
referida mídia, a webrádio. Ela apresenta, em 10 lições, numa linguagem simples e
acessível a qualquer nível de ensino, as principais características do rádio e como
elaborar os programas.
Tais ações, certamente louváveis, ainda parecem incipientes e insuficientes
mediante a falta de apoio das instituições de ensino e dos órgãos públicos, sejam
eles de fomento, de ação social e/ou inclusão digital, ou da área da educação.
O apoio institucional é imprescindível na implementação e operacionalização
de webrádios universitárias. Só assim será possível o professor e o aluno planejar e
realizar um efetivo trabalho colaborativo. No entanto, há que se recomendar que a
emissora não seja apenas um laboratório de um departamento ou instituto
acadêmico. Deve ser ampla e plenamente utilizada por todos respeitando-se uma
hierarquia de coordenação e orientação feita por uma equipe multidisciplinar.
Finaliza-se este capítulo, com um quadro mostrando os principais itens a
serem observados para a montagem de uma webrádio e um outro, com os recursos
humanos necessário para sua operacionaização.

Quadro 14 – Principais itens a serem observados para a montagem de uma
webrádio

O quê ?
Servidor

Para quê ?
Gerenciamento dos dados

Computador com
conexão banda larga
Softwares de edição,
captação e
masterização de áudio
Mesa de som e
microfone
Software de
transmissão

Transmissão da
programação via internet
Para gravar, editar, e
agendar a programação

Sistema para
automação das
emissões de radio.
Site

Para gravar, editar e mixar
Transmitir via internet o
pacote de dados para
outros computadores.
Serve como player que
executa todo arquivo de
áudio.
Para comportar a interface
da webrádio.

Por quê ?
Para distribuir a rede a outros
computadores
Baixa velocidade não carrega
eficazmente o streming
Para que as transmissões possam
ser síncronas e assincronas
Proporciona uma melhor a qualidade
de gravação
Possibilita que o conteúdo exibido
no servidor seja compartilhado com
os demais usuários conectado.
Por que é através dele que é feita e
transmitido todo conteúdo em forma
de áudio.
É através do site que o interagente
vai ter acesso a webrádio.

Fonte: elaborado pela autora do estudo, baseado nos dados levantados para a implantação da
webrádio piloto, lançada no IV EPEAL (2009)

107

Os itens descritos acima são de custo relativamente baixo e de fácil
aquisição. Alguns, são parte integrante dos laboratórios das unidades acadêmicas,
como por exemplo: o servidor, o computador com conexão banda larga e a página
para hospedagem do link, o que facilita a disponibilização para a montagem da
emissora. Os softwares, em um primeiro momento, experimental, podem ser
“baixados” dos diversos sites que oferecem downloads livres.
Quanto aos recursos humanos, as universidades dispõem de todo o pessoal
necessário

para

a

organização,

implementação

e

manutenção

da

rádio.

Funcionando como laboratório, oferecendo estágios e bolsas de Programas de
Iniciação Científica, coordenado por uma equipe de professores multidisciplinar,
atendendo às diversas unidades acadêmicas, em prol da instituição.
Quadro 15 – Recursos humanos necessários para operacionalização
de uma webrádio
Quem ?

Qtd.

Para que ?

Professor

3

Coordenar as atividades

Técnico em TI

1

Questões técnicas de operacionalização

Estagiário de pedagogia

2

Verificar aspectos didáticos da programação

Estagiário de jornalismo

2

Elaborar/executar a grade de programação

Fonte: elaborado pela autora do estudo, baseado nos dados levantados no projeto Intercampus
e na webrádio piloto, lançada no IV EPEAL (2009)

Este capítulo apresentou os dados coletados para promover as reflexões
sobre a utilização de webrádios universitárias como expediente cognitivo para a
divulgação da produção científica. O estudo dos casos Intercampus UFPB e
Webrádio UFAL, emissora piloto lançada no IV EPEAL, gerou as proposições e
indicações expostas nesta pesquisa. Uma experiência viva, real e contextualizada
preparando para um trabalho posterior que poderá produzir novos conhecimentos.

108

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A junção do rádio hertizano à internet, mesmo que o surgimento do primeiro
tenha acontecido há aproximadamente um século, proporciona uma veiculação
direta, dirigida e segmentada, que aos olhos da autora deste estudo, poderá
contribuir para despertar ainda mais o interesse do público pelos assuntos
científicos. Os grandes jornais impressos já os incluíram em suas pautas e as TV já
elaboram, há vários anos e para diversas faixas etárias, programas sobre o fazer
científico. Agora é a vez do rádio, que em sua versão contemporânea, denominada
webrádio,

