Unidade de Educação Infantil da Ufal se torna Colégio de Aplicação Telma Vitoria
Agora, passa a ter vinculação administrativa dentro da Secretaria de Educação Superior do MEC e pode participar do Projeto de Lei Orçamentária 2024
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Referência em educação de crianças menores de 6 anos de idade e de espaço para formação de profissionais da área, a Unidade de Educação Infantil Professora Telma Vitoria da Universidade Federal de Alagoas agora é, legalmente, um Colégio de Aplicação (CAP). A conquista foi efetivada por meio da Portaria nº 694 do Ministério da Educação (MEC) e comemorada pela comunidade acadêmica da Ufal.
“É uma alegria poder fazer parte desse momento como o primeiro diretor do Colégio de Aplicação Telma Vitoria. Destaco que tudo o que foi construído até aqui se trata de esforço coletivo do Centro de Educação (Cedu) e de sua gestão, do Setor de Estudos de Educação Infantil do Cedu, da gestão central da Universidade, da parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Maceió e do Comitê Gestor da unidade”, agradeceu Cleriston Izidro dos Anjos, diretor do CAP Telma Vitoria e professor do Cedu.
Ele também aproveita para reconhecer o empenho de “todos e todas que constroem o Colégio de Aplicação Telma Vitoria todos os dias: crianças e famílias, trabalhadores e trabalhadoras da cozinha, da limpeza, dos serviços administrativos, da equipe de saúde, assistência social e nutrição, professores e professoras, auxiliares, recreacionistas, seguranças, transporte, enfim, todos e todas que construíram conosco essa história nesses 38 anos de existência de nossa instituição de educação infantil”.
Os colégios de aplicação vinculados a universidades federais são espaços educacionais voltados para a educação básica. Além de atender crianças e suas famílias, visam ser um espaço de construção de saberes, práticas, didáticas e formas de gestão educacional inovadoras e que respeitem as crianças e seus processos, objetivando uma formação integral. Além disso, os locais têm como missão trabalhar na formação inicial, continuada e em serviço de professores e professoras, recebendo estagiários de diversas licenciaturas, bem como de outras áreas que atuam nos espaços educacionais, a exemplo de psicólogos, assistentes sociais e nutricionistas. Na rotina dos colégios de aplicação, ações de ensino, pesquisa e extensão devem estar articuladas.
Ao falar sobre a conquista, o diretor Cleriston Izidro dos Anjos destaca que “os colégios de aplicação são importantes espaços de acolhida de estágios, estudos e pesquisas de estudantes de graduação e de pós-graduação. Na Ufal, além de atender crianças e suas famílias, com qualidade, pretendemos que esse espaço, cada vez mais, produza conhecimento e projetos de interação com a comunidade, estreitando os laços entre o ensino superior e a educação básica”.
O professor Cleriston explica que em relação às atividades ofertadas ao público, no momento, “não haverá mudanças, pois inicialmente serão mantidas as turmas de educação infantil”, mas o que vai aumentar é “a responsabilidade no que se refere à vocação como espaço de ensino, pesquisa e extensão, o que, inclusive, faz parte da carreira de docentes EBTT [Ensino Básico, Técnico e Tecnológico]”, disse.
Ele informa que “a resolução nº 1, de 10 de março de 2011 [que fixa normas de funcionamento das unidades de Educação Infantil ligadas à Administração Pública Federal direta, suas autarquias e fundações], praticamente, tem as mesmas exigências da portaria dos colégios de aplicação. A diferença é que o Colégio de Aplicação Telma Vitoria – antigo Núcleo de Desenvolvimento Infantil e Unidade de Educação Infantil – terá autonomia para participar de programas federais referentes à formação, tais como Pibid [Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência], Residência Pedagógica e outros possíveis”.
Mais autonomia
Entre as principais mudanças ao se tornar um Colégio de Aplicação da Ufal, o diretor cita o fato de que, agora, a unidade “passa a estar com uma vinculação administrativa regulamentada dentro da Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC e pode participar do Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) 2024 com um orçamento específico para atender parte das demandas orçamentárias do local”.
Pelas especificidades de uma instituição que trabalha com crianças, o diretor Cleriston destaca que a contrapartida da Ufal continuará sendo necessária para manter o Colégio de Aplicação, mas que “poder contar com a inserção na PLOA 2024 será muito importante para a unidade”.
É só o começo…
A conquista de se tornar um Colégio de Aplicação não encerra o processo em busca de melhorias para a unidade. É isso que o diretor afirma ao destacar que “a luta não termina com a inserção na portaria”. Ele reforça que ainda “é preciso lutar pelo ingresso em outros possíveis programas federais que possam beneficiar o Colégio de Aplicação Telma Vitoria, lutar por vagas de concursos para mais profissionais para a unidade, pela construção de um novo prédio e pela ampliação do atendimento e, quem sabe um dia, oferecer também ensino fundamental e médio, ampliando o diálogo com as outras licenciaturas da Ufal”.
O professor Cleriston agradeceu à equipe do Sesu e falou que espera continuar recebendo o apoio necessário para que, de fato, o Colégio de Aplicação da Ufal “possa se constituir em um espaço educativo cada vez mais fortalecido de educação pública, gratuita, laica e de qualidade para todos e todas, desde bebês”.
E destaca: “Essas unidades contribuem para qualificar os cursos de formação docente na medida em que os estudantes têm a possibilidade de conhecer uma instituição de educação básica dentro da universidade, cujos profissionais da carreira docente atuam com ensino, pesquisa e extensão”.
Consciente de que gestões passam e que as instituições devem prevalecer, ele informa que, em breve, vai se despedir da gestão do Colégio de Aplicação Telma Vitoria para retornar ao Cedu, sua lotação de origem, mas diz que sai com a “certeza de que a equipe continuará realizando um trabalho educativo, que busca emancipar as crianças pequenas desde bebês, como aprendemos com Telma Vitoria”.
O diretor lembra que Telma Vitoria sempre foi uma defensora das crianças desde bebês, além de ser uma excelente formadora e uma profissional de escuta muito sensível. “Saber que nossa instituição carrega seu nome, é motivo de muita emoção e responsabilidade”, contou ele, ao lembrar que conviveu com Telma, que também foi docente do Cedu, diretora da unidade e deixou muitas contribuições para a educação infantil.
Histórico de tentativas e de mobilização coletiva
O caminho foi longo até chegar, finalmente, ao dia da publicação da portaria. Após um histórico anterior de negativas diante da solicitação de matriz orçamentária, o diretor conta que a Associação Nacional das Universidades Federais de Educação Infantil (Anuufei) reiniciou as negociações com o MEC no primeiro semestre de 2021. Em determinadas reuniões, diz o docente, a Anuufei contou com a participação da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
“Naquele momento, ficou acordado que a Anuufei enviaria, para a nossa e para outras unidades federais de educação infantil, duas planilhas: na primeira, seria realizado um levantamento do custo do funcionamento (planilha orçamentária) da unidade de educação infantil; na segunda planilha, um quadro demonstrativo em que foram mapeados os quantitativos de crianças atendidas, de docentes federais, de docentes de outros vínculos institucionais, de funcionários e de estudantes da graduação (estagiários)”, explicou.
Tais dados tinham como objetivo fornecer um panorama de cada unidade para o MEC. Como parte do processo, ainda foi preciso preencher um formulário informando se cada espaço atendia aos critérios para inserção na Portaria dos colégios de aplicação. “Uma das exigências era o processo de universalização das vagas”, explicou Cleriston dos Anjos.
“No segundo semestre de 2021, a professora Viviane Ache Cancian, presidente da Anuufei, protocolou os documentos das nove unidades vinculadas a universidade federais que solicitaram ingresso na portaria. Depois disso, algumas unidades entraram em diligência - como no caso da Ufal - para preenchimento dos critérios que a Universidade ainda não conseguia atender naquele momento”, revelou.
E completa: “Até o início do ano de 2022, a professora Idnelma Lima da Rocha, que estava no exercício da direção da unidade, participou das reuniões e acompanhou todo o processo representando nossa Unidade de Educação Infantil Professora Telma Vitoria”.
Cleriston dos Anjos assumiu a Unidade de Educação Infantil (UEI) da Ufal na segunda quinzena de fevereiro de 2022 e passou a integrar o movimento junto à Anuufei para que a UEI pudesse resolver as pendências para ingresso na portaria dos colégios de aplicação. Com pendências solucionadas e atendimento dos requisitos, a notícia do deferimento saiu em setembro deste ano.
“É importante destacar que, desde que assumi a gestão, passei a contar com o apoio de um Comitê Gestor - Elaine Delfino (Semed-Maceió), Charllane Assis (Semed-Maceió), Aline Ferreira (EBTT-Ufal), o que nos permitiu iniciar outros processos como a avaliação e a construção de uma cultura organizacional da unidade”, revelou.
Por fim, o diretor Cleriston agradece ao coletivo de profissionais do Cedu que, em plenária, deliberou pelo seu nome para estar na gestão da unidade durante esse tempo e pelas colaborações nas formações, encontros, eventos e atividades realizadas na unidade. “Agradeço, ainda, à Anuufei, coletivo potente liderado pela Viviane Cancian (UFSM), por todo o apoio e disposição em colaborar conosco”.
Emocionado, Cleriston dos Anjos agradece e destaca a acolhida dos profissionais do Colégio Telma Vitoria e destaca que o que foi construído até agora é resultado de trabalho coletivo de cada trabalhador e trabalhadora da unidade. “Aprendo todos os dias com os adultos e com as crianças de lá. Tem sido uma boa experiência voltar às origens de minha trajetória profissional”, afirmou o professor que, antes de se tornar pesquisador e docente da universidade, foi professor de educação infantil.
Fonte: ASCOM / UFAL