facilita

sobremaneira

extrapolar

os

muros

das

universidades,

proporcionando uma comunicação interagente e buscando seu espaço como
expediente cognitivo.
Ao levantar as referências bibliográficas e webgráficas que norteariam esta
pesquisa, foi comprovada a pouca e rara quantidade de material existente, sobre
webrádios no Brasil, tanto impresso, quanto disponibilizado na internet. Afunilando
ainda mais o levantamento, por se pretender que seja uma mídia universitária,
definindo o tipo de programação a ser prioritariamente veiculada, como a divulgação
da produção científica, quase nenhuma referência foi encontrada.
Sabe-se que trabalhar temas que agreguem valor ao cotidiano, como
diversidade biológica, diversidade cultural, o que é o efeito estufa, noções de
simples e complexo, ciência e democracia, sociedade e natureza, ação e reação,
relações de poder, entre tantos outros, faz da webrádio universitária uma peça
importante no processo ensino/aprendizagem, diminuindo o dualismo cultural e
econômico da sociedade. Portanto, este estudo procurou seguir uma perspectiva
exploratório-analítica, para oportunizar, da maneira mais completa e coerente
possível, os valores a serem considerados na implementação de webrádios
universitárias, mais precisamente da webrádio UFAL.
Por ser, o rádio, um veículo da transmissão direta e do tempo presente, que

109

atua como meio de informação e formação, ele vem se adaptando às mudanças
ocorridas com a modernidade, quebrando padrões estabelecidos pelas grandes
produtoras analógicas e mostrando que seu caminho, na internet, está apenas
começando, podendo ser considerado um elemento fundamental na construção de
uma nova cultura.
Sua possibilidade de interação síncronas e assíncronas, nos mais diversos
níveis, seu baixíssimo custo de montagem, uma vez que não existe ainda legislação
que regulamente o uso do ciberespaço para a transmissão das webrádios, bem
como os equipamentos a serem utilizados, dispensando a montagem de um estúdio,
são alguns dos atrativos que fazem da referida mídia o meio de comunicação mais
ouvido pelos jovens do mundo inteiro. Uma webrádio pode representar as técnicas
utilizadas para a recuperação, o armazenamento, o tratamento, a produção e a
disseminação da informação.” R
Nesse estudo, para fundamentar as discussões sobre a utilização da
webrádio como expediente cognitivo para a divulgação da produção científica, foram
abordadas questões relacionadas ao rádio e a educação superior no Brasil, os
incentivos/fomento à formação e capacitação de pessoal para a docência, bem
como para o desenvolvimento de pesquisas científicas. Contextualizou-se as
gerações da web, a linguagem radiofônica, o internetês, e as possibilidades de uso
da mídia rádio, em sua nova roupagem, conectada à internet.
Procurou-se verificar as questões relativas à EAD e a utilização da referida
mídia como ferramenta auxiliar aos softwares livres de apoio à aprendizagem e se a
divulgação científica realmente contribuiria para a democratização, promovendo uma
melhor compreensão do valor da ciência e do impacto causado no desenvolvimento
das nações, ou seja, se seria um expediente cognitivo para o processo de
ensino/aprendizagem.
Dois casos foram analisados para embasar a pesquisa, tratada e conduzida
como uma fase preparatória para uma investigação posterior, que poderá gerar
novos conhecimentos devido ao pluralismo da rede mundial de computadores: a
Webrádio Intercampus, da UFPB e a Webrádio UFAL.
Verificou-se que diferentemente da comunicação científica, aquela que é feita
entre os pares, a divulgação, também chamada de popularização da ciência, não
exige dados e nem análises profundas do objeto estudado e sim o resultado
encontrado: para que serve e qual o benefício trará à sociedade. Este tipo de

110

informação, muitas vezes é suficiente para despertar nos estudantes uma
necessidade de buscar mais dados sobre uma determinada matéria, abrindo
possibilidades para várias descobertas que possam balizar e direcionar seus
interesses acadêmico-profissionais.
A UFAL muito se beneficiaria com a implantação de uma webrádio. Tanto nos
cursos da modalidade a distância, quanto nos da modalidade presencial. As áreas
da Educação e da Comunicação poderiam juntas modificar o processo de
ensino/aprendizagem vigente, promovendo e coordenando as possíveis unidades
seguidores, na elaboração de programas.

É preciso ressaltar, no entanto, e

incessantemente, que sem um efetivo apoio institucional que ofereça uma
infraestrutura adequada e, também profissionais qualificados no interfaceamento
comunicação/educação, nenhuma ação promovida será efetivamente satisfatória.
Ao final deste estudo, afirma-se que ele é apenas um capítulo da história que
vem se desenhando sobre as quebras de paradigmas, as Tic e a nova versão do
rádio como expediente cognitivo para divulgação da produção científica, objetivando
despertar no jovem o interesse pela pesquisa. O potencial educativo contido na
referida mídia é de grande significância, pois trata-se de um instrumento de
democratização que pode proporcionar a formação do sujeito pesquisador, ou seja,
aquele no qual a curiosidade é a base de suas descobertas e a sistematização o
esteio do seu estudo, levando-o do senso comum ao método científico.

111

REFERÊNCIAS

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http://audiografia.blogspot.com/2008/12/linguagem-radiofnica-e-o-jornalismo.html.
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112

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la radio. Barcelona,;Gustavo Gili, 1981.
BLOIS, Marlene. Rádio educativo no Brasil: uma história em construção.
